Alexa havia prometido para si mesma não voltar mais ao escritório do detetive Roberto de Sica e lá estava ela andando pelo corredor do prédio velho cheirando a mofo com uma sacola enorme e uma bolsa a tiracolo. Havia decidido que assim que saísse da sala dele iria procurar uma casa ou apartamento para alugar. Pretendia ir para algum lugar bem longe e ficar escondida investigando o desaparecimento do filho.
Antes que ela batesse à porta o detetive abriu.
— Oi, Alexa.
— Oi, Roberto.
Ele a conduziu para o interior da segunda sala, indicou uma cadeira e sentou-se atrás de uma mesa cheia de papéis.
— Está pronta? — o detetive perguntou.
— Sim — respondeu ela depositando a sacola grande no chão.
Roberto tirou de dentro de um saco transparente um urso de pelúcia velho com um olho arrancado.
— A polícia invadiu a casa de um conhecido sequestrador de crianças e encontrou muitos artigos infantis. Os objetos das crianças desaparecidas ficaram na delegacia à disposição dos familiares e assim que cheguei lá identifiquei o urso do seu filho por causa de uma foto que você me enviou em que o seu garoto aparecia abraçando o brinquedo.
Ela o pegou com mãos trêmulas e lágrimas brotaram dos seus olhos.
— Ele não dorme sem esse urso — murmurou baixinho.
Depois de uma longa contemplação ela voltou-se para Roberto e perguntou:
— E o meu filho? Onde está?
— Não havia crianças no local, só os objetos delas.
— Parece um pesadelo! E o sequestrador?
— Houve trocas de tiros e o sequestrador morreu no local. A polícia acredita que o homem seja só a parte pequena do negócio e que a venda final de crianças deva ficar com os "grandes".
— Venda de crianças? Como assim?
— Estou falando de tráfico humano, Alexa.
— Oh! Deus! Isso não pode estar acontecendo!
Alexa ficou com dificuldades para respirar e massageou o peito, arfando. Subitamente perdeu a concentração e a voz do detetive foi ficando muito distante sendo substituída por um zumbido estranho no ouvido. Ela levantou e caminhou em direção à porta de saída como se estivesse hipnotizada e de repente tudo escureceu ao seu redor.
***
Quando abriu os olhos percebeu que estava numa cama estranha, em um quarto que nunca havia estado antes. Ouviu barulho num cômodo próximo, levantou um pouco tonta e parou segurando no batente da porta do quarto. O detetive apareceu e a amparou colocando-a sentada na cama, em seguida voltou para a cozinha e logo retornou com uma caneca contendo um liquido fumegante.
— Beba, vai se sentir melhor.
— Obrigada.
— E quanto ao seu filho, nós vamos encontrá-lo, eu prometo.
Alexa assentiu com a cabeça, incapaz de falar qualquer coisa sobre o assunto.
— Escute, vou ter que sair agora, mas você pode ficar o tempo que quiser, até se sentir melhor. Sua bagagem está ali ao lado da cama. Agora descanse.
***
Alexa chamou um taxi na frente do prédio velho onde o detetive morava. Enquanto o taxista dirigia em alta velocidade ela tentava conectar os pontos soltos: o sequestrador de crianças, os Ercolani, Dylan. Qual era a ligação daquilo tudo? Nada fazia sentido para ela.
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Cobaia 52
Mystery / ThrillerEla casa com um cientista bilionário, louco e perverso, herdeiro de uma empresa farmacêutica multinacional. É mantida prisioneira numa ilha durante quatro anos, usada como cobaia em um experimento científico e tem a sua saúde física e mental desesta...