(OBRA DE ÉPOCA EM PROCESSO DE REVISÃO)
Londres, abril de 1822.
━ Então sou a sua melhor amiga?
━ Para sempre.
Filha do falecido barão, Katherine era uma menina alegre, mesmo após a perda dos pais. Amava correr pelos campos e subir em árvores; ela ti...
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Estou desesperado à procura de Katherine, e os dias passam com uma velocidade assustadoramente descontrolada. Revirei quase todos os cantos desta cidade com a ajuda de Alexander e contratei investigadores para buscá-la no interior. A família dela possui uma casa em Hampshire, que atualmente está abandonada, e pedi a um dos investigadores que fosse até a propriedade Peace Lily para vasculhá-la. Um medo avassalador me consome, pois sinto que, se não a encontrar desta vez, será tarde demais. Não posso perdê-la novamente; já a perdi em tantos momentos que não suportaria mais uma vez.
Com tudo o que tenho vivido, temo que tenho negligenciado a atenção devida a Anne. Vejo a melancolia em seus olhos, e ela certamente percebe que há algo errado, dado os meus sumiços tanto diurnos quanto noturnos. Ao vê-la adentrar meu escritório, trajando um delicado vestido verde que desce até os tornozelos e sapatinhos alvos, sinto uma pontada de culpa. Seus cabelos estão primorosamente trançados e ladeados. Minha querida menina está tão linda, e aproveito este instante para contemplá-la. Ela tem crescido tanto, mas para mim será sempre a minha adorada criança, aquela que segurei nos braços desde o instante de seu nascimento.
— Papai! — ela me chama e eu vejo que ela estava chorando, pois os seus olhos estão vermelhos e inchados.
— O que aconteceu, querida? — questiono preocupado.
— O senhor não me dá mais atenção!
Uma nova lágrima escorre por sua delicada bochecha rosada e eu passo as costas da minha mão na tentativa de secar seu rosto úmido.
— Me perdoe, Anne! Não chore, por favor, isso está me matando — sussurro e puxo para um abraço firme e forte. — Aguarde somente mais alguns dias e eu voltarei a ser como era antes.
— Eu sinto a sua falta! — ela murmura e se afasta me olhando com intensidade.
Sem me dizer mais nada, ela se vira e sai correndo em direção ao corredor, provavelmente para encontrar George. Esta situação me consome aos poucos, mas preciso manter-me firme. Sempre precisei ser forte; não posso fraquejar agora, não posso me permitir ser fraco em meio a tudo o que está acontecendo. Deixar que meus problemas transpareçam é um risco que não posso correr. Sempre lidei com meus próprios fardos sozinho, ou melhor, os ignorei. Pois ignorar aquilo que dói é mais fácil do que explorar a dor e reconhecer o quão fracassado sou.
