Capítulo 37: A pirata Scarlet

2.7K 329 16
                                    

Dirigir quase totalmente sem nenhuma parada até outra cidade é uma tarefa desagradável, agora imagina fazer isso com um pé latejando e uma cabeça ainda zonza e meio confusa por causa de uma ressaca de whisky?

Depois que Eloise foi embora Scarlet continuou bebendo até o corpo dela força-la a apagar e cair num sono profundo; na manhã do dia seguinte, estava lutando pra ficar de pé sem deixar que a cabeça escapasse do pescoço.

Mas seria por uma boa causa, ela pensou. Logo estaria assinando os documentos da propriedade e começaria as reformas.

Pensar em Alexandra parecia piorar o seu estado deplorável, então ela tentava com todas as forças não o fazer.

Sem sucesso.

Na noite anterior estava com raiva de tudo e de todos. Sentiu raiva de Eloise por ter chegado naquele momento e raiva de Alexandra por ter ido embora tão determinadamente.

Sentiu raiva do universo inteiro por sempre colocar algum tipo de empecilho entre elas, como se a combinação dessas duas mulheres fosse algo realmente impossível de acontecer.

Bom, se fosse o caso, não teríamos nos encontrado em Las Vegas, hospedadas no mesmo hotel pra ouvir a mesma palestra.

Agora ela não sentia tanta raiva, mas algo parecido com autoconsciência. Depois de conversar com Eloise e a palavra "apaixonada" vir a tona, ficou ecoando em sua mente como um baque irritante e persistente.

Apaixonada... O que estar apaixonada significa, afinal? Quanta tolice! Parece que estou regressando à minha adolescência. O pior de tudo é que nem mesmo na minha juventude estive tão OBCECADA por alguém.

Obcecada, é isso que eu estou. Desejando e pensando tanto nessa mulher cabeça dura.

O pé latejou e Scarlet segurou o volante com força, fazendo uma careta.

Teimosa, cabeça dura! Já é a segunda vez que acabo ganhando um hematoma por causa dela!
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Carlet, meu Deus! — Joane correu até a filha com uma cara de espanto — O que... Que diabos aconteceu com você pra estar mancando desse jeito?!

Scarlet mal tinha descido do carro e a mãe já tinha percebido, ou seja, a situação estava ruim. Ela a ignorou até tirar a pequena mala de mão do porta-malas, então a encarou.

— Oi, mãe. — Ela suspirou, a dando um sorriso fraco — Não foi nada demais, eu topei na rua e...

— Onde está a Alexandra? — Joane apontou pro carro estacionado no jardim — Ela não veio com você?

— Não. — Scarlet engoliu seco, começando a andar até a casa — Ela... Não podia deixar o trabalho. Foi promovida. — E era verdade.

— Foi mesmo?! Que maravilha! — Joane pegou a mala da mão dela e elas entraram — Ah, isso é realmente muito bom. Alexandra parece ser tão inteligente, ela com certeza fez por merecer. Ainda assim seria muito bom tê-la aqui outra vez, talvez no fim do ano, quem sabe... Quer dizer, isso é, se ela não preferir ir passar com a fam...

— Cadê o pessoal? — Scarlet estranhou aquele silêncio; A família morava separada, mas eles sempre estavam por lá.

— As meninas voltaram pra residência estudantil. Daniel deve estar por aí fazendo alguma coisa, e a Sofia está dormindo. — Joane deixou a mala em cima do sofá, pegou o braço da filha distraidamente e foi a conduzindo pra cozinha — Ela deveria estar com os pais e ir pra escola, mas a coitada quase ficou rouca de chorar insistindo pra ficar aqui e poder ver você e a Alexandra, então Sergey deixou que ela ficasse. -

De Repente Casadas | Sáfico Onde histórias criam vida. Descubra agora