Alexa foi sentar-se à mesa da varanda com o laptop à sua frente e um monte de papeis espalhados. À medida que trabalhava, a garrafa térmica contendo café ia esvaziando. Ao mesmo tempo ouvia as notícias que passavam na televisão através da porta larga de vidro que dividia os dois cômodos.
Concluiu a tradução do livro no qual estava trabalhando, levantou e foi preparar alguma coisa para comer. Quando sentou à mesa com uma travessa de macarronada parou de fingir para si mesma e deixou as lágrimas rolarem pelas bochechas. Estava com muita saudade do filho. Aquela era a comida preferida dele e sempre que ela colocava macarronada no seu prato Lucas dava um olhar significativo que ela compreendia bem. Ele não falava, mas ela o entendia, sabia o que ele sentia, o que queria, percebia quando estava feliz ou triste.
No dia em que ele nasceu, ela chorou de alegria. O amor que sentiu não se comparava a nada que já experimentara antes. Aquele filho era tudo para ela e Alexa tinha medo de pensar no que poderia estar acontecendo com ele naquele momento.
Um dia prometeu para si mesma que seria o oposto da sua mãe e planejou para Lucas uma vida diferente da sua. Procurou dar para ele tudo o que não teve: amor, carinho, atenção, mas naquele dia...
Por que tinha que atender o maldito telefone tocando dentro da bolsa? E como foi deixar que o filho desaparecesse assim diante dos seus olhos?
De repente uma notícia no telejornal chamou a sua atenção e não lhe fez bem. Seu estômago se contorceu, sentiu várias pontadas na cabeça e tremores no corpo. Levantou da mesa às pressas e correu para tomar os comprimidos.
Saber que Lorenzo Ercolani daria uma festa aquela noite era no mínimo revoltante. Como ela queria poder estar lá e arrancar o sorriso cínico e arrogante daquele filho da puta! Ah, mas ele não perdia por esperar, porque ela não descansaria enquanto não o colocasse no lugar que ele merecia.
Alexa pegou a bolsa e saiu. Meia hora depois estava em um bar pedindo uma bebida no balcão.
— Um martini de maçã, por favor!
Ela colocou a bolsa no banquinho ao lado, fincou os cotovelos no balcão do bar e entrelaçou os dedos enquanto esperava a bebida. Olhou ao redor; o bar estava lotado, contudo o ambiente era calmo, tranquilo.
Não era uma pessoa de hábitos noturnos, no entanto ali estava ela, sentada em um bar bebendo sozinha numa noite de sábado. O barman serviu o martini na taça e foi atender outra pessoa que havia acabado de chegar e sentara-se próximo a ela.
Alexa tomou a bebida em dois goles e pediu outra. Olhava para frente, para o vazio, mas não se sentia relaxada. O barman serviu a bebida, pôs diante dela e passou o pano no balcão.
— Dia difícil?
Diante daquela voz grossa e meio rouca ela imediatamente olhou para o lado. O homem que estava sentado no banco logo depois da sua bolsa aparentava uns trinta e poucos anos e tinha olhos intensos e cinzentos que combinavam com os cabelos castanhos e lisos bem cortados.
Depois de analisá-lo por alguns instantes, ela virou-se para frente e ficou olhando as garrafas nas prateleiras. Apesar de o homem ser muito bonito, não sentiu vontade de responder à pergunta dele.
— O meu dia foi bem difícil; estou precisando beber — o homem sorriu e levantou o copo na direção dela antes de tomar o primeiro gole. Ele tinha um belo sorriso.
Ela baixou o olhar fixando-o na bebida e passou os dedos na borda da taça.
— Sou Dylan; Dylan Damon.
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Cobaia 52
Mystery / ThrillerEla casa com um cientista bilionário, louco e perverso, herdeiro de uma empresa farmacêutica multinacional. É mantida prisioneira numa ilha durante quatro anos, usada como cobaia em um experimento científico e tem a sua saúde física e mental desesta...