CAPÍTULO 03

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Emma Romano

Estou no jardim com Lorenzo e Sofia, aproveitando o momento de paz que se tornaram constantes em minha vida desde a morte de Andrea, às vezes acho que sou um ser humano horrível por agradecer todos os dias a morte dele, tenho vontade de ir no local do acidente e abraçar o poste e dizer, muito obrigado, você salvou a minha vida.

—Mama! Olha — Escuto Lorenzo me chamar e apontar pra pequena Borboleta em sua mão.

— E linda filho, agora solte ela, para que ela possa voar! — Meu filho obedece e solta a Borboleta, dou um beijo em sua cabeça enquanto vejo Sofia correr pela grama.
Está tudo tão calmo, são seis meses de paz e tranquilidade, minha mãe sempre dizia que a calma precede a tempestades.

Escuto um carro se aproximando da entrada e vejo que é Antônio, o irmão de Andrea, meu corpo inteiro se retensa, faço um sinal que Lorenzo já conhece, ele pega Sofia e vai para dentro de casa.

Não via Antônio desde o velório de Andrea, segundo ele enquanto não arrumasse um marido para mim eu poderia continuar na casa, com os meus filhos, já que a partir de agora somos responsabilidade dele, é ele já deixou claro que assim que aparecesse alguém interessado me empurraria, sem pensar duas vezes.
Ele se aproxima, em um terno elegante, olhos azuis iguais aos de Andrea, que fazem um tremor passar pelo meu corpo.

— Emma — me comprimenta, sem esconder a colera, ele nunca gostou de mim, depois da morte de Andrea parece ter aumentado seu ódio por mim.

— Antonio! — Devolvo o cumprimento dele — precisa de algo? você nunca vem aqui —perguntou sem rodeios, ele não viria aqui pra ver como eu é os sobrinhos estamos, além de ser um caporegime ocupado ele não se daria ao trabalho de uma visita de cortesia.

— Está certa, vim porquê, talvez possa surgir uma oportunidade de casamento para você. — Medo me atinge, casamento, sabia que Antônio estava procurando um noivo para mim, só não sabia que seria tão rápido encontrar, sou viúva com dois filhos e também tem pouco tempo que enviuvei.
— Mas só tem seis meses que seu irmão faleceu, quem se interessaria por uma viúva com dois filhos pequenos? — Pergunto para ele que me dá um sorriso presunçoso.

—Você não é de se jogar fora Emma, apesar do defeito na sua mão você continua linda — fala apontando para minha mão, perdi oitenta por cento dos movimentos da mão direita, na noite em que Andréa morreu, ele causou a ruptura do ligamento da minha mão, como foi muito forte a pancada não consegui recuperar cem por cento dos movimentos, é visível, mas não me incomoda. — É além do mais as crianças não são um problema, não tenho filhos, irei treinar Lorenzo para assumir minha posição de caporegime, Sofia também será de minha responsabilidade. — Arregalos os olhos, eu nunca tinha pensado que ele poderia tirar meus filhos de mim.

— Mas eles são meus filhos, onde eu for eles irão comigo — Ele concorda com a cabeça, o que me dá certo alívio.

— Eu iria arrumar um casamento para você aqui mesmo, para que você continuasse a conviver com eles, mas hoje o Capo me ligou, vamos retomar o acordo de paz com a Cosa Nostra, e para firmar o acordo terá um casamento, o consigliere e irmão do capo da Cosa Nostra vai vir em amanhã escolher uma noiva. — Isso não é possível, eu jamais serei a escolhida.

—Mas ele não vai me escolher, há moças pura na família, porque ele escolheria? uma viúva? E ainda mais com bagagem? — Ele sorri para mim, e a resposta dele faz tudo dentro de mim se revirar.

