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▬▬No momento, não sabia se minhas ações eram fruto de um resquício de afeto por Hugo ou se a culpa pelo que planejava fazer no dia seguinte me dominava. No entanto, o que fizera já estava feito, e não havia mais retorno.
Poderia dizer que me sentia culpada, mas o sexo com Hugo me trouxe boas lembranças de um passado distante que havia sido esquecido. Pela primeira vez desde minha recuperação, nosso sexo não foi monótono. Enquanto ele me penetrava e eu gemia, senti-me completa novamente.
Hugo foi gentil. Como se previsse o que eu estava tramando e, para se defender, usou a gentileza e o cavalheirismo como forma de desculpa.
Quando ambos gozamos, deitamos agarradinhos, dividindo uma última vez a nossa cama na suíte principal daquela casa horrorosa que ele comprou para nós.
Hugo se encaixou perfeitamente em mim, com os braços envoltos em minha barriga e o rosto em meu pescoço. Deu-me um beijo rápido e sussurrou:
- Eu te amo.
- Eu também te amo - respondi, acreditando, de verdade, que suas palavras eram verdadeiras.
Achei que Hugo mudaria para sempre depois daquela noite. Que voltaria a ser aquele Hugo gentil e amoroso que eu conheci anos atrás.
Não consegui dormir pelo resto da noite. Hugo aprofundou-se no sono e, em algum momento durante seu descanso, ele soltou-me, dando-me a chance de virar o rosto para observá-lo.
Dormindo profundamente ao meu lado, Hugo parecia indefeso, sem oferecer perigo a ninguém. Também parecia muito mais jovem e bonito. Deslizei minha mão pelo seu tronco despido e fiz carinho em sua barriga. Hugo não notou, sequer mudou de posição.
Então me aproximei ainda mais e pousei a cabeça em seu peito, só para ouvir seu coração batendo.
Enquanto ouvia o seu coração e sentia sua respiração, eu quase (quase mesmo) desisti do plano de envenená-lo.
Eram 03:56 da manhã quando me ergui da cama. O sono realmente havia me abandonado, eu estava nervosa demais para relaxar e dormir. Assustada também, um pouco preocupada, pensando no depois.
Saí do nosso quarto e caminhei sem fazer barulho para o quarto de Luan.
Ele estava adorável dormindo em seu berço, despreocupado com tudo o que estava acontecendo. Sorri e toquei suas pequenas costas, inclinando o meu corpo para beijar carinhosamente suas bochechas gordas.
- Tudo o que estou fazendo é por você - sussurrei.
Não estava mentindo. Era mais por Luan do que por mim mesma. Tinha medo do que ele poderia se tornar se fosse criado apenas por Hugo e o casal de dementadores. Do quanto ele sofreria se viesse a me perder ou, pior, se sequer viesse a lembrar de mim caso Hugo me matasse antes de ele ter ideia do que era ter uma mãe presente.
Afastei-me, com as possibilidades envenenando a minha cabeça. Observar Luan dormindo serenamente foi suficiente para renovar minha coragem, dando-me a força necessária para o que estava por vir.
O meu filho iria precisar de mim. Hugo podia ser um bom pai, mas estava longe de ser um bom exemplo, e Cirlene e Kriudis o odiavam. Não diziam isso com todas as palavras, mas uma mãe sempre sabe quando alguém não gosta do seu filho.
Desde o nascimento de Luan, Kriudis evitava pegá-lo no colo; sempre que Hugo oferecia o bebê para ele segurar, Kriudis recolhia os braços e dizia que estava sem tempo, dando as costas e se ausentando do ambiente.
Apesar desse desprezo, eu sentia menos raiva dele do que de Cirlene.
A mãe de Hugo era mais venenosa quanto ao bebê. Segurava-o nos braços e estudava seu rosto.

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Fatal!
Mistero / Thriller⚠️ Todos os direitos reservados ⚠️ +18| Status da obra: Em Andamento | Suspense Psicológico | Dark Romance Depois de meses turbulentos, Laura Arruda retorna triunfante à internet, consolidando-se no auge de sua carreira como blogueira de moda. Sua...