౨ৎ Carol ౨ৎQuando finalmente escolhemos juntas os lugares para cada um dos arranjos, Cristian chegou com comida mexicana para o nosso almoço. Sophia já havia descido, dessa vez com bastante base cobrindo os roxos do seu pescoço, que eu não tinha como dizer naquele momento que foi uma ideia pouco inteligente.
Nos sentamos para comer e eu não parava de olhar para a sua boca que parecia maior do que realmente é. Uma imagem perfeita da noite anterior em que eu mordia incansavelmente o seu corpo inteiro incluindo os lábios veio à minha mente me fazendo rir de puro nervosismo.
— O que foi? - ela perguntou séria me encarando segurando o garfo no ar.
— Nada. - respondi.
— Espero que sua irmã tenha parado de te dar trabalho. - Cristian disse e Sophia gargalhou.
— Na verdade eu tenho dado mais. – ela disse me fazendo chutar a sua canela por debaixo da mesa enquanto eu sentia as minhas bochechas ficarem vermelhas.
— Você não tem vergonha nessa cara de falar isso rindo? - Cristian a repreendeu, eu apenas levei os dedos ao centro das sobrancelhas e apertei os olhos sentindo o constrangimento tomando conta de mim.
— Ela só está brincando... não tem dado trabalho nenhum. Na verdade, está se comportando bem. - respondi tentando encerrar o assunto.
— Que bom. Vocês precisam se dar bem. - minha mãe afirmou e todos nós concordamos com a cabeça.
— A gente se dá muito bem. - Sophia disse pretensiosamente parecendo não se importar caso eles percebessem a malícia nas suas palavras.
— Prova esse pra você ver que delícia e cala a boquinha. - falei e sorri, enchendo o garfo com a Machaca e enfiando na boca dela.
Depois disso terminamos de almoçar sem mais comentários sobre como está sendo a Sophia morar comigo e focamos em conversar sobre o afastamento da minha mãe no trabalho e também sobre o meu trabalho, como tem sido trabalhar no teatro.
Os dois subiram para o quarto para descansar assim que terminamos de comer. Sophia e eu decidimos por ficar por ali mesmo, jogando conversa fora. Na verdade, eu não via a hora de ficar sozinha com ela para termos aquela conversa.
(...)
— Por que passou essa porcaria no pescoço? - perguntei passando o dedo indicador no local que ficou coberto da base.
— Não sei Carol, será que é porque você deixou ele todo roxo? - ela retrucou cruzando os braços, do mesmo jeito que as pernas estavam cruzadas.
Tentei conter uma risada me levantando do sofá.
— Fica aí, eu já volto. - avisei e ela concordou com a cabeça.
Fui rapidamente até a cozinha pegando uma forma de gelo na geladeira e um guardanapo de pano. Voltando pra sala me sentei de frente para ela, em cima de uma das pernas que deixei cruzada. Pressionei o dedo no fundo da forma em seguida agarrando o gelo sobressaltado.
— O que vai fazer com isso? - perguntou afastando o corpo para trás quando me aproximei com o gelo, o que me fez revirar os olhos.
— Só fica parada. - falei encostando o cubo de gelo no seu pescoço vendo no mesmo instante os seus braços arrepiarem. – Shii, não puxa o pescoço. - continuei, segurando o outro lado do seu pescoço enquanto esfregava o cubo de gelo.
— Isso dói! - gritou me encarando com as sobrancelhas contraídas.
— Calma! Não vai demorar. - falei impondo mais força na mão que apenas segurava seu pescoço para ela não se mover.
Ela aceitou, ficando parada, mas sem parar de me olhar com raiva. O que eu ignorei, esfregando o gelo por todo o seu pescoço e em seguida limpando com o guardanapo o rastro que a água misturada à base fazia.
— Pronto. Bem melhor. - conclui dobrando o pano e largando na mesa de centro. – Agora vamos conversar.
— Vamos conversar. - ela repetiu o que eu disse, depois de balançar a cabeça positivamente.
— Você não devia ter ido ao meu quarto ontem à noite. Estamos na casa dos nossos pais. - comecei, observando ela cruzar os braços novamente. – A essa altura eu já sei reconhecer quando você está usando as coisas como fuga, e sei que está querendo fugir do que viemos fazer aqui.
— Eu não estou fugindo de nada, Carol. - me respondeu passando a língua entre os lábios e encarando um ponto qualquer no alto apenas para não me olhar.
— Nós vamos amanhã cedo visitar o tumulo da sua mãe. - afirmei segurando o seu queixo e virando delicadamente o seu rosto para mim. — Você não está sozinha.
— Eu sei disso. – ela disse com um sorriso mínimo.
— Agora vamos pra parte em que você entrou bruscamente no meu quarto me questionando sobre o que eu queria com você. - falei e ela puxou o rosto se livrando da minha mão.
— Eu estava bêbada ontem à noite. - disse suspirando.
— Talvez estivesse, um pouco... mas a pergunta não foi por estar bêbada. Então vamos lá. - comecei observando ela suspirar mais uma vez. – Eu gosto de você. Gosto muito... e ainda não consegui me decidir se isso é certo ou errado. Aos olhos de muitas pessoas será, então vamos manter só entre nós, como está. Não ficarei com mais ninguém como você quer.
— Como eu quero? Então não é o que você quer? - me perguntou fazendo com que eu levasse a mão até os cabelos e jogasse a cabeça para trás.
— De tudo o que eu acabei de falar, você focou nisso?
— Sim. - respondeu me fazendo bufar.
— Eu só vou falar mais uma vez, então foca na coisa certa dessa vez. - comecei novamente a olhando nos olhos. — Eu gosto de você. Não ficarei com mais ninguém, só com você. - falei de novo e sorri admirando o sorriso largo que brotou nos lábios dela.
— Certo. E manteremos isso entre nós. - disse com o sorriso no rosto enquanto eu lancei um olhar sério para ela. — O que foi? Eu estava prestando atenção, só queria ouvir você falar outra vez que gostava de mim.
— Idiota. - falei rindo e a empurrei fazendo ela cair deitada no sofá.
— Eu também gosto de você. - ela disse depois de me puxar pela camiseta para cima dela e beijar a minha bochecha.
Me afastei sentando no sofá novamente e peguei o controle ligando a tv, sorrindo disfarçadamente.
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Mais tarde no restaurante, descemos do carro e caminhávamos um pouco atrás dos nossos pais.
— Você está tão linda nesse vestido. - Sophia disse em voz baixa passando a mão na minha bunda.
— Sophia! – falei entre os dentes a reprovando com o olhar. – Qual é a regra número 1?
— Eu sei, eu sei. Manter isso entre nós... - respondeu com um sorriso atrevido nos lábios. — Mas qual é mesmo a segunda regra? - perguntou me dobrando.
— Não fugir do que está sentindo. - respondi revirando os olhos. — Só que não é pra usar a segunda regra pra quebrar a primeira.
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Minha Adorável Sophia
Novela JuvenilTudo ia muito bem em minha vida, estava no meu último ano da faculdade e tinha um emprego estável. Contudo minha estabilidade ficou ameaçada depois que a filha do meu padrasto veio morar comigo à pedido de nossos pais que já não sabiam o que fazer...