Fatal!

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Aviso de Gatilho: Violência Psicológica

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- Eu sou a pior pessoa do mundo - Eu disse em alto e bom som.

- Sim, você é! - Célia Lundgrin concordou.

- Estou tentando melhorar. Eu juro!

Ela gargalhou.

- Gata, se você conseguir superar isso, eu tiro o meu chapéu para você - A apresentadora disse espantada - Deus do céu, isso está per-fei-to!

O cameraman focou nos lábios da modelo. A moça fazia caras e bocas enquanto apresentava o Fatal!

- A cor é maravilhosa - Célia ainda estava impressionada - Fixou bem, e ela acabou de passar nos lábios. Está sequinho, estão vendo?

A modelo fez o teste do guardanapo, beijou a superfície branca e mostrou para as câmeras, logo em seguida encharcou o guardanapo em água e esfregou nos lábios.

O batom líquido manteve-se fixo em ambas as ocasiões.

Aquele era o meu maior medo. Eu sorri, mais aliviada.

- Na criação de uma nova linha de batom, o maior desafio que encontramos é a fixação do batom, o batom líquido principalmente. Conseguir a fórmula correta para que ele não acabe borrando a boca de quem está usando, seja enquanto come, fala, passa o dedo pelos lábios ou, sei lá, esteja beijando. É extremamente difícil.

Célia Lundgrin ainda mantinha a boca aberta enquanto segurava o guardanapo sem mancha alguma.

- Ah, mas você conseguiu isso.

O sorriso que dei foi de orgulho.

- Foram muitos testes até chegarmos à perfeição.

A modelo voltou a fazer os seus carões. Célia pegou a embalagem do batom líquido e a embalagem do normal.

Ambas as embalagens eram intrigantes, sexys e desafiadoras. Eu gostava delas. Eu mesma as desenhei. Célia bateu com a ponta da unha no vidro da embalagem, só para identificar se era acrilico ou vidro.

- A embalagem também é linda.

- É vidro - eu disse - Duas camadas, alias.

Uma camada grossa de vidro transparente sobre outra camada mais fina, porém o vidro na parte interna da embalagem era de um vermelho tão vivo quanto o sangue. Entre ambas as camadas, o nome flutuava em negro: Fatal! Porque o amor é mortal.

Havia pensado em várias versões para o nome, a inicial era dourada, dando um aspecto mais luxuoso para a linha.

Mas não havia pensado nesse batom para ser luxuoso. Queria que ele fosse ousado, mostrasse poder. O nome preto com o último "A" em destaque, vermelho cromado, fora a versão perfeita.

Havia um truque de mágica em todas as embalagens da linha. O nome era refletido pelas luzes do ambiente, e por isso não importava de onde você estivesse olhando, sempre iria ver em destaque o nome Fatal!. Célia intrigou-se com aquilo, provavelmente se perguntando como era possível.

E mais uma vez eu sorri com orgulho de mim mesma.

A modelo se retirou e nós duas voltamos para o sofá, onde meia dúzia de câmeras estavam apontadas para nós. Célia ainda estava agarrada a embalagem quando sentamos.

- Então, me conta. Como surgiu essa ideia?

Eu cruzei as pernas, me projetei para a frente no sofá e esfreguei uma mão na outra enquanto fingia estar pensando na resposta. Eu já sabia o que dizer, havia ensaiado cada palavra no caminho para cá.