Sunset Beach
Lina estava na sala com uma taça de gim tônica olhando pela janela e viu o momento em que o inquilino estacionou o carro e caminhou em direção à sua casa.
Naquele final de tarde o céu estava riscado de tons vermelhos e alaranjados com alguns traços de um roxo muito vivo, enquanto o sol insistia em reluzir sobre a casa localizada no alto das dunas.
Quando o marido de Lina morreu há três anos deixou-lhe aquela casa. Era uma construção de dois andares e ela alugava quartos, não que precisasse, pois recebia uma boa pensão do falecido, mas não gostava da solidão e ter pessoas em casa trazia alegria ao seu coração fleumático.
Houve um tempo em que tivera muitos inquilinos de uma vez só, mas as coisas mudaram. Depois que os grandes hotéis à beira-mar foram construídos ninguém mais queria ficar hospedado numa residência.
E naquele início de verão só apareceu um inquilino para ocupar aquela casa tão grande. E para seu azar parecia que o homem não era muito sociável; nunca comia com ela e Lina muitas vezes tinha que subir até o segundo andar com o almoço ou o jantar, recebendo a porta na cara depois que lhe entregava a refeição. Quanto mistério!
Mas ele era atraente; tinha boa estatura e apesar do boné e da barba espessa que escondiam boa parte do rosto, o seu olhar era profundo e intenso. De certo que era um pouco esquisito e se vestia de maneira estranha, sempre com calças e camisas largas demais, contudo Lina estava tão carente que naquele momento qualquer homem servia para uma noite de sexo.
Depois que o marido morreu não se relacionou com mais ninguém. Ainda era jovem, só tinha trinta e quatro anos, era bonita e possuía um corpo bastante desejável, além de estar com todos os hormônios em ebulição. Mas como viúva de um pregador do evangelho precisava reprimir os seus instintos lascivos enquanto não encontrasse um homem disposto a assinar uma certidão de casamento. Só que ela desejava se apaixonar primeiro e não ter que aceitar qualquer homem apenas para constituir um matrimônio.
Todavia aquela penitência estava sendo dolorosa demais e seu corpo reclamava. Sentia falta das mãos de um homem passeando no seu corpo, de uma boca quente engolindo a sua, de dedos nervosos comprimindo a sua pele.
Naquele momento o homem que dizia se chamar Blake abriu a porta da sala e Lina o encarou. Ele deu boa noite e ia subindo, quando ela o interpelou:
— Está com fome, senhor Blake?
— Não, obrigado.
O homem respondeu secamente e fez menção de voltar a subir os degraus, mas parou quando Lina perguntou sensualmente:
— Quer fazer companhia a uma mulher solitária?
— Sinto muito, mas estou cansado.
Ela se aproximou com a bebida na mão, sempre o encarando.
— Você não é muito de falar, não é? — chegou bem perto do rosto dele. — Deixa eu te contar um segredo: a minha cama é bem confortável.
O homem sempre de cabeça baixa respondeu:
— Obrigado, mas estou indisposto.
— Posso lhe fazer uma massagem muito estimulante.
Ela tocou no ombro dele de maneira provocante e o homem recuou um passo. Àquela altura dos acontecimentos, Lina já havia tomado algumas taças de gim e com o cérebro dominado pelo efeito da bebida, ela encontrou coragem e ousadia para dizer coisas que normalmente não diria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cobaia 52
Mystery / ThrillerEla casa com um cientista bilionário, louco e perverso, herdeiro de uma empresa farmacêutica multinacional. É mantida prisioneira numa ilha durante quatro anos, usada como cobaia em um experimento científico e tem a sua saúde física e mental desesta...