26.

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—Talvez isso seja loucura..–Call repetiu pela milésima vez, então tudo que eu poderia fazer por ele era bufar.

Meus irmãos tem uma coisa que eu não tenho, medo. Eles aprenderam isso com sua mãe, analisar uma situação e se hiper-focar nisso. As vezes pode não ser nada, as vezes pode ser tudo, mas nos dois casos, é simplesmente inútil fazer um alvoroço.

—Call, tenha piedade de si mesmo!– revirei os olhos, passando pela penúltima sala da casa.

Estávamos andando pela casa inteira, vendo se havia algo que os Shelby não poderia ter contato em hipótese alguma. Tenho muitas dúvidas que eles vieram para o andar de baixo tão rápido, mas aqui estávamos.

—Tenha piedade da gente..– Harry me acompanhou.

Abri a porta da sala, igualmente a todas as outras vezes. Não era conhecida por autoridade com os funcionários, parte das minhas ordens não precisam de uma instrução.

Em alguns casos precisamos ser explícitos, em um nível que cansaria qualquer um. Costumo gostar dos funcionários antigos, e personalizar os novos, mas de qualquer forma ambos são falhos e, boa parte de tempo, precisam ser testados.

—Escutem..– entrei na sala, me deparando com tudo que não deveria estar na casa.

Havia tantos quadros de família, tantos quadros de Richard e Ítalo. Aquelas eram todas as minha memórias acumuladas em um só ambiente. Algumas estavam organizadas, outras estavam simplesmente apoiadas nas paredes.

—Temos que nós preparar para algo?– Caesar perguntou simples, enquanto todos trancavam sua felicidade em uma caixa minúscula.

—Agora que John tem o dever de fidelidade ao meu sangue, os atos do seu irmão não serão mais tolerados– me virei para todos, completando a rodinha que havia se formado– agora que o concelho está prestes a ser quebrado, os segredos do nosso pai vão explodir.

—No caso de John se revelar, e não aceitar as consequências?– Harry perguntou sério.

Meu irmão não estava chateado com o anúncio, ele sabia disso, foi uma das minhas cláusulas.

—Terei um problema a menos– encarei sua expressão facial, analisando qualquer movimento de deslize.

Todos eles estavam mais do que acostumados com esse tipo de análise, não por mim mas sim por nosso pai. Eu tinha planos, deixar John entrar livre fazia com que meu irmão estivesse ciente que o erro final seria do amigo, e não meu.

—O que importa agora, é que estou com um lugar vazio ao meu lado– olhei para eles em um conjunto– e eu preciso que ele seja ocupado por alguém, não apenas de confiança, mas alguém que dívida da mesma mente que a minha.

—E é por isso que vai derrubar o antigo concelho?– a voz de Angelo me atingiu, podia ver seu sorriso.

—É extremamente por isso que eles estão se queimando– expliquei sem me virar para vê-lo– a família deve estar avisada de que a alta cúpula está prestes a receber inimigos ou novos aliados, por isso, o papel de vocês precisa estar claro.

Angelo parou ao meu lado, seu olhar era claro, era específico e me dava esperanças de apoio. Esse lugar me deixava ainda mais em alerta sobre meus planos e suas consequências, esse lugar era a ruína da minha herança, ou a estabilidade da minha família.

Mantive meus olhos em meu avô, analisando suas expressões e tudo que elas me diziam. Soube da sua antiga carta, e soube também que estava vindo até nós.

—Tem a minha lealdade e amor– Caesar foi o primeiro, aproximando-se de mim e tomando minha mão direita para si– o seu sangue é o meu!

Seu beijo não chegou a encostar no brasão da família, apenas na minha pele, mas o fato de sentir seu cheiro incriminava a sua presença. Minha resposta ao seu ato foi um simples beijo em sua têmpora, manchando levemente sua pele com o batom vermelho.

Boss lady [Peaky Blinders]Onde histórias criam vida. Descubra agora