VINTE E QUATRO

112 21 114
                                    

Após as palavras do líder Brassard, um silêncio fúnebre se apoderou entre os presentes, que manifestavam na face a expressão chocada. A quem tivesse o poder de averiguar o coração de muitos ali, encontraria a inflamação do ódio em direção ao casal.

— Isso não pode ser verdade! — Então o som de uma taça quebrando no chão, despertou a todos. — Como você pode ser o próprio traidor da sua família e do seu clã?

O peito de Geórgia descia e subia em ritmo acelerado em meio ao seu nervosismo. Seu olhar para a noiva de seu irmão era cruel. Não podendo acreditar que aquela menina agora faria parte de sua família. Pior ainda, ela seria maior que ela dentro do clã!

— Uma estrangeira insignificante sendo colada sobre todas nós!

Geórgia atravessou o espaço que a separava do irmão e ficou diante dele, que escondeu a noiva atrás de si.

— Acalme os seus nervos, Geórgia — Dan disse com sua postura pacífica.

— Você foi pior do que todos os outros traidores. Em vez de usar seu poder para cumprir a lei, faz dela um meio para burlar as tradições! Não merece seu título de Kafa!

A irmã Brassard em meio a sua maior ira tomou a pior atitude de sua vida: ela cuspiu no chão diante do líder do clã, mostrando que o seu respeito já não era mais dirigido a ele.

Aquela atitude levou os demais a se chocaram mais agora do que antes. A falta de respeito demonstrada a Dan Brassard não poderia passar despercebida diante de todos.

— Geórgia Brassard, o que acha que está fazendo? — O pai de ambos gritou para a filha, que virou-se para o genitor com os olhos vermelhos e manchados pelas lágrimas.

— Ele nos desenrou, tati — A moça jogou as mãos para o lado do corpo, desolada. — Como pode nos trair desta maneira e nenhum de vocês fazer alguma coisa? Como podem consentir com esse insulto diante do nosso clã? — Gritou com os anciões. — Vocês não são os guardas de nossas tradições? Como podem permitir que elas sejam burladas dessa forma?

Um dos anciões, por nome de Sander, chegou próximo a ela e a esbofeteou o rosto, jogando a mulher no chão. Ela tocou na face, sentindo o gosto do sangue na boca e olhou ao redor, para sua surpresa, uma mão estava estendida em sua direção, era o irmão.

Mas Geórgia era orgulhosa demais para aceitar qualquer auxílio daquele que para ela era o maior traidor. Ela virou a cara para Dan.

— Tirem essa nefericit daqui! — O ancião declarou.

Dois seguranças do clã levantaram Geórgia pelos braços, colocando-a de pé e a retirando de diante de todos. O estado de humilhação da mulher era grande e não houve ninguém além de Dan que ousasse mover um dedo para ajudá-la.

Anelise assistiu tudo com tremor em todo corpo, segurou no antebraço de Dan, a sua frente. Ela  sentia pena de Geórgia e não compreendia os motivos de ser tão odiada por aquela mulher, já que nunca a tinha feito nenhum mal.

— Dan, para onde estão a levando? Pelo amor de Deus, faça alguma coisa! — Lise apertou o braço do homem.

— Só a estão retirando para que não venha fazer mais escândalos — Dan disse, olhando para a irmã que era levada.

— Suas atitudes nos foram surpresas. — O ancião Sander, como representante dos demais, falou para o Kafa. — Hoje em meio a um estado de condenação você achou uma lei para livrar a vida de Anelise Vieira. Tem certeza do que está fazendo?

Dan fitou com seriedade o rosto do homem, segurou outra vez a mão de Anelise e disse:

— Com toda a minha vida.

Se Ficares Aqui Onde histórias criam vida. Descubra agora