18.

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Charlotte andou pelo corredor do escritório, ja de tarde, buscando seus minutos de alívio dentro desse único dia. Houveram inúmeras reuniões, teve que encarar o concelho mais uma vez, tão infeliz.

Ao entrar, como combinado, Cecília estava lhe esperando. Seus murmúrios estiverem ali por um longo espaço de tempo, antes que de fato notasse a presença da líder.

—Hábitos nunca mudam..– Charlotte passou pela mulher, indo até a sua cadeira.

—E por isso são confiáveis– a mais velha retrucou.

—Eu preciso dos seus olhos– a morena se inclinou na cadeira, deixando sua cabeça descansar no estofado.

—Ja os tem– Cecília era ácida, humorada, porém ácida. Seus hábitos eram quase sempre complexos, diferente da irmã gêmea.

Charlotte adorava os olhos dela, a sensação de enxerga-los totalmente diferente de todos os outros. Como espiã, a mais velha era perfeita para essa característica. São os olhos, os olhos são leais. Cecília é leal.

Amarga como sempre, Charlotte especificou os negócios. Seus funcionários quase sempre tinham consciência de como as coisas realmente funcionavam, mas Boss era sempre tão reclusa e tinha poucas palavras para dizer o que realmente queria.

Isso de fato nunca atrapalhou a eficiência do serviço, mas sempre causou medo. Diferente de Harry, ele sempre foi muito comunicativo.

Cecília saiu da sala com sua única missão na cabeça, lembrando dos olhos e da seriedade que aquilo lhe foi passado. Erros aconteciam, mas podem ser evitados.

Sua postura elegante passeou pela cidade em busca da sua próxima companhia, inquieta, foi como a mulher mais velha entrou no pub. Pouco movimentado e escuro, era perfeito para situação.

—Seja rápida, tenho outra pessoa esperando..– o inspetor levantou o pescoço, olhando a ruiva a sua frente.

—Estou colocando a minha honra em jogo aqui, é bom que tenha tempo disponível– Cecília cerrou os dentes, tentando ser o que sempre foi.

—Não caia nessa enganação, meu amor– a caranca de Campbell pareceu com algo que ela dependeria, e acredite, essa ideia lhe deu calafrios.

—Ela não está com raiva– começou movendo o quadril para o banco, suas mãos úmidas seguraram o copo a sua frente– na realidade está se divertindo, pretende te incriminar de alguma forma.

—Não tem nada contra mim– ele sorriu convencido– tem?

—Você é cuidadoso o suficiente para isso– aquilo soou como um elogio, e talvez de fato fosse.

A mão tocando suas costas provou que seu chute foi certeiro, ela não deveria estar preocupada de qualquer jeito. Campbell era fácil, era como um fantoche em cordas de náilon— são difíceis de cortar, a menos que você não tenha uma boa tesoura.

—Não me elogie em público, você sabe que tira o meu foco– ele disse em um sussurro, roubando uma risada anasalada da mulher.

—Não se preocupe, querido– seus cabelos ruivos ficaram em evidência, suas mãos  fizeram o mesmo que as dele, acomodadas em lugares diferentes, podia sentir o bolso do seu casaco.

—Terá a sua liberdade em pouco tempo– Campbell afirmou, se perdendo nos olhos da mulher.

—Nós teremos..– seus lábios beijaram os dele, com prudência e elegância. Suas mãos se moveram e então foram até o pescoço de Campbell, dando um singelo tapinha em sua nuca.

Foi como eles se despediram, intimamente trocando sussurros e com a mulher saindo pela porta que entrou. Avoada, inquieta e com muitas preocupações. Esse contato em público era perigoso, perigoso demais.

Boss lady [Peaky Blinders]Onde histórias criam vida. Descubra agora