(OBRA DE ÉPOCA EM PROCESSO DE REVISÃO)
Londres, abril de 1822.
━ Então sou a sua melhor amiga?
━ Para sempre.
Filha do falecido barão, Katherine era uma menina alegre, mesmo após a perda dos pais. Amava correr pelos campos e subir em árvores; ela ti...
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Ian
Meu estômago ainda não se acostumou com o sacolejo pelos longos cinco meses e meio da viagem no navio e ando deveras nauseado, ainda bem que tenho Alex e Christian para cuidar de Anne. Eles são imunes a enjoos, mas minha sorte que o porto de Sidney está apenas a um quilometro de distância e já avisto os monumentos pelo deck e logo isso terá um digno fim, mal consigo pensar em voltar para a Inglaterra.
Anne está muito animada por conhecer os mistérios da Austrália. Ela soube que existem inúmeras praias por aqui e até camelos e fixou a ideia na mente e não irá desistir até conhecer e devo confessar que estou curioso também.
O clima daqui está ameno, mesmo sendo verão.
Foram meses angustiantes, principalmente por estarmos correndo como tartarugas. Cinco longos meses e somente agora iniciaremos a busca por ela, eu não sei o que será de nós... Tudo está indefinido, não me importo que ela não me escolha, desde que eu a encontre e ela seja feliz.
Mesmo que dilacere meu coração, eu escolho a felicidade que foi tanto negada durante a sua vida.
Chegando à conclusão, eu sempre tentei roubar os males que existem na vida dela... Sempre a protegi e cuidei dela, mas nunca permiti que ela pudesse enxergar minhas fraquezas e a fiz me enxergar como se eu fosse impermeável.
Eu devia ter sido mais humano com ela, mas como e poderia? Sua vida estava um caos, como eu poderia a atrapalhar com a minha fracassada vida?
Preciso encerrar essas reflexões, olho em minha volta para ver se encontro meus companheiros de viajem.
Logo vejo Christian escorado no pilastra do navio de braços cruzados, sua expressão é de curiosidade e só então o analisando o vejo como nos parecemos, ele acaba por ser uns centímetros a mais que eu e seus olhos lembram demasiadamente os de nosso pai e ao contrário de mim que são azulados... Tão verdes e límpidos, nesses últimos meses percebo que ele deixou sua barba por crescer e devo admitir que ele se parece comigo de tão bonito que és.
Suas sobrancelhas grossas e levemente amorenadas assim como seus cabelos, o formato de seu rosto é de um diamante e seu nariz é reto e levemente arrebitado. De repente ele vira o rosto, me encara e arqueia as sobrancelhas, solta seu típico sorriso ladino e me aponta o dedo do meio e eu sorrio e faço uma careta.
Estou feliz por termos colocado "os pingos nos is", devo confessar que estou amando tê-lo perto de mim sem restrições.
Ele se aproxima de mim.
-Estamos chegando, não é enjoadinho? Reviro meus olhos pelo apelido que ganhei durante a viagem.
-Jura, caro irmão!? Eu mal notei e se você não tivesse me dito, mal teria notado! Ele gargalha soltamente, levando sua risada com o vento.
-Pois não teria visto mesmo, mal enxergou o amor da tua vida por anos. O olho de soslaio ressentido.
-Nunca me senti digno dela, por isso mascarava com uma amizade e até enfim perceber que realmente não era só amizade. Desabafo e encaro o céu.