Capítulo- 25

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Em seu apartamento, Dylan estava debruçado sobre a mesa, olhando para o computador com o dedo vacilando entre enviar ou não a mensagem. Tomado pela indecisão, resolveu dar um tempo para pensar melhor e quando fez menção de levantar derrubou sem querer a caixa de objetos pessoais que estava sobre a mesa, espalhando papéis e fotografias.

Abaixou-se e pegou a foto que lhe chamou atenção. A fotografia mostrava a imagem dele e de uma moça ruiva de cabelos cacheados e longos, ambos usando trajes de banho. Foi tirada a alguns anos quando ele e Mary Ann viajaram para Cancún.

Dylan havia eliminado todos os objetos que lhe traziam recordações dela, menos aquela foto; foi a única coisa que não conseguiu se desfazer.

Naquele momento ele não pôde evitar as lembranças de três dias atrás quando precisou tomar a decisão mais difícil da sua vida.

E tudo começou às duas da tarde.

***

Desde que acordara naquela manhã tenebrosa e cinzenta, Dylan percebeu-se diferente, estranho, com uma sensação esquisita lhe esmagando o peito, causando-lhe náuseas. Sentia um gosto ruim vindo do estômago para a boca e uma dor de cabeça tão forte que o estava enlouquecendo.

Não era uma pessoa supersticiosa, mas a última vez que se sentiu assim foi um pouco antes de receber a notícia da morte dos pais.

Olhou pela janela da cozinha. A chuva batia forte na vidraça. Voltou a deitar porque a dor de cabeça estava insuportável.

***

Às duas horas em ponto o telefone tocou. Dylan saiu do banheiro enrolado numa toalha, pegou o aparelho que estava sobre a cama e atendeu.

— Alô?

Ouviu uma voz feminina do outro lado da linha:

— Senhor Damon, aqui é a doutora Sarah Hoover. Preciso que venha ao hospital imediatamente.

— Aconteceu alguma coisa? A Mary Ann acordou? — perguntou dominado pela ansiedade.

— Ela não acordou, senhor Damon. Mas preciso que venha logo.

Dylan entrou no carro e se dirigiu para o hospital. Os cinquenta minutos de viagem pelo asfalto deu espaço para que ele relembrasse a sua história com Mary Ann.

Se conheciam desde a infância, eram vizinhos. À medida que foram crescendo descobriram-se apaixonados, ele com quinze anos e ela com catorze. Mary Ann não tinha pai, a mãe trabalhava como recepcionista numa clínica e ela passava a maior parte do tempo na casa de Dylan. Quando a mãe dela morreu, Mary Ann passou a morar definitivamente na casa dos pais dele.

Logo depois Dylan entrou para o exército, lutou na guerra e quando retornou ficaram noivos. Mas tudo começou a dar errado quando o pessoal da agência começou a sondá-lo, a fim de recrutá-lo como agente secreto. Viram o seu potencial quando ele estava na guerra e precisavam de alguém destemido, corajoso e que não tivesse nada a perder, então assassinaram os seus pais quando estes saíam do mercado. Foi tudo tão sutil e bem feito que a polícia deduziu que tivesse sido um simples assalto.

Tempos depois provocaram o acidente de Mary Ann quando ela voltava da faculdade. Eles a perseguiram na estrada, o carro desgovernou e caiu numa ribanceira. Ela teve um trauma forte na cabeça e ficou em coma.

Dylan foi convocado pela agência e somente depois que fugiu como desertor, ficou sabendo que eles eram os responsáveis pelas suas perdas e que usaram a sua dor para recrutá-lo.

Desfez-se dos pensamentos quando avistou o portão do hospital.

A doutora Sarah Hoover, neurocirurgiã que estava acompanhando Mary Ann, o esperava na recepção e o conduziu até o quarto onde ela estava entubada.

Cobaia 52Onde histórias criam vida. Descubra agora