Capítulo 2: A condição

4.1K 433 133
                                    

Elas estavam tão imersas naquele bate boca que não se deram conta que estavam sendo conduzidas para o quarto, tampouco notaram quando a porta foi trancada.

A ficha só caiu alguns minutos depois, quando ambas já estavam roucas e não tinham mais argumentos para dar continuidade à discussão, que girava em torno de acusações sobre conspiração e roubo de táxis.

Depois de alguns segundos de silêncio Scarlet colocou as duas mãos na cintura e soltou o ar pela boca, o suor escorrendo na lateral da testa.

Alexandra levou a mão até a nuca e encarou o carpete vermelho, pensando em quais outros xingamentos daria à Scarlet, mas o estoque parecia ter esgotado.

Antes que ela pudesse retomar a discussão Scarlet olhou atentamente ao redor, concluindo que aquele não era o seu quarto. Ela caminhou até a porta e tentou destravar, finalmente descobrindo que as duas estavam trancadas ali.

"Estamos trancadas!"
Começou a girar a maçaneta copiosamente, mas o "bip" pedia que ela usasse o cartão de acesso.
"Sua... E agora? Olha só o que você fez"

E começou novamente...

"Hãn? Do que você tá falando?"
Alex foi até ela e tentou destravar a porta também.
"Você nos trancou aqui, não foi? Sua sociopata maluca! Onde está o cartão de acesso?!"
Ela insistia, enfiando as mãos nos bolsos da calça de Scarlet. Na cabeça dela, a loira era a arquiteta de todos os planos maléficos do universo.

"Eu sou a sociopata maluca? Essa já é a segunda vez que você me ataca"
Scarlet segurou os punhos dela antes que a mulher acabasse rasgando sua calça com tantos puxões.
"Você quer me deixar nua? Não tem cartão nenhum aqui! Acha mesmo que eu ia querer ficar trancada com você? Prefiro entrar na cova com os leões."

Alex se desvencilhou do aperto de Scarlet e a encarou de forma furiosa:

"Como você consegue ser tão..."
Parou, procurando um xingamento, mas desistiu e suspirou antes de continuar:
"Você estava me provocando, todo esse tempo. No dia do táxi, no estacionamento e no restaurante! E agora me segue até Las Vegas?"

"O mundo não gira ao seu redor, meu bem. Você é dona das companhias aéreas e dos hotéis agora? Eu não sabia que tinha que pedir permissão à Vossa Presidência para sair de Seattle"

"Você..."

"E talvez seja você me perseguindo na história... Uma paixão platônica?"
Scarlet riu e segurou as mãos dela novamente quando ela tentou avançar em seu rosto, então continuou provocando:
"Pensando bem, foi a sua amiga quem nos trancou aqui, não foi? Aposto que você pediu pra ela fazer isso!"

"Você é a culpada de tudo, sua loira insolente! Desde o começo! Sabe que naquele dia depois de você roubar o meu táxi eu tive que ficar duas horas em pé esperando outro?!"

"Você não vai mesmo superar isso? Cruzes!"
Scarlet revirou os olhos, deixando a outra ainda mais indignada.

"Folgada! Pra você é fácil, já que é a vilã aqui!"

Scarlet a soltou e se afastou para procurar o telefone, fazendo um sinal de descarte e interrompendo a série de xingamentos que Alexandra estava prestes a disparar:

"Escuta aqui, princesa. Nós não estamos em um conto de fadas, não existe vilã nenhuma. Acontece que naquele dia o táxi parou e você foi lenta demais, então eu o peguei. Ninguém mandou ficar parada, pensando na morte da bezerra."

"Você... Ainda faz piada?!"
Alex se aproximou, mas antes de qualquer tentativa Scarlet segurou o pulso dela, puxou o telefone do gancho na parede e deixou na palma de sua mão.

De Repente Casadas | Sáfico Onde histórias criam vida. Descubra agora