༺ Luiza ༻
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1
mês depois
Nas últimas semanas vi a minha vida virar do avesso, uma infinidade de emoções com as quais eu não sabia lidar tomaram conta de mim. Toda minha disposição para escrever havia desaparecido e eu precisava sair em busca de inspiração, foi então que decidi, em um acesso eufórico fazer uma viagem não programada durante a semana, embarcando no trem que partira exatamente ao meio dia para Valência.
O fato de não conhecer ninguém na cidade, não me incomodava de forma alguma, pelo contrário, tornava tudo mais interessante. Vestida em um short jeans, regata preta, um tênis leve e óculos escuros, segui pelo calçadão na orla da praia. Um grupo jogava futevôlei na areia dourada, em um dos quiosques tocava Piña Colada de Ludmilla e Ryan Castro, um lindo dia de sol, sem dúvidas.
Puxei o celular do bolso para fazer um registro e antes que pudesse clicar para iniciar o vídeo fui lançada ao chão por um Mastim espanhol que pulou em cima de mim, vindo sabe-se lá de onde.
- Tyler! O que pensa que está fazendo? Kramer e Jane, parem agora!
Uma voz feminina exclamava enquanto os cães distribuíam lambidas por todo o meu rosto, meu óculos havia sido arremessado para longe quando um dos cães me derrubou, e o mesmo ocorreu com meu celular. A mulher tentava puxar os cachorros assim que conseguiu agarrar as guias, falhando miseravelmente.
- Ei! Deixem eu me sentar pelo menos e prometo dar atenção a cada um. - prometi numa tentativa de que os cães me compreendessem e saíssem de cima, o que surpreendentemente funcionou. Os três se afastaram e sentaram-se tão comportados, que quem passasse por ali a partir daquele momento, jamais desconfiaria do que acabara de se suceder.
- Me desculpe! Não sei o que deu neles. - a mulher disse e aproveitando aquele momento, se apressou em recolher do chão o meu aparelho e os óculos, se agachando para me entregá-los em seguida.
- Melissa?!
Só podia ser o universo me pregando uma peça. Aquela ali na minha frente, realmente era a Melissa? A mesma Melissa que me mandou mensagens me questionando sobre o meu término com a Samantha? E que fez bastante questão de dizer que se tratava de ser sua melhor amiga, e que não era justo eu estar fazendo-a sofrer? Senti meu sangue borbulhar ao reviver essas memórias extremamente desagradáveis. Apoiei minhas mãos no chão, fazendo impulso para conseguir me levantar e em seguida pegando as minhas coisas.
- Sim?... A gente se conhece? - ela perguntou me lançando um olhar realmente confuso.
- Não pessoalmente, pelo menos não até agora. - respondi enquanto limpava os resquícios de areia na minha roupa.
O cão que havia me derrubado deu um pré latido para chamar a minha atenção, fazendo com que nós duas olhássemos para ele.
౨ৎ Carol ౨ৎ
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Hoje
Não podia ser verdade, era completamente insano e eu não podia deferir sequer uma palavra desaprovadora levando em conta a minha situação com a Sophia. Luiza só podia ter perdido a cabeça, não conseguia pensar em nenhuma outra coisa além disso.
De mãos dadas com sua até onde eu me lembro, arqui-inimiga virtual de longa data, Melissa, que também conhecíamos como "a santa sem noção defensora dos opressores".
- Acabo de perder o apetite. Vou sair e dar uma volta no quarteirão. - falei enquanto me levantava, agitando a cabeça para os lados, numa miserável tentativa de afastar todas as frases prontas que passeavam pelo meu cérebro e faziam a minha língua coçar.
Sophia continuava com a mesma expressão no rosto, e aquelas sobrancelhas franzidas deixariam uma bela marca posteriormente. Não que isso afetaria de alguma forma na sua beleza.
O que foi aquilo? Por acaso você estava sabendo de alguma coisa?
Me responde assim que ver a mensagem, o que espero que seja rápido. Antes que eu SURTE.
Terminando de digitar, ergui o braço e apertei descontroladamente o botão do elevador que indicava estar parado no térreo.
- Dá pra explicar o que tá acontecendo? - a voz de Sophia ecoou como um sussurro dentro da faixa metálica ao entrar no elevador atrás de mim assim que ele chegou ao nosso andar.
- Mais tarde eu te conto. - insisti, embora soubesse que ela não me deixaria em paz até saber de tudo, porém nem eu mesma sabia. - Ainda estou tentando descobrir, e entender. Já que está aqui, vai caminhar comigo.
- Não vou não! - respondeu já apertando o botão do terceiro andar.
- Hahaha, é claro que vai! - falei assim que o elevador emitiu o som de que havia chegado ao andar da portaria.
Suas portas se abriram e eu rapidamente deslizei minhas mãos para baixo até alcançar os seus joelhos, erguendo seu corpo e correndo para fora com ela nas minhas costas. Ignorando seus gritos e gargalhando alto até estarmos na calçada, do lado de fora do prédio.
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Minha Adorável Sophia
Ficção AdolescenteTudo ia muito bem em minha vida, estava no meu último ano da faculdade e tinha um emprego estável. Contudo minha estabilidade ficou ameaçada depois que a filha do meu padrasto veio morar comigo à pedido de nossos pais que já não sabiam o que fazer...