De Repente Casadas | Sáfico

Capítulo 31: Quase um pedido de desculpas

Quando acordou pela manhã de sábado Scarlet se viu sozinha num quarto estranho e numa cama que não era a sua. O rosto estava queimando, os cabelos loiros completamente amassados pelo travesseiro e ela ainda vestia as mesmas roupas.

Aos poucos ela foi recobrando a memória; vieram como flashs, mas foi o bastante para deixá-la com vergonha de si mesma.

Ela tinha delirado e chamado por Alexandra, deixando Sarah totalmente confusa.

A mulher conseguiu acalmá-la e obrigá-la a dormir; Scarlet adormeceu na cama e aquela foi a última vez que viu Sarah.

Tentou mandar mensagem pedindo desculpas pelo constrangimento mas não foi respondida, e talvez fosse melhor assim.

Já era quarta-feira e ela estava em sua sala na Ace Editora. Ainda assim, ficava remoendo o que acontecera, pensando que a culpada de tudo o que estava dando errado na sua vida era a sua esposa, já que desde o casamento ela não conseguia se envolver com mais ninguém.

Mas também... Por quê diabos eu tive que sair com alguém que se parece com ela?

Se bem que... Eloise não parece com ela e eu não consigo me envolver inteiramente com ela também...

Scarlet levantou e foi até a cafeteira no canto da sala, se servindo de um copo cheio de café. Ela andou até a janela e ficou em pé, olhando diretamente para o prédio que ficava de frente ao seu.

A sala de Scarlet tinha vista pro edifício onde a esposa trabalha.

Mas é culpa dela, sim... E minha também.

Scarlet, você só provou essa mulher uma vez e ainda por cima estava bêbada! Como pode ter se viciado?

Não pode ser vício... Talvez eu me sinta desafiada, é isso. Como ela pode me rejeitar sempre que tem a oportunidade?

Scarlet suspirou e bebeu um bom gole de seu café, estufando o peito na sua melhor pose de determinação. Desviou os olhos daquele prédio e abriu um sorriso voltando para a mesa.

Não vamos mais pensar nisso. Ela está certa em manter as coisas dessa forma, afinal é um acordo. Alexandra quer um desconto imobiliário e eu estou prestes a conseguir a minha casa em River, e isso é ótimo.

Bebeu outro gole e suspirou novamente.

Você só precisa fazer uma sessão de descarrego para tirá-la de seus pensamentos, só isso.

Foi apenas uma paixão platônica movida pela libido.

Se motivava, ainda sorrindo em concordância com o que pensava. Quando o telefone tocou ela o tirou do gancho sem muita cerimônia e resgatou sua voz mais simpática e tranquila.

— Ace Editora, Scarlet Young falando, bom dia.

Ah, sim... Dessa vez vai dar certo.

Mantenha essa distância que ela mesma criou e ficará tudo certo.

Pensou, esperando alguma resposta do outro lado da linha. Com o seu café numa mão e o telefone na outra, ela estava curvada sob a mesa, imersa em seu raciocínio.

— Scarlet?

Como se um fantasma tivesse sussurado em seu ouvido, Scarlet deu um pulo e acabou deixando que um pouco do café derramasse na mesa, quase atingindo a pilha de papéis na qual estava trabalhando antes de se perder em pensamentos.

Ela levantou rapidamente e deixou o copo na mesa, buscando lenços de papel na gaveta e limpando tudo freneticamente com a mão livre.

Mas que merda... É sério isso?!