Fatal!

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As minhas roupas para a comemoração de ano novo foram escolhidas às pressas. Nicole simplesmente me levou ao shopping horas depois de ter me convencido a morar em sua casa enquanto reorganizo a minha cabeça e meus sentimentos por Hugo.

Entramos nas melhores lojas do lugar, sendo seguidas o tempo todo por vendedores assíduos para fechar a meta no último dia do ano.

- Nossa gerente era um pesadelo quando eu trabalhava aqui, você acredita? - Nicole havia comentado com um sorriso nostálgico - Graças aos céus que agora estou rica. Era humilhante demais ser tratada como cachorro por essa gente metida a besta.

Ela estava inspecionando um macacão dourado com pedrinhas brilhantes, tirou-o do cabide e o estendeu na minha direção.

- Conheci Roberto no meu último emprego - continuou - Ele estava procurando um terno para o seu trabalho. Briguei com as minhas colegas de equipe para atendê-lo. Homens ricos compram tudo o que oferecemos quando recebem elogios de vendedoras jovens; adorávamos quando eles surgiam sozinhos, sem a companhia das esposas. Toma, prove esse aqui.

Adicionei o macacão dourado as peças que pretendia levar para o provador, Nicole acompanhou-me de perto, escolhendo algumas peças para si. A sua ideia era escolher uma roupa que combinasse com a dela, que seria dourada. Parecia bastante animada ao deduzir os olhares das megeras do condomínio quando nos visse tão unidas.

- É uma pena que Robson esteja viajando - ela murmurou da cabine ao lado da minha - Eu tinha ideias magníficas para nós três - suspirou - Mas nós duas servimos. Não é? Deixe-me ver você.

Eu saí da cabine vestindo o macacão escolhido. A roupa serviu em meu corpo como uma luva. Nicole arfou, a vendedora que nos acompanhava soltou um arquejo.

- Agora só precisamos encontrar o sapato ideal.

Com a roupa escolhida, partimos para o salão de beleza, onde passamos metade do dia. As fofocas foram muitas, fui reconhecida por algumas pessoas que fizeram perguntas sobre Hugo e a minha marca de maquiagem. Eu fui rasa nas respostas, evitando falar sobre a separação.

Cheguei na casa de Nicole as 20 em ponto. Havia esquecido como era enorme, talvez uma das maiores do condomínio; o jardim era florido, alguns materiais de construção encontravam-se jogados no corredor lateral da casa.

- Não se preocupe com a obra - disse Nicole enquanto pedia ajuda a umas das suas empregadas para carregar as compras para dentro - Estamos construindo uma sauna

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Meu quarto ficava próximo ao de Nicole. Era amplo e agradável, com uma varanda própria virada na direção da casa de Joseph. Enquanto Nicole explicava como funcionava o ar condicionado, caminhei até a janela e bisbilhotei o quintal do seu vizinho. Meu plano não era vê-lo, fui tomada por uma curiosidade estranguladora para saber se havia alguém em casa.

- Ele estará na festa - disse Nicole para mim em tom apaziguador - Não se preocupe.

Eu congelei imediatamente.

- Eu não estava...

- Tudo bem, linda - Nicole sorriu - Você não me deve explicação.

Eram quase 22 horas quando fomos para o salão de festa do condomínio. Roberto dirigia lentamente enquanto Nicole lhe explicava, sem entrar em detalhes, os motivos para eu ficar em sua casa por alguns dias. Ele, no entanto, não pareceu se importar.

Fomos todos no mesmo carro. Nicole tinha a filha pendurada em seu pescoço, Roberto dirigia, e eu estava encolhida no banco de trás, hora olhando para a rua, hora encarando a tela do meu celular. Estava apreensiva, sem saber o motivo.