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Eu não consegui pregar os olhos. Pensava em Joseph, em suas palavras, no nosso abraço. Em seu cheiro e no timbre de sua voz dizendo o meu nome, afetando cada parte do meu corpo.

Virei de um lado para o outro na cama. Me cobri com os lençóis, tentando me proteger do frio do ar condicionado, mas depois fui atingida pelo calor e comecei a suar. Cobri meu rosto com o travesseiro, descobri-me e voltei a rolar pela cama de forma inquieta.

Meus olhos insistiam em ficar abertos, mesmo com minha luta para dormir. Não adiantava.

Sentei na cama e peguei meu celular, que estava carregando na cabeceira. O relógio marcava 01:53 da madrugada. Olhei para as persianas que fechavam as janelas e a porta de vidro que levava até a varanda, O mundo do lado de fora estava tão quieto.

Não vi Nicole chegar, mas provavelmente ela já estava na cama. Deslizei para fora das cobertas e toquei no chão gelado com as pontas dos dedos dos meus pés. Caminhei até a porta e abri uma pequena fresta. Minhas suspeitas estavam certas, Nicole estava no quarto, pois a porta estava trancada.

Voltei a fechar a porta do meu quarto, voltando para a cama. Sabia que não dormiria naquela noite; meu corpo estava elétrico demais para isso. Tinha que arranjar alguma forma de gastar toda essa energia. Mas o que eu poderia fazer? Tudo o que conseguia pensar era em Joseph e na forma como me tocou.

Guiei-me até a janela com vista para o jardim dele. Afastei um pouco as persianas e espreitei a casa dele. Estava tudo escuro. Claro, Joseph havia saído de um longo plantão e provavelmente estava no sono mais profundo que o seu cansaço poderia lhe proporcionar.

Sento na poltrona do meu quarto e vasculho o meu telefone. Forço-me a pesquisar, pela primeira vez, o nome de Joseph no instagram. Não havia muitos Joseph Schauren por aí, por isso o seu rosto foi um dos primeiros a aparecer quando terminei de digitar o nome.

Porra! Soltei um arquejo de frustração. Você tende a dificultar tudo, Joseph. Eu só queria ver uma foto sua no instagram, vislumbrar o seu sorriso só para alimentar a vontade que estava de ter você, mas a sua conta tinha que ser privada, né?

Meu dedo pende alguns segundos sobre o botão de seguir. Tenho medo das consequências que isso terá caso eu aperte. É um caminho sem volta. De certa forma estou pensando em Hugo e no caos que se tornaria caso ele descobrisse que comecei a segui-lo.

O que estou fazendo? Hugo não deveria intervir mais em minhas decisões. Ele não deveria exercer mais esse efeito em mim. Mesmo assim, hesito. Bloqueio o celular e o coloco de lado. Encostando nas costas da poltrona e encarando o teto escuro.

A luz do abajur no canto é a única iluminação que tenho do meu quarto. É o suficiente. Eu gosto do escuro. Ele esconde a vergonha que sinto por ter de admitir que estou apaixonada por outro homem.

Por acaso isso me torna uma vadia? Acabei de sair de um relacionamento, não posso pular imediatamente em outro. Mas, afinal, o que estou sentindo? Agindo como uma garotinha de 15 anos loucamente apaixonada pelo menino popular de sua sala. Eu sou uma mulher. Tenho 26 anos. Deveria ter mais controle dos meus sentimentos. Além do mais, nem sei se Joseph sente o mesmo por mim.

Quer dizer, ele admitiu estar apaixonado, mas até onde iria essa paixão? A maioria dos homens demonstra sentimento até conseguir o que deseja. No início,a atração que eu tinha por Joseph era meramente sexual, e não me restavam dúvidas de que Joseph compartilhava dos mesmos sentimentos. Mas e agora?

Volto a ficar em pé, caminhando de um lado a outro. A adrenalina não me deixa ficar parada. Eu queria tirar todas aquelas dúvidas. Queria mandar para ele uma mensagem. Queria que sua resposta fosse imediata. Até cheguei a pegar o celular e procurar o seu contato, mas desisti no meio do caminho.

Fatal!Onde histórias criam vida. Descubra agora