Alexa caminhava a passos lentos pelo piso de concreto dentro do enorme cemitério, carregando um buquê de flores, cumprindo o ritual que fazia uma vez por semana.
Era final de tarde e o vento sacudia com violência a barra do vestido preto jogando-o para os lados. Com o coração martelando dentro do peito ela seguia olhando para frente tomada por um turbilhão de sentimentos intensos.
No momento em que chegou ao destino parou na frente da lápide. Ficou imóvel, sentindo-se tonta, como se estivesse caindo num precipício. Não chorou; não tinha lágrimas. Havia dentro dela uma sensação dolorosa e estranha ao perceber que o amor não é algo que se pode controlar e nem entender.
Fixou o olhar na fotografia que mostrava a imagem de uma mulher linda, com olhar doce e ao mesmo tempo intenso. O rosto de Simona ficaria eternizado naquele mármore frio e lúgubre.
Sentiu uma dor tão profunda que um gemido lhe escapou da garganta. Perder Simona pela segunda vez foi algo devastador, porque sabia que agora era para sempre. Pobre menina rica! Morreu frustrada e infeliz.
De alguma forma ela sempre compreendeu Simona pela conexão inexplicável que as unia. Gostaria que tudo tivesse sido diferente, que Paolo nunca tivesse se metido entre elas. Sabia que não podia mudar o passado, mas poderia interferir no futuro e seu coração estava queimando, pedindo por justiça.
Abriu a bolsa e tirou o colar de esmeraldas, primeiro presente que ganhara de Simona, e o colocou sobre a lápide. Arrumou as flores ao lado do colar e caminhou de volta, pisando firme no piso de concreto.
***
Um mês depois
As águas do rio Sena moviam-se esverdeadas e tranquilas. Os passageiros subiram a bordo e se acomodaram em seus lugares. O motor do barco foi ligado e ele começou a afastar-se do porto, deslizando rio acima.
Satisfeita e exultante, Alexa contemplava os belos monumentos de Paris, iluminados pelo sol dourado de um final de tarde, enquanto Dylan tentava chamar a atenção de Lucas para a beleza da paisagem. Ao longe via-se a Torre Eiffel se destacando contra o céu alaranjado.
Alexa observou o filho sentindo que finalmente a vida começava a sorrir para ela. A escola especializada para tratamento de crianças com TEA estava dando excelentes resultados, tanto que há dois dias Lucas havia dado o seu primeiro sorriso de canto de boca.
Tirou os olhos do filho e os fixou em Dylan observando os cabelos castanhos bagunçados pelo vento e o seu sorriso largo e cativante. Haviam se casado há um mês e ela tinha certeza de que não poderia ter escolhido um homem melhor para ser o seu companheiro, seu amigo, seu amor. Ele cuidava dela, a mimava e ela o amava muito.
Depois que saiu da agência, Dylan abriu o seu próprio escritório de investigação e agora sobrava tempo para fazer o que ele mais gostava: cozinhar ouvindo música alta e cantar de maneira desafinada.
O passeio foi rápido, de uma hora apenas. Os passageiros saltaram no porto e se espalharam pelo píer buscando os melhores ângulos para suas fotos, enquanto Alexa, Dylan e Lucas se dirigiram para o café da esquina.
Durante o tempo em que o garçom anotava os pedidos, Alexa elegantemente vestida, trajando blusa de gola rolê, saia plissada e botas de cano curto, cruzou as pernas e falou:
— Nenhuma viagem a Paris é completa sem tomar um delicioso café, sentado vendo a vida passar.
— Gosto quando você está feliz! — Dylan comentou, puxando o cabelo dela para trás da orelha e trazendo-a para mais perto.
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Cobaia 52
Mystery / ThrillerEla casa com um cientista bilionário, louco e perverso, herdeiro de uma empresa farmacêutica multinacional. É mantida prisioneira numa ilha durante quatro anos, usada como cobaia em um experimento científico e tem a sua saúde física e mental desesta...