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Conteúdo (+18)!!

“Beije minha alma como se dependesse disso para continuar vivendo”

Era uma frase pequena, com a letra fina e cursiva, atravessava parte das costas de Charlotte. Seus dedos se moveram no piano, e com a pouca inclinação que teve, pude ver suas costas nuas. E a frase seguir por dentro da sua costela.

Me lembrei do toque, mas nada explicava a visão daquelas feridas. Charlotte era sombria por si só, mas todas as marcas que guardava nas roupas de marca a tornavam ainda mais intocável.

Eram notoriamente chicotadas, daquelas que ninguém jamais seria capaz de esquecer o autor. Mesmo com a curiosidade, e com toda a sensação dentro de mim que deveria falar algo, me mantive fascinado por ela.

Não sabia em que momento isso se tornou tão intenso, mas os olhos daquela mulher eram como o brilho que eu precisava para continuar vivendo.

Eu realmente me odiava, mas deveria odia-la mais.

—E então, dói tanto assim? –perguntei derepente, mantendo meus olhos nela.

Não que eu fosse capaz de tira-los.

—Você não me conhece, não aja como se fizesse– sua voz era áspera como sempre, quase como tivesse deduzido algo em sua mente e não me contou o que era.

—Não afirmei nada, apenas te fiz uma pergunta– me defendi.

Boss virou seus olhos para mim, como se não pudesse acreditar.

—Acha que é ilegível?– ela perguntou em tom eufórico– não venha com essas intenções para cima de mim, sabemos bem o que você quer fazer aqui!

—E o que seria, Charlotte?!– perguntei abruptamente, era uma maluca.

Seu corpo se ergueu, me olhando com o nariz empinado. Sua alma gritava pela verdade absoluta, e a minha simplesmente queria que ela falasse.

—Não me chama pelo nome, não é como se você fosse honesto o suficiente para isso!– Charlotte caminhou para longe de mim, negando algo com a cabeça.

—Por que está agindo assim?– perguntei, me aproximando dela novamente.

—Fica longe de mim!– sua voz me atingiu, como nunca tinha feito antes.

Pela primeira vez em todos esses meses, Charlotte falou alto. Seu tom era audível o suficiente e não tinha nenhum tipo de elegância, era seco e cru. Como se seus sentimentos fossem profundos o suficiente para arrancar sua pele.

—Você está me matando, e ainda quer ficar por perto?– ela se virou para mim, me encarando completamente.

—Achei que esperava por algo assim– dei de ombros.

—Eu esperava que você jogasse meus malditos remédios no rio, que queimasse a minha família, a minha vida e os meus negócios– ela voltou para perto, ficando tão abrangente com sua proximidade quanto com suas palavras– se tem que fazer algo, faça de uma vez, mas não tem direito de me matar aos poucos.

—Você sabe..– apertei as mãos, no impulso de querer toca-la por tempo suficiente.

—Se não tem a intenção de me devolver, apenas me mate de uma vez– sua voz retornou a ficar baixa, como se estivesse suplicando por isso.

Boss lady [Peaky Blinders]Onde histórias criam vida. Descubra agora