(OBRA DE ÉPOCA EM PROCESSO DE REVISÃO)
Londres, abril de 1822.
━ Então sou a sua melhor amiga?
━ Para sempre.
Filha do falecido barão, Katherine era uma menina alegre, mesmo após a perda dos pais. Amava correr pelos campos e subir em árvores; ela ti...
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Quase caio para trás ao concluir a leitura das cartas. Estou em choque, pois as cartas me dão um nó no estômago e estou prestes a chorar. Mas não vou deixar escorrer uma lágrima sequer por causa dessa mulher e que segredos são esses?
Tudo que leio me faz ter completa certeza de que meu plano é a melhor decisão.
Então deixo as cartas de lado e vou aproveitar que Ian saiu para sabe-se lá qual prostíbulo. Opto por ir ver minha amiga Amélia. Mas antes vou para meu quarto arrumar meus poucos pertences e levá-los comigo para a casa dela.
Vejo um pequeno objeto brilhante em cima da penteadeira, me aproximo e identifico a pulseira que Ian me deu quando éramos crianças. Estava usando-a naquele dia terrível, mas tento ignorar a dor que a lembrança me causa e foco na lembrança bonita de quando a recebi. Ian era gorducho, mas tão belo. Quando criança, achei que teria uma vida perfeita, de fato tive, porém por um curto período. Seguro a pulseira entre meus dedos e a prendo no meu pulso com admiração, e o pingente de coração segue sendo meu favorito.
O pingente de coração representa o sentimento que temos um pelo outro, mas confesso que o de maçã combina mais com nossa relação. Tudo começou embaixo de uma macieira e nossa história é representada por maçãs, essa é a verdade. Ian sempre estará guardado no meu coração e nossa amizade será eternamente representada por maçãs.
Saio pela janela, para que ninguém me veja, e vou para a calçada chamar um coche de aluguel. Como não possuo nada para pagá-lo, pedirei para Amélia quitar a dívida para mim.
Logo uma carruagem estaciona e entro, informo ao cocheiro o número e bairro e seguimos viagem. Chegando na casa dela, o mordomo Benedict, a quem conheço desde criança, arregala os olhos ao me ver. Provavelmente ouviu os mesmos rumores que Lilian, afinal, os criados sabem de tudo.
— Senhor Benedict! — cumprimento-o — Sinto muito pelo horário, mas é urgente! — o homem arqueia a sobrancelha, mas está muito fora dos horários de visita, então compreendo sua confusão.
— Tudo bem, criança! Os senhores Grover foram ao baile de campo dos Thompson. Para sua sorte, Amélia resolveu ficar em casa.
Adentro e ele fecha a porta e já faz sinal para que eu o acompanhe até o centro do hall de entrada. A casa dela é moldada por cores vibrantes e alegres e os móveis são luxuosos e espalhafatosos. Particularmente, acho lindo, pois remete muito à cultura dos antepassados da Índia da mãe dela.
