VINTE E TRÊS

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Uma semana depois.

Aquele dia era de sua sentença, mas também de sua libertação e ao mesmo tempo a declaração de se união para sempre a Dan Brassard.

A tipóia do braço havia sido retirada no dia anterior e se sentia nova em folha outra vez, mas não poderia negar o temor que começava a corroer todo o seu corpo ao pensar o que teria de enfrentar naquela noite.

— Não fique tão tensa, Lise! Tudo dará certo — Grace dizia enquanto arrumava seu cabelo em um penteado de trança.

— Essa seria a noite de minha morte, Grace! — Lise se sentia trêmula e com vontade de vomitar.

Grace a virou para si e declarou, segurando nos ombros.

— Mas você não morrerá! Dan irá anunciar o noivado de vocês hoje a noite diante de todo o clã! — Grace estufou o peito com satisfação.

— E se todos eles não aceitarem nada disso? — Lise tinha um temor nos olhos.

— Eles não podem ir contra a carta magna. — Grace tinha um sorrisinho nos lábios de quem tava satisfeita que uma das tradições seriam confrontadas e logo a pior delas.

— Meus pensamentos se misturam entre a esperança e o medo de dar tudo errado. — Lise olhou-se no espelho e respirou fundo.

Grace virou a amiga para si, apertou os ombros dela e a encarou.

— O seu destino está todo escrito pelas mãos do bom Criador. O que ele diz: não temas, pois estou contigo. — Tocou no queixo de Lise.

A jovem fechou os olhos e inaltou profundamente, querendo absorver todas aquelas palavras e confiança de sua amiga. Daria certo, pois o Senhor estaria com ela.

— Agora se levante e vamos colocar o vestido — A jovem empregada bateu palminhas, mostrando o quanto estava empolgada.

No jardim do casarão, tudo estava devidamente organizado com mesas, cadeiras, luzes brilhantes e uma fina decoração que complementava tudo.

Carros e mais carros estacionavam na entrada, e de lá saiam todos os parentes próximos e distantes do clã Brassard. Homens e mulheres com a cabeça erguida e prontos a enfrentarem qualquer coisa a favor da honra de seu nome.

— Não entendo o motivo de tantas pessoas para um dia como esse — o pai de Dan, sr. Anton Brassard, chegou à sala em sua cadeira de rodas.

Dan, que se encontrava de terno e gravata, na sala de estar, perto da escada, recebeu o genitor com um sorriso no rosto.

— O clã não está feliz por mais uma lei que se concretiza? — Dan semicerrou os olhos.

— A morte de alguém nunca é boa. — O sr. Anton disse, sério. — Mas se não preservarmos as leis, o que será de todos nós?

Dan ajeitou a gravata no pescoço e engoliu em seco, enquanto se aproximava do pai.

— A lei poderia nos salvar também, não?

— Ela foi criada para nos mostrar o caminho certo e aquele que a erra só mostra como não pode se unir a nós. — Anton fitou o filho. — Espero que entenda o bom propósito de nossas tradições, Dan. Ela somente está aí para direcionar e não permitir que anos de trabalho desmoronem sobre nossas cabeças.

— Tudo que temos são por causa de nossas tradições. — Uma voz aguda atravessou a conversa e os dois homens observaram Geórgia se aproximando. — Acredito que ninguém melhor que o Kafa de nosso clã deva saber sobre isso.

Dan analisou a atitude sorridente da irmã, que ficou mais próxima do pai de ambos.

— Hoje é só um comprimento para que todos saibam que nós não toleramos nenhum erro. — Geórgia tinha uma certeza tão grande, que a língua estalava na boca enquanto falava. — Acredita que eu seria um excelente, Kafa. Não seria, tatăl?

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