Capítulo- 15

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Alexa ainda estava atordoada, andando no quarto de Dylan de um lado para o outro, quando ouviu um barulho na fechadura da porta da frente. Imediatamente pôs a fotografia no lugar e colocou o fundo falso da gaveta, em seguida guardou todos os papéis o mais rápido que pôde, trancou, devolveu a chave na última gaveta e sem saber o que fazer correu para a cozinha.

Ela fingiu estar lavando copos quando Dylan chegou com um saco de compras que depositou sobre a mesa da cozinha.

— Trouxe vinho branco — ele falou.

Alexa enxugou as mãos no pano de prato, virou-se para ele e disse bruscamente:

— Preciso ir.

— Por quê? — perguntou ele encarando-a.

— Estou cansada.

— Logo hoje, não quer ficar comigo?

— Não posso — respondeu ela, desconfiada.

— Vou cozinhar. Queria que você provasse a minha comida.

Ele a encarava, ela baixou os olhos. Houve um silêncio farto e desconfortável. Em seguida Dylan falou:

— Por que eu tenho a impressão de que você está tentando fugir de mim?

— Eu? Fugir de você? Claro que não! Que bobagem!

Dylan colocou o vinho sobre a pia e pegou uma faca grande que brilhava como um espelho. Ficou com o instrumento cortante apontado para cima, em seguida colocou o filé sobre a bancada e começou a fatiá-lo.

Apavorada, Alexa se encolheu entre a pia e a geladeira. Em um dado momento, Dylan parou de cortar o filé e a encarou.

— O que foi? — ela perguntou, sentindo-se bastante desconfortável.

— Nada, estou só te olhando. Hoje você é minha convidada especial.

Alexa teve a nítida impressão de que aquilo não era um convite e sim uma ordem. Sem ter um plano B ela se viu sem saída. Tentou sorrir, mas estava tensa demais e as lágrimas se avolumaram em seus olhos. Sentiu a boca seca e um tremor incontrolável se apoderou de suas mãos.

Para disfarçar seu nervosismo pegou uma tábua e começou a picar os legumes com uma faca pequena, sempre o observando com o canto do olho.

Subitamente Dylan deu um salto sobre ela. Alexa sentiu seu coração quase explodir e deu um passo rápido para trás se chocando com a geladeira. O grito que veio do seu interior não saiu, ficou entalado na garganta.

Dylan se abaixou ao lado dela e apanhou uma cebola que havia caído no chão, em seguida largou a faca sobre a pia e se encaminhou para o fogão.

Uma onda de desespero surgiu de dentro dela que se sentia impotente para controlar a enxurrada de emoções negativas que a possuíam naquele momento.

Quando o almoço ficou pronto, Alexa sentou-se à mesa de frente para Dylan e enquanto comiam, ela corajosamente puxou uma conversa:

— Eu não sei nada sobre você, Dylan Damon.

Naquele momento a expressão facial de Dylan mudou. Imediatamente Alexa se arrependeu do que disse, mas já era tarde. Sentiu os olhos dele sobre ela, analisando-a, estudando-a, sondando-a. Ela nunca havia observado antes como aqueles olhos cinzentos eram frios e insensíveis e percebeu que estava com muito medo dele.

Dylan deu um sorriso de canto de boca o que aumentou ainda mais o terror que ela estava sentindo. Mas alguma coisa dentro dela não se conformava em estar no escuro; precisava de uma luz, por isso continuou indagando:

— Esteve na guerra?

— Sim.

— E como é?

— Você não vai querer saber — a resposta foi dura e cortante.

Quis perguntar se ele havia matado muita gente, mas aquele não era o momento certo, pois sua vida já estava bastante ameaçada, sentada comendo com o inimigo.

Dylan voltou a comer. Então ela mudou a tática.

— Eu não gosto de surpresas — falou com voz insegura.

Ele tirou os olhos do prato e os pousou nela, mas não lhe fez pergunta alguma. Alexa prosseguiu:

— Eu não gostaria de um dia ficar sabendo que você é casado, por exemplo.

— Eu não sou casado — ele respondeu com firmeza.

— Tem algum filho? — perguntou astutamente.

— Não.

Ela mexeu no talher buscando coragem para fazer a pergunta seguinte. Respirou fundo e despejou:

— Você sabe cuidar de uma criança?

Dylan a encarou fixando nela os olhos cinzentos e enigmáticos. Aquele olhar pareceu durar uma eternidade, em seguida ele perguntou:

— Está tentando me dizer alguma coisa?

Houve uma luta mental e silenciosa entre os dois. Alexa tentava adivinhar o que viria em seguida e não saberia o que fazer caso as coisas saíssem do controle. Mas naquele exato momento o telefone dele que estava sobre a mesa vibrou, porém Dylan simplesmente o ignorou. Em seguida levantou e começou a recolher a louça.

O telefone vibrou novamente e dessa vez ele largou a louça, pegou o aparelho e se afastou um pouco para atender indo em direção ao corredor.

Sem pensar duas vezes Alexa levantou da mesa e correu em direção à porta da frente. Dylan largou o telefone e correu atrás dela, mas Alexa o havia trancado por dentro e já estava indo em direção ao elevador.

***

Depois de pegar seus objetos pessoais, Alexa deixou o apartamento onde morava e chamou um taxi. Como estava escurecendo decidiu passar a noite num hotel simples até encontrar um lugar para morar.

Uma vez instalada, jogou a sacola sobre a cama e ligou para Dylan. Ele atendeu no primeiro toque como se já esperasse a sua ligação.

— Alexa, onde você está? Estive no seu apartamento agora a pouco e não a encontrei.

— Não precisa mais fingir, Dylan. Eu já sei de tudo.

Houve um momento de silêncio, em seguida Dylan perguntou:

— Do que está falando?

— Você sabe do que estou falando.

— Por que não me fala do que se trata? — ele parecia calmo demais.

— Eu vi a fotografia na sua gaveta.

Mais silêncio.

— Porque você tem uma foto minha, do Lucas e do Paolo? Me explica! — Alexa estava quase gritando.

— Não podemos falar por telefone. Preciso saber onde você está.

Alexa começou a chorar descontroladamente.

— Devolve o meu filho, seu maluco, psicopata.

— Alexa, é melhor você se acalmar.

— Me diz onde você escondeu o meu filho ou vou te matar com minhas próprias mãos.

A voz de Dylan do outro lado da linha era serena, tranquila:

— Precisa se acalmar para compreender as coisas.

Mas Alexa estava cada vez mais agitada.

— Desgraçado, filho da puta! Por que está fazendo isso comigo?

— Só me diz onde você está — Dylan insistia. — Sabe que posso encontrá-la quando quiser.

Alexa desligou o telefone e desabou sobre os travesseiros chorando convulsivamente. Mordeu o lençol e gritou alto tentando aliviar a dor que sentia no profundo da alma. Estava cansada, com medo, sozinha.

E mais uma vez havia se entregado ao homem errado.

Cobaia 52Onde histórias criam vida. Descubra agora