All of the Stars - WENCLAIR

"'Cause in a Sky Full of Stars..."

"And I screamed for whatever it's worth, I love you ain't that the worst thing you ever heard?"

Taylor Swift

Wednesday

Meu sono sempre foi algo relativo.

Dependendo da situação, cotidiana ou não, e do local onde meu corpo de matéria orgânica se encontrava, ele podia ser constante e profundo, ou alerta e leve.

Entretanto, havia uma única circunstância que me fazia dormir pesadamente até mesmo sobre uma pedra no meio de um lago de crocodilos, ou em qualquer outra ocasião.

Enid Sinclair.

A presença colorida que por algum tempo no início de nossa trajetória me pareceu extremamente fútil e indiferente, mas que agora é capaz de manter minha sanidade, minha saúde, meu corpo e minha alma intactos.

O único toque que eu sou incapaz de reprimir, o único olhar que não tenho capacidade de desviar, a única voz que meus ouvidos clamam para escutarem como uma melodia celestial, o único sorriso que eu era capaz de adorar e admirar com cada célula viva de meu corpo.

Ser acordada contra a minha vontade sempre foi motivo suficiente para um assassinato ou uma ótima tortura, mas os dedos que tocavam meu rosto suavemente não se encaixavam nesse quesito.

Semicerrei meus olhos a fim de me acostumar com a claridade, e focar no rosto sorridente com safiras brilhantes, enquanto Enid deixava o indicador tocar pontos específicos na região de meu nariz.

- O quê está fazendo, Enid? - perguntei com a voz levemente rouca e com uma pitada de diversão.

- Contando suas sardas. - Enid percorreu a extensão de meu nariz. - Mas sempre me perco na contagem.

Antes que eu pudesse verbalizar qualquer tipo de indagação, a garota de orbes azuis colocou o indicador sobre meus lábios.

- Por quê eu sempre acabo me perdendo aqui. - Enid sussurrou enquanto beijava meu nariz, mas antes que ela chegasse até meus lábios, eu repeti o mesmo gesto que o dela, a impedindo de continuar.

- Peço desculpas pela interrupção repentina de sua atitude, cara mia. - eu disse em meio a um breve sorriso. - Entretanto, me recuso a aproveitar o ósculo de nossas bocas sem a devida higiene matinal.

Enid sorriu enquanto beijava minha testa, afagando os fios de minha franja que agora se rebelavam para todos os lados.

- Bom dia, babycakes. - Enid disse. - Quando voltar irei arrumar seu cabelo. Está todo rebelde.

Levantei-me de forma lenta e segui para o banheiro, executando todas as minhas higienes matinais. Quando retornei ao quarto, Enid já me esperava com a escova negra em suas mãos, e indicou o lugar à sua frente com duas batidas ritmadas no colchão.

Sentei no lugar indicado enquanto fechava os olhos assim que seus dedos encostaram em meu couro cabeludo.

Enid algumas vezes se distraía com a pele de meu pescoço, deixando leves selares ali, ou com a minha cintura, já que sua mão a apertava com possessividade. Eu me permiti soltar um princípio de risada enquanto ela finalizava minhas tranças levando o triplo do tempo necessário.