Capítulo- 20

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Em algum lugar escuro dentro da mente de Alexa pensamentos e imagens criavam vida oscilando entre o real e a alucinação.

Sentia-se trepidar. Estava na arca de Noé, mas estava do lado de fora testemunhando o dilúvio. Ondas quilométricas e violentas vinham ao seu encontro como enormes monstros marinhos, carregando a arca como se fosse um barquinho de papel.

E de repente não era mais a arca, era Sodoma e Gomorra pegando fogo, as labaredas consumindo tudo, causando destruição e terror.

Sua mente desbotava, ia e voltava.

Agora estava no quarto branco com uma seringa enfiada na veia e um mar de sangue jorrando, escorrendo pelo braço e formando uma piscina vermelha dentro do aposento apertado. Sentado ao seu lado Paolo sorria da sua desgraça, deliciando-se com a sua dor, antevendo a sua morte.

Ela perdia e recuperava a consciência. Via Dylan abaixado com o rosto perto, dizendo algo que ela não ouvia nem entendia.

Os devaneios misturavam-se com a escuridão da mente, os ouvidos zumbiam e havia uma funesta sensação de que tudo estava se acabando.

Sentia-se paralisada, impotente, debilitada. Forçava-se a permanecer consciente, mas a exaustão a dominava outra vez e a mente se apagava.

***

Acordou com um sobressalto e sentou na cama. Contemplou um homem sentado numa cadeira bem próximo a ela. Sua visão turva não a deixava reconhecê-lo, mas tudo o que pensava naquele momento era: "ainda estou viva".

O homem se aproximou e colocou a mão sobre a dela.

— Não tenha medo. Você está segura.

Ela reconhecia aquela voz. Forçou o olhar e a imagem foi se ajustando. Contemplou aqueles olhos cinzentos sobre ela.

— Dylan? — falou com voz fraca.

— Está tudo bem, Alexa — ele falou baixinho.

— Onde estou?

— Em um lugar seguro. Não se preocupe.

— O que aconteceu?

— Está a salvo. Agora descanse.

Aos poucos as lembranças foram voltando, as imagens encaixando-se como um jogo de quebra-cabeças.

— Foi você? Estava lá na tempestade? — ela perguntou com voz insegura.

Ele assentiu com a cabeça. Ela o encarou, confusa, sem saber no que acreditar.

— Estávamos em um barco? Aquilo tudo foi real? — perguntou, cheia de questionamentos.

— Sim, estávamos em um barco. Foi tudo real — ele respondeu calmamente.

Naquele momento uma mulher abriu uma porta lateral e surgiu no cômodo carregando uma grande sacola. Alexa a reconheceu, mesmo ela usando calças, botas e uma touca de lã na cabeça.

— Você? É a moça do shopping. — Alexa estava totalmente confusa.

— Meu nome é Nakya — a mulher respondeu serenamente.

— Nakya está comigo nessa missão — Dylan explicou.

— Missão? — Alexa perguntou com a mente ainda desordenada.

— Sim. Para resgatá-la.

— Você sabia que o Paolo estava vivo?

— Não. Mas muito antes de Paolo sequestrá-la presumi que alguém queria feri-la. Porém, como você estava fugindo de mim, enviei Nakya para garantir que não desaparecesse.

Cobaia 52Onde histórias criam vida. Descubra agora