° Alerta de gatilho
Depois de meia hora cavalgando, chego com minha mente exausta de tanto refletir repetidamente. Encontro Philip que pega a minha casaca.
-O senhor está doente, milorde? O encaro e vejo a preocupação em seus olhos.
-Não sei lhe dizer. Dou de ombros. -Mande Christian até os meus aposentos o mais rápido que puder.
-Sim senhor. Vou me encaminhando, mas ouço o mordomo tossir, então paro bruscamente, mas sigo de costas para ele. -Li o jornal da manhã, meus pêsames milorde. Aceno com a cabeça e sigo meus passos até onde eu possa ficar sozinho.
Sinto que estou prestes a desmoronar.
Chego em meus aposentos e vejo a garrafa de whisky ao lado da minha cama, a pego e a jogo contra a parede oposta, completamente irado. Sinto minha racionalidade se esvair e acerto socos e mais socos na parede até sentir o sangue escorrendo pelos meus antebraços.
Estou devastado e sinto a necessidade de descontar em algo. Eu sou o culpado por tudo.
Eu sou um maldito miserável, que destrói a vida de todos, Katherine merece alguém digno dela!
-INFERNO! Grito o mais alto que posso, vejo os cacos do vidro que quebrei e pego um e em um impulso, tenho a necessidade de transferir a dor emocional para a corporal. Tinha prometido a mim mesmo que não faria isso novamente.
Aponto a parte mais afiada do caco de vidro em meu pulso e pressiono em mim mesmo.
Sinto a dor e o sangue escorrer em cada corte, sobre cada marca já cicatrizada.
Mal ouço quando Christian entra e tira o pedaço de vidro de minhas mãos e o joga longe.
-Você prometeu! Ele sussurra me olhando com compaixão.
-Ela me deixou! Caio de joelhos, sinto minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Cristian se abaixa, me abraça em sinal de proteção e irmandade.
Não sei quantos minutos ficamos naquela posição, mas foi o tempo necessário para eu recobrar o meu juízo e ver a besteira que fiz.
-Está melhor? Ele sussurra se afastando aos poucos. Eu não consigo falar, mas confirmo com a cabeça.
Tenho vergonha de mim mesmo, eu sou uma completa vergonha.
Conheço Christian desde que éramos crianças, quando a sua mãe trabalhava de serviçal para o meu falecido pai e ele nunca conheceu seu pai e uns anos depois sua mãe o abandonou e sumiu pelo mundo, sem explicações.
Conforme fui crescendo, fui entendendo o que acontecia. O porquê meu pai menosprezava e humilhava Cristian.
O porquê sua mãe o abandonou. Eu compreendi tudo.
Em uma das minhas férias da universidade, percebi tal tratamento mais uma vez e o confrontei.
Foi quando ele sofreu um infarte, eu sentia inveja de Katherine. Por ela sentir a morte dos pais, quando eu vi meu pai falecer em minha frente, eu somente senti um vazio e pelo meu rosto nem uma sequer lágrima escorreu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vingança De Uma Lady (Série Destinados Ao Para Sempre)
Romance(OBRA DE ÉPOCA EM PROCESSO DE REVISÃO) Londres, abril de 1822. ━ Então sou a sua melhor amiga? ━ Para sempre. Filha do falecido barão, Katherine era uma menina alegre, mesmo após a perda dos pais. Amava correr pelos campos e subir em árvores; ela ti...