MY GINGER | Harry Styles

Senhoras e Senhores, os dois lados dos holofotes

Ginger Ale

Eu me olhei no espelho do camarim, pronta para enfrentar mais um dos incontáveis testes. A verdade é que nunca me acostumaria a receber tantos "nãos". Ultimamente, era só isso que eu ouvia.

— Com licença, querida — disse a figurinista, surgindo de trás do biombo de madeira que ela arrastou para mais perto. — Você pode se trocar aqui atrás. Vai te dar um pouco mais de privacidade.

Meu figurino, um vestido de crinolina bordado em azul e amarelo, com uma saia armada e diversas camadas de fita, estava estendido sobre duas cadeiras ao meu lado. Ocupava praticamente metade do espaço livre.

— Tudo bem — respondi. — Não precisa, pode trazer o vestido até aqui que eu pulo dentro dele.

Eu não me importava de me trocar na frente das outras garotas que aguardavam ansiosas para serem chamadas. E, com certeza, não queria parecer uma chata.

Enquanto tirava o casaco, as botas e o vestido, senti os olhares de todas sobre mim. Em segundos, eu estava de pé, vestindo apenas uma calcinha fio dental minúscula. Cruzei os braços sobre os seios, mas todo o resto estava à mostra: meus seios firmes e redondos, o bumbum levemente cheio, e minha barriga reta e definida.

— Aqui está — disse a figurinista, trazendo o vestido junto com sua assistente. Elas enrolaram o corpete para que eu pudesse entrar na saia armada. — Pule logo aí dentro.

O teste foi longo e exaustivo. O dia estava quente, e eu mal podia respirar dentro daquele vestido pesado. Às cinco da tarde, finalmente encerraram o dia. Eu estava atrasada para o meu trabalho.

Harry Styles

Estava sentado numa poltrona, ouvindo o entrevistador começar com toda aquela baboseira de sempre. Estava cansado da viagem e, logo depois, ainda teria um show para fazer. Meu humor não estava dos melhores.

Os 147 concertos que fizemos pela Europa, apropriadamente chamados de "temporada no inferno", renderam à nossa banda, Hotter than Hell, cerca de 560 milhões de dólares, e garantiram o título de turnê de rock mais lucrativa de todos os tempos.

Não satisfeitos e sentindo falta da cidade onde tudo começou, decidimos voltar para Los Angeles e encerrar a turnê em grande estilo. Eu e meus companheiros de banda - Mitch Rowland, Sarah Jones e Charlie Watts - fomos recebidos por mais de três mil pessoas no aeroporto.

Além de encher arenas pelo mundo e faturar alto, somos especialistas em criar polêmicas. Especialmente eu. O garoto problema, como Angelov gosta de falar.

Minha lista de admiradores é longa, mas também tenho minha cota de haters, como este merda na minha frente.

— Aqui quem fala é Rod, da KIIS FM, e estou ao lado da Hotter Than Hell. Los Angeles está prestes a perder a ordem, se é que algum dia já teve. Na última vez que a banda esteve aqui, encerraram a turnê com dois concertos tumultuados: 47 prisões e 120 desmaios. O que esperar dessa vez?

— Pais e mães, segurem seus filhos nestes próximos dois dias — disse Charlie, o baixista, trocando uma risada sincera com o entrevistador.

— A turnê de vocês foi muito lucrativa e extensa, como todos sabem... mas o que eu quero saber é sobre o álbum. Ele leva o nome da banda, e você — disse, apontando para mim — está na capa. Isso quer dizer que você se considera a grande estrela aqui? Você é o cara?

Ri sem emoção alguma enquanto o encarava.

— Eu nunca disse isso, sobre ser o cara... a grande estrela. Não coloque palavras na minha boca. Nosso produtor me quis na capa... todos aceitaram — dei de ombros, já um pouco irritado. Todos os entrevistadores tocavam nesse assunto quando se tratava de mim.

— Harry é nosso frontman. É normal que as pessoas o vejam e associem à banda, e vice-versa. Acho que é por isso que ele está na capa — interveio Mitch, em minha defesa.

— E contanto que ganhemos muito dinheiro... quero que se foda quem estrela a capa — disse Sarah, antes de tomar um gole de água e revirar os olhos.

Essa entrevista seria longa.

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(Capa do CD falado na entrevista)

(Nossos personagens principais)