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Sei que estou sendo hipócrita ao admitir isso, considerando tudo o que aconteceu nas últimas horas e onde me encontro agora, mas me sinto culpada por tudo o que fiz.

Estou completamente nua na cama de Joseph, com ele dormindo serenamente enquanto seu braço direito me envolve. Ele também está nu, e o calor que trocamos é bom.

Minha cabeça descansa em seu peito, e consigo ouvir seu coração batendo calmamente enquanto ele me aperta. Gosto da posição em que me encontro. Ainda não sei que horas são, mas tenho certeza de que é muito cedo, pois o sol começará a emergir de todas as janelas do quarto, expondo-me a toda vergonha que deveria ter sentido quando entrei naquela casa.

Apesar de estar com Joseph e da visão incrível de seu corpo, não consigo olhar para outro lugar senão para a moldura na mesa de cabeceira, onde há uma fotografia de uma mulher que imagino ser Cecília. Ela posa para a câmera, segurando uma taça de bebida que não consigo identificar pela foto. A foto parece ter sido tirada em um bar, graças às mesas ao fundo e às pessoas rindo descontraídas ao redor. Ela é bem mais jovem do que imaginei.

Não fico surpresa por ele tê-la amado tanto. Nicole não exagerava ao comentar sobre sua beleza. Cecília sorri na fotografia; tem lindos olhos castanhos, pele alva e cabelos lisos cor de mel. Seu sorriso é um dos mais belos que já vi, e as bochechas levemente coradas a deixam ainda mais fofa.

Eu me pego pensando no quanto gostaria de tê-la conhecido. Talvez seríamos melhores amigas. Ou inimigas, dada a circunstância atual.

Joseph não tem muitas fotos dela em casa, o que me intriga. Tento convencer a mim mesma de que ela traz péssimas lembranças, mas não faz sentido dormir com uma foto dela próxima à cama se ele quer tanto afastar a tristeza.

Meu corpo está congelado. Vislumbrar sua beleza me assusta, e ainda há seu olhar, fixo em mim. Mesmo por trás de uma fotografia velha e com o sorriso meigo no rosto, parece estar me julgando.

Joseph e eu começamos o sexo intenso na mesa de jantar, no andar de baixo, mas não demorou muito para trazermos a festa para seu quarto. Transei com ele naquela cama, com a foto virada em nossa direção. Gemi tão alto que, se as paredes não fossem grossas, algum vizinho poderia ter chamado a polícia.

Quando terminamos, estava tão satisfeita que meu corpo amoleceu imediatamente. Deitei sobre o corpo de Joseph, com ele fazendo carinho em meus cabelos. Não falamos nada por pelo menos uma hora inteira, nos limitando a sentir a presença um do outro.

Foi bom, eu admito. Há momentos em que apenas a companhia da pessoa é o bastante para satisfazer alguém.

Apesar do sexo intenso e do orgasmo sentido, nossa noite de prazer não acabou ali. Transamos mais duas vezes naquela noite, uma na cama e outra no chuveiro. Depois disso, ele me pegou pelos braços e me carregou até a cama onde nos encontramos agora. Dormimos tão unidos que nossos corpos se fundiram e se tornaram um.

Foi maravilhoso. Nunca senti tanto prazer durante o sexo. Nem mesmo com Hugo. Mas o quarto estava escuro demais, e eu não tinha olhos para nada além de Joseph, por isso não notei aquela fotografia antes.

Estou aterrorizada. Culpada também. Mas, principalmente, aterrorizada. Imaginar que os olhos de Cecília estavam fixos em mim enquanto eu gemia o nome de seu marido me faz estremecer.

— Desculpa — sussurro para a foto.

Cecília mantém o sorriso gentil, mas Joseph se move. Ele murmura algo que não consigo ouvir, expira todo o ar de seus pulmões antes de virar a cabeça na direção contrária à minha. Apesar da movimentação brusca, ele não acorda. O que é bom. Eu não estava pronta para encarar Joseph, principalmente depois do nosso sexo.

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