A trilha da floresta era o lugar quê eu mais gostava de correr, principalmente por ter privacidade, correr livremente de manhã ou a tarde sempre me causava uma paz mental absurda. Com o fone de ouvido sem fio, que havia esponjas nas quais cobriam minhas orelhas por completo, permitindo que eu conseguisse ouvir a música como se estivesse voando de fato pelas folhas. A primavera que finalizava o ano com as árvores tomadas pelas flores deixava o ambiente tão mais vivido e vibrava uma energia que até me permitia querer caminhar no campo só para ver a variedades de cores que existiam. Passando pela curva da trilha que me deixava longe de qualquer vista da avenida da cidade, continuei a correr em um ritmo que me permitia respirar sem cansar.
O problema de ir até o final da trilha era descobrir que a estrada havia sido tomada pelas flores quê caíram, escondendo o caminho a se seguir, então eu teria de voltar antes quê me perdesse. Levantei o olhar enquanto levava as mãos até as costas, esticando meu corpo para trás e sentindo meu topper esportivo molhado pelo suor, no entanto o caminho a minha frente não estava mais coberto pelas flores, como eu tinha visto, virei para trás, percebendo que a trilha pelo qual eu tinha acabado de passar, estava tomado pelas flores avermelhadas, franzi o cenho respirando fundo e devagar, tentando pouco a pouco recuperar o fôlego quê ardia meu peito por conta da movimentação brusca.
— Mas o quê... — Virei novamente para minha frente, onde seria o caminho que eu iria seguir, balancei minha cabeça, sacudindo as ideias, que acabou me deixando tonta por um breve momento. Peguei o impulso e continuei a correr, deixando meus passos me segurar enquanto a trilha me levava cada vez mais para o fundo da floresta, as árvores tinham seus troncos entortando para frente, deixando os galhos com as flores avermelhadas penderem para frente, como se fossem garras ensanguentadas. De repente meu fone de ouvido começou a falhar, a música tocando como se fosse um CD arranhado, enquanto meus passos vibravam na estrada.
"Cadarço... Desamarrado..." Levei minhas mãos até meu fone e o abaixei, prendendo-o no meu pescoço, virei para trás de impulso, mas não havia nada nem ninguém atrás de mim, o que me deixou atordoada, porém esse descuido me fez pisar de forma errada, senti meu pé esquerdo virar para o lado, torcendo o tornozelo, uma dor avassaladora subiu pela minha perna, despenquei contra a estrada ralando as palmas de minhas mãos, por um momento quase senti meu joelho perder a força ao cair. Me virei de frente, sentando na estrada, meu olho lacrimejou pelo ardor quê senti em minhas mãos e a dor pela qual ainda subia em minha perna. Levei meus dedos até o tornozelo quê havia torcido, no entanto travei meus movimentos ao ver meu cadarço desamarrado. Levantei o olhar novamente para frente, assustada com o quê tinha acabado de acontecer, o clima quente de repente esfriou, se tornando um frio quê corroeu meus ossos, uma névoa branca vinha em minha direção, juntamente com uma sombra no formato de uma pessoa, escura como uma tempestade, se juntando a mim, tão perto que tive de fechar os olhos pelo medo. Um arrepio passou pelo meu corpo, tão agonizante, não aguentei, apenas me virei para trás e me arrastei pela estrada, até tomar força e coragem de me levantar. Eu ainda estava sentindo o incômodo em meu pé, porém com o sangue quente e o medo que me assombrou, não pensei em nada.
Comecei a meio que correr, enquanto tombava para o lado de vez em quando, foi quando senti os galhos das árvores me arranhar, curvando para frente cada vez mais, impedindo a minha passagem até o final da trilha, mas aquela sombra ainda me perseguia, então fiz questão de continuar a correr enquanto erguia meus braços para proteger meu rosto daqueles galhos. O som quê aquela névoa passava eram gritos do vento, assombrosamente, me deixando apavorada enquanto virava meu corpo para trás novamente. Vi a tempo um daqueles galhos se mexer, abrindo em minha direção, como garras ensanguentadas.
Aquela garra se abriu sobre a minha cabeça, quê me fez cair no chão novamente, praticamente me joguei sentindo meu coração bater com força, me arrastei enquanto abria meus lábios e deixava o medo sair em um grito esganiçado, por um momento pensei que eu fosse sentir minha pele se rasgar com aquelas garras, mas enquanto eu deixava meus olhos fechados, eu sentia meu anel pulsando com força, olhei para minha mão vendo o líquido verde brilhando, pulsando o perigo que estava me rodando, olhei para cima rapidamente, mas ao ver uma pessoa se escondendo atrás de uma árvore, não pensei nem por um momento em ficar ali, virei para trás, pensando em como eu iria fugir daqueles galhos curvados, mas apenas senti meu corpo ser embalado em um abraço quê me apertou, acariciando minhas costas, relaxei meus ombros e respirei aliviada, eu conhecia aquele perfume, aquele toque quê me causava um alívio no nervo de minha pele. Soltei o ar com força enquanto lágrimas desciam pelos meus olhos.
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Poderes De Outra Dimensão - 2ª Temporada
Ciencia FicciónSegundo livro da obra Poderes De Outra Dimensão. 2ª Temporada. A Ilusão De Uma Mente Roubada. Olívia quase morrera na tempestade, mas Sam fora seu anjo da guarda, a salvou antes de sua última batida do coração. Ele a prometeu que ela teria uma vida...