Capítulo- 18

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Morar na casa do detetive Roberto não estava nos planos de Alexa, porém ela não tinha outra alternativa naquele momento, por isso aceitou o convite dele. E de certa forma se sentia mais segura porque acreditava que ali ninguém a encontraria.

O apartamento era conjugado com o escritório e ficava nos fundos. Tinha um quarto, sala, cozinha e banheiro. Roberto deu o quarto para ela e ficou com o sofá.

No primeiro dia Alexa fez uma faxina caprichada deixando o apartamento limpo e organizado com cara de novo, mesmo assim não conseguiu dormir bem à noite. A claustrofobia adquirida durante os anos em que esteve presa na ilha a deixava sufocada naquele espaço apertado.

Passou a auxiliar o detetive buscando pistas sobre crianças desaparecidas. Ao mesmo tempo investigava a vida de Dylan cujo nome verdadeiro era Desmond Smith. Filho único de pais já falecidos ele lutou na Guerra do Golfo e ao retornar para o exército tornou-se tenente. Ficou noivo de Mary Ann Taylor que morreu em um acidente de carro e logo em seguida ele desapareceu sem deixar rastros. A partir daí não havia mais informações sobre ele.

Alexa passava a maior parte do tempo sozinha porque Roberto ficava fora trabalhando nas investigações. E naquele final de tarde depois de quase queimar os neurônios no computador decidiu ir até a delicatessen da esquina.

Assim que saiu para a rua arrepiou-se toda. Não era por causa da chuva fina nem do frio, era outra coisa: algo que ela não sabia explicar; uma sensação ruim.

Atravessou a rua e entrou na delicatessen sempre olhando para os lados, com a firme convicção de que estava sendo observada.

Voltou para o apartamento com uma torta de chocolate, preparou um café e sentou-se próximo à janela observando as gotas de chuva que caíam lá embaixo na calçada, enquanto comia lentamente.

Mais tarde, fez uma limpeza rápida na cozinha, tomou banho e levou um livro para a cama, porém não conseguiu ler uma página sequer. O sono a dominou.

***

Acordou com um barulho na cozinha. Pegou a tesoura sobre a cômoda, abriu a porta do quarto e observou. O apartamento estava na mais completa escuridão.

— Roberto? É você? — perguntou, com a voz cortada pelo medo.

Teve apenas o silêncio como resposta. Caminhou pelo corredor, acendeu a luz e entrou na sala cujas janelas estavam abertas e as cortinas esvoaçavam trazendo para dentro do ambiente um frio angustiante.

Depois de fechar as janelas, Alexa deu meia-volta e ia retornar para o quarto, mas um barulho na cozinha chamou sua atenção. Ela segurou a tesoura com mais força e se aproximou da geladeira. Alguma coisa saiu voando na sua direção e ela deu um grito de pavor, mas era apenas o gato que havia pulado da pia para o chão e depois saiu correndo. Aliviada, deixou a tesoura sobre a bancada da pia e fechou a janela da cozinha.

Enquanto estava na cozinha não percebeu que um vulto saiu de trás do sofá e se dirigiu para o corredor.

Ela apagou a luz e caminhou de volta para o quarto. Puxou o lençol e estava se preparando para deitar quando uma mão com um liquido gelado em um pano pressionou o seu nariz. Tentou resistir, mas veio-lhe um mal-estar repentino acompanhado de insensibilidade no corpo e logo perdeu os sentidos.

***

Alexa acordou em um ambiente todo branco. Estava sentada numa poltrona hospitalar, usando uma roupa clara e fina, com os braços e as pernas amarrados.

Sabia que conhecia aquele lugar, mas não era possível estar ali. Não! De novo não! Ela não aguentaria!

De repente, passos ecoaram no corredor e ela se preparou para receber o seu algoz, seja lá quem ele fosse. A porta abriu e o homem entrou deixando-a completamente paralisada de surpresa. Foi tudo tão inesperado que seu corpo todo estremeceu e um vento gelado subiu pela espinha e arrepiou os pelos da sua nuca. Com os olhos esbugalhados ela balbuciou:

Cobaia 52Onde histórias criam vida. Descubra agora