Capítulo- 17

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Alexa havia prometido para si mesma não voltar mais ao escritório do detetive Roberto de Sica e lá estava ela andando pelo corredor do prédio velho cheirando a mofo com uma sacola enorme e uma bolsa a tiracolo. Havia decidido que assim que saísse da sala dele iria procurar uma casa ou apartamento para alugar. Pretendia ir para algum lugar bem longe e ficar escondida investigando o desaparecimento do filho.

Antes que ela batesse à porta o detetive abriu.

— Oi, Alexa.

— Oi, Roberto.

Ele a conduziu para o interior da segunda sala, indicou uma cadeira e sentou-se atrás de uma mesa cheia de papéis.

— Está pronta? — o detetive perguntou.

— Sim — respondeu ela depositando a sacola grande no chão.

Roberto tirou de dentro de um saco transparente um urso de pelúcia velho com um olho arrancado.

— A polícia invadiu a casa de um conhecido sequestrador de crianças e encontrou muitos artigos infantis. Os objetos das crianças desaparecidas ficaram na delegacia à disposição dos familiares e assim que cheguei lá identifiquei o urso do seu filho por causa de uma foto que você me enviou em que o seu garoto aparecia abraçando o brinquedo.

Ela o pegou com mãos trêmulas e lágrimas brotaram dos seus olhos.

— Ele não dorme sem esse urso — murmurou baixinho.

Depois de uma longa contemplação ela voltou-se para Roberto e perguntou:

— E o meu filho? Onde está?

— Não havia crianças no local, só os objetos delas.

— Parece um pesadelo! E o sequestrador?

— Houve trocas de tiros e o sequestrador morreu no local. A polícia acredita que o homem seja só a parte pequena do negócio e que a venda final de crianças deva ficar com os "grandes".

— Venda de crianças? Como assim?

— Estou falando de tráfico humano, Alexa.

— Oh! Deus! Isso não pode estar acontecendo!

Alexa ficou com dificuldades para respirar e massageou o peito, arfando. Subitamente perdeu a concentração e a voz do detetive foi ficando muito distante sendo substituída por um zumbido estranho no ouvido. Ela levantou e caminhou em direção à porta de saída como se estivesse hipnotizada e de repente tudo escureceu ao seu redor.

***

Quando abriu os olhos percebeu que estava numa cama estranha, em um quarto que nunca havia estado antes. Ouviu barulho num cômodo próximo, levantou um pouco tonta e parou segurando no batente da porta do quarto. O detetive apareceu e a amparou colocando-a sentada na cama, em seguida voltou para a cozinha e logo retornou com uma caneca contendo um liquido fumegante.

— Beba, vai se sentir melhor.

— Obrigada.

— E quanto ao seu filho, nós vamos encontrá-lo, eu prometo.

Alexa assentiu com a cabeça, incapaz de falar qualquer coisa sobre o assunto.

— Escute, vou ter que sair agora, mas você pode ficar o tempo que quiser, até se sentir melhor. Sua bagagem está ali ao lado da cama. Agora descanse.

***

Alexa chamou um taxi na frente do prédio velho onde o detetive morava. Enquanto o taxista dirigia em alta velocidade ela tentava conectar os pontos soltos: o sequestrador de crianças, os Ercolani, Dylan. Qual era a ligação daquilo tudo? Nada fazia sentido para ela.

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