Alexa dirigia de volta para casa observando o filho pelo retrovisor interno. Havia sido uma noite difícil. Lucas teve uma convulsão violenta, ela até pensou que iria perdê-lo e quase ficou louca. Tudo o que lembrava foi que pegou o filho nos braços, o jogou dentro do carro e chegou ao hospital gritando. Imediatamente surgiram macas e o garoto foi atendido. Depois dos exames o médico explicou que o nível de estresse dele estava muito alto.
Parou no sinal, contrariada, desejando chegar logo em casa, com o cérebro formigando, sentindo-se culpada. Gostaria tanto de ver o filho fazer travessuras, como ficar durante horas no computador com o dever de casa esquecido. Tudo o que não queria era vê-lo sempre sentado na cama jogando o corpo para frente e para trás num ato contínuo demonstrando um desejo obsessivo pela manutenção da mesmice.
Passou a mão nas bochechas enxugando as lágrimas teimosas que desceram. Estava exausta de guardar segredos e sentir medo o tempo todo. Sentia o peso do fardo que carregava deixando-a impotente e à beira do esgotamento físico. Pensou que assim que recuperasse o filho tudo ficaria bem, mas como iria ficar tranquila se o sequestrador ainda estava por aí sem a devida punição?
A chuva havia passado. Alexa estacionou ao longo do meio-fio, tirou Lucas do carro e o conduziu no colo. Encontrou Dylan na frente do prédio.
— Oi — ele falou tentando disfarçar o sorriso de contentamento.
— Oi — ela respondeu sentindo-se feliz em vê-lo.
Subiram o lance de escadas juntos. Dylan ficou na sala enquanto Alexa atravessou o cômodo e se dirigiu para o quarto. Depois que colocou o filho na cama com proteção, retornou para a sala e percebeu que Dylan não estava mais lá. Abriu a porta e o viu começando a descer os degraus.
— Já está indo embora? — perguntou, um pouco decepcionada.
Dylan parou, em seguida caminhou na sua direção.
— Só queria saber se vocês dois estavam bem.
Alexa sentiu uma tristeza repentina e o encarou. Alguma coisa na sua expressão facial chamou a atenção de Dylan porque ele comentou com os olhos cinzentos fixos nela:
— Você não parece estar bem.
Ela reagiu com raiva:
— Estou ótima! Não preciso de você, não preciso de ninguém.
Em seguida tocou na maçaneta da porta e fez menção de entrar, mas Dylan a segurou pelo braço.
— Espera!
Alexa o empurrou com violência, mas ele a puxou para um abraço apertado enquanto ela chorava copiosamente com o rosto escondido no peito dele.
— O que há de errado comigo? — perguntou ela em meio às lágrimas.
— Não há nada errado com você. Venha, precisa descansar.
Alexa deixou que ele a conduzisse até o quarto, a colocasse na cama e puxasse o lençol sobre o seu corpo. Ela ficou deitada de lado, de costas para a porta e quando sentiu os passos dele se afastando, disse sem se virar:
— Fica comigo até eu dormir?
Dylan não respondeu. Houve um longo silêncio e Alexa pensou que ele tivesse ido embora, mas de repente o colchão afundou e ela sentiu o corpo dele acomodar-se ao seu lado. Então fechou os olhos e dormiu.
***
Dylan escreveu um bilhete para Alexa e deixou na mesinha de cabeceira enquanto ela dormia, em seguida saiu devagarinho.
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Cobaia 52
Mystery / ThrillerEla casa com um cientista bilionário, louco e perverso, herdeiro de uma empresa farmacêutica multinacional. É mantida prisioneira numa ilha durante quatro anos, usada como cobaia em um experimento científico e tem a sua saúde física e mental desesta...