Aviso de Gatilho: Violência Física
▬
23
▬▬O silêncio dentro do carro tornou-se incômodo, não só para mim mas para Hugo também.
Ele não tinha a intenção de esconder a sua irritação. Os ticks constantes, o jeito que virava a cabeça em minha direção e olhava por bastante tempo, o som de sua respiração pesada, tentando conter alguma coisa. Eu, no entanto, me mantive encolhida no banco do carona, sem sequer olhar na direção dele. Estava incomodada com o silêncio do carro, mas não ao ponto de cogitar falar com ele.
Desbloqueei a tela do meu celular, só para ver as horas. 02:07, saímos mais cedo do jantar, eu não estava com cabeça, diferente de Hugo. Não subi mais ao apartamento desde que me levantei no meio da nossa discussão enquanto a ceia era servida, ou seja, eu ainda estava com fome.
Senti minha barriga roncar. Mesmo com a teimosia de Hugo em ficar, ele cedeu à minha exigência de querer voltar para casa, logo depois de eu ter ameaçado chamar um uber. Sair no meio do jantar de sua família, indo contra as ordens de seu pai e os comentários de sua mãe sobre eu fazer birra, irritou Hugo de alguma maneira. Eu sentia o seu olhar, a raiva contida.
- É isso, então? - ele murmurou - Vai continuar me ignorando até quando?
Eu não queria responder, então mantive-me encarando a paisagem pela janela. O silêncio voltou a cair, tudo o que ouvíamos era o silencioso barulho do ar condicionado; o som de seta sendo pedida e às vezes o barulho de um carro quando ele ousava nos ultrapassar. Era interessante como as estradas ficavam solitárias numa madrugada de natal.
- Isso é egoísta pra caralho, sabia? - Hugo bufou - Para caralho!
Eu finalmente tirei os olhos da janela e os levei para ele.
- Egoísta? - não consigo evitar o sorrisinho incrédulo que surge em meus lábios - Como exatamente isso é egoísta, Hugo?
Ele balança a cabeça em negação. Havia conseguido a minha atenção, agora que a tinha encolheu-se no banco do motorista, mordiscando os lábios com a sua raiva contida.
- Não, Hugo, Fala, onde que eu estou sendo egoísta?
Cruzo os braços, meu tórax está inflado em sua direção, eu queria, de alguma maneira, parecer maior.
- Você já tem a sua empresa - ele disse, num tom de voz ferido - Tem o seu futuro e sucesso, e eu não vivo metendo meu dedo nos seus negócios. Agora que eu quero participar de algo lucrativo também, você fica aí de birra? Egoísta! É isso o que você é. A porra de uma hipocrita egoista.
Sou tomada por uma vontade de socar Hugo, mas eu me contenho, enfiando as unhas em meu próprio braço.
- Os gastos que tenho com LauraAura são tirados do fundo da empresa - eu tento explicar, mas meu tom de voz não permite que eu seja compreensiva - É um dinheiro à parte, Hugo. Em momento algum eu tirei dinheiro do nosso fundo. Do nosso futuro.
Hugo nega aquela informação novamente com a cabeça.
- O dinheiro do fundo também é meu -- ele murmurou em tom de birra - Para o nosso futuro! Não sei o porquê de estar dando piti com isso.
- Você não me avisou -- eu tento me acalmar - Simplesmente não chegou em mim e perguntou se podia tirar 10 milhões de nossa conta.
Hugo sorriu, incrédulo.
- Você iria permitir?
É óbvio que não, a resposta estava na ponta da minha língua. Não havia nada que me irritasse mais do que ver Hugo trabalhando com o pai, era como se ele fosse uma bucha, absorvendo tudo o que Kriudis tinha a ensinar, incluindo a falta de caráter.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fatal!
Mystery / Thriller⚠️ Todos os direitos reservados ⚠️ +18| Status da obra: Em Andamento | Suspense Psicológico | Dark Romance Depois de meses turbulentos, Laura Arruda retorna triunfante à internet, consolidando-se no auge de sua carreira como blogueira de moda. Sua...