Salada de frutas

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POV S/n

Estava no horário de banho após o café da manhã, e quando acabei meu banho, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha.

Me sentei no banco do banheiro, e assim que pego o meu creme corporal na nécessaire, sinto alguém se sentando perto de mim, olho pro lado, e vejo que é Anabel.

– Oi lindinha, você está bem? – Ela me pergunta, com uma expressão de pena. – Eu soube que as coisas não foram muito bem no julgamento, sinto muito que não tenha conseguido provar sua inocência.

– Ah, eu acho que eu estou lidando melhor por ter pelo menos tentado, assim posso descartar falsas esperanças. – Dou um sorriso tímido. – Mas muito obrigada pelo o advogado!

– De nada, meu bem. – Ela fica me olhando. – E quando você vai poder me pagar?

A olho confusa.

– Acho que daqui umas semanas. – Respondo, meio insegura.

– Bem, então acho que vamos ter que começar aquele nosso negócio.

Fico perdida.

– Negócio? – Pergunto.

– Sim, você sabe. Você vai fazer alguns favores pra mim, pra poder ir pagando as suas dívidas, até ter o dinheiro.

Confesso que isso me deixou com medo, não sei onde Zulema se meteu, mas ela sempre toma banho antes de todo mundo.

Saray estava em um dos chuveiros com Cachinhos, então não acho conveniente da minha parte ir chamar ela.

– Eu pensei que podia pagar até o mês que vem. Se eu soubesse que você precisava antes, eu teria dado um jeito de conseguir. – Respondo, calmamente.

– Ah, isso... – Ela ri, e fica séria logo em seguida. – Isso foi antes de você virar amiguinha inseparável da Zulema.

– Mas qual o problema? – Queria a entender.

– O problema, S/n, é que você encheu a boca falando que não estava aberta a amizades, e do nada, aparece grudada naquela Árabe e na Cigana, pra cima e pra baixo. Um lindo trio.

– É que elas são minhas companheiras de cela, eu não tive muitas escolhas...

– E como você me explica a festança com as outras detentas lá no pátio, ontem? – Anabel questiona. – Sabe, eu pensei que a gente pudesse ser amigas, mas podia ter me dito a verdade, era só me falar que a única amizade que não queria, era a minha.

– Anabel, calma! Não é bem assim. A Saray me chamou pra dançar, e eu aceitei.  – Digo, calmamente.

– Não! É bem assim, sim. Eu já vi você com elas no café da manhã, no almoço, na sala de jogos, no pátio... – Anabel rebate.

De todas as pessoas desse presídio, não imaginava que essa fosse a mais carente.

– Você está certa, estou me soltando mais esses dias, mas você podia ter vindo falar comigo quando percebeu, eu iria te receber com a mesma simpatia.

– Olha, eu não vejo nenhum problema em você ter outras amigas, de verdade. – Anabel fala, com convicção.

– Ok, tudo bem. Então quer almoçar comigo hoje? – Ofereço, porquê não sabia mais o que falar pra ela parar de fazer drama.

Anabel dá uma risada, que me pareceu sarcástica.

– Você não entendeu.

Não sei onde essa mulher quer chegar.

– Então me explica. – Peço, calmamente.

– É, Anabel, explica. – Ouço a voz de Zulema, e suspiro aliviada.

Vis A Vis: Mi LibertadOnde histórias criam vida. Descubra agora