—Não seja tola, já falei que as crianças não serão um problema, eles ficarão comigo. - dou dois passos para trás, não acredito no que acabei de ouvir. —E sim, é loucura ele querer os restos de outra pessoa, mas segundo o capo me passou ele não quer uma esposa jovem de mais, e disse não se importa se for viúva, por tanto você irá amanhã no jantar, se ele te escolher você irá se mudar para a Sicília. — Olho para Antônio querendo socar a sua cara.

— Ele não vai me escolher, mas se acontecer eu não saio daqui sem meus filhos, nunca vou me separar deles Antônio, ninguém tem o direito de tirar eles de mim.— Grito toda minha indignação, ele avança em mim e segura meu queixo com força e cospe suas palavras.

— Já se esqueceu como as coisas funcionam cunhadinha, só não vou refrescar sua memória porque a quero inteira amanhã, se ele não te escolher a sua insubordinação não passará despercebida — ameaça- me solta meu queixo e sai, fico parada estática sento no chão e começo a chorar.

—Desgraçado! Odeio os Romanos - grito, chorando toda minha raiva, eu não posso ficar sem os meu filhos, um casamento já é ruim, e sem os meus filhos eu não suportaria.

Ouço passos e olho para ver se é Lorenzo, mas não, é Olivia, ela trabalha conosco desde que me mudei, ela é americana, foi acolhida aqui com sua mãe depois da morte de seu pai, um soldado leal da Calábria.

—Senhora Emma, o que houve? Escutei a senhora gritar — pergunta-me aflita, olho pra ela seus olhos demonstram apreensão, não escondo nada de Olivia, no começo achei que Andréa a colocou pra me vigiar, mas a desconfiança caiu por terra com a nossa convivência, ela se tornou uma amiga.

—Ele quer que eu vá a um jantar amanhã, o consigliere da Cosa Nostra vai escolher uma esposa, ele quer que eu esteja lá! —sem conseguir segurar o choro desabo novamente.

— Mas não há oque temer senhora, ele nem irá olhá-la, ele vai escolher uma moça pura de uma família do alto escalão. — Olho pra ela.

—Eu também pensei, pensei que ele não queria uma viúva, mas Antônio disse que ele não quer uma esposa jovem, e que é provável que escolha uma viúva — Sinto os braços de Emma em volta da minha cintura.

—Eu sinto muito, Emma. —diz enquanto me abraça

— Sabe oq e pior oli? é que se o Colombo me escolher eu vou ser separada dos meus filhos, eu não vou suportar, olivia. — Falo entre soluços, o que aperta mais a angústia em meu peito.

—Não sofra por antecipação senhora, nem sabemos se o consiglieri vai escolhe-la. — Diz tentado me acalmar

—Você tem razão, quando ele olhar para minha mão desistirá — Nunca pensei que diria isso mais obrigado Andrea, pelo menos para esse propósito a falta de movimentos na minha servirá — Obrigado, Olivia, não sei oq teria sido de mim todos esses anos sem você — Olivia fez mais do que me ouvir durante esses anos, ela cuidava de mim quando Andrea perdia o controle, e tomava conta dos meus filhos quando eu mal conseguia levantar da cama.

Sigo para dentro de casa, quando entro vou certo na lavanderia, onde encontro Lorenzo e Sofia sentados me esperando.

—Já pode sair mama? —Sofia pergunta, pra ela se esconder na lavanderia era pique esconde.

— Sim meu amor, vamos! — Chamo os dois que se levantam e vem até mim.

—Hoje não demorou mama, papa já saiu? — olho para Lorenzo que me olha meio desconfiado.

—Não era o papa, ele se foi, não voltará nunca mais. Era o seu tio, mas ele já foi embora — Falo pra ele enquanto saímos da lavanderia.

Eu prometi aos meus filhos que nunca mais eles teriam que se esconder, hoje só era para Lorenzo ter entrado em casa com irmã, mas ele achou que era o seu pai chegando...

O Amor De Carlo, o Consigliere Onde histórias criam vida. Descubra agora