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Aviso: esse capítulo pode ter menções a violência, isso te causa gatilho!!

Novamente as botas brancas, novamente as roupas marcantes. Novamente os olhos claros e verdes atravessando a sala dos Shelby.

Polly gostou quando a mulher passou pela sua porta, teve a sensação que isso estava se tornando frequente. Logo teve um pressentimento sobre o incidente de mais cedo.

Ela cobraria contas, ou estava ali pela paz?

Suas botas passavam uma mensagem, e sua linguagem corporal outra. Entretanto, a companhia era mais do que agradável. Quanto tempo fazia desde a última vez que Polly os viu juntos, a dupla dinâmica.

Caesar e Charlotte por muito tempo foram como unha e carne, eles eram os escudeiros do pai. Enquanto os outros filhos, exceto Call, eram grudados a sua mãe e a suas dores, os dois eram como uma fortaleza para a alma vazia do falecido homem.

Polly teve tantas oportunidades dentro daquela família, e por algum motivo gostaria de poder dividir elas com sua família. Era estranho não conseguir.

-Eu sinto muito pelo horário- Caesar começou- deveríamos ter vindo mais cedo, mas minha irmã está incrivelmente ocupada.

-Não se preocupe, querido- Polly estendeu as mãos, pedindo para ambos se sentarem.

Infelizmente ambos negaram com educação, eles balançaram a cabeça com um sorriso composto. Ficaram de frente para a mesa de jantar, próximos ao degrau que havia entre a passagem para a saída da cozinha.

Charlotte encarou o ambiente, com certa angústia. Os três irmãos estavam sentados lado a lado a sua frente, observando enquanto esperavam que sua tia fizesse sua hospedagem.

-Tenho dois motivos para estar aqui, e vou ser direta entre esses dois- a mulher disse firme, dando alguns passos em direção a mesa- não quero tomar o tempo de vocês, e nem o meu.

Tommy levantou o olhar do seu relógio, observando enquanto a mão avermelhada se estendia para seu irmão mais velho. Ele pareceu surpreso, as unhas pontudas e vermelha, era uma atitude anormal.

-Eu sinto, realmente, pelo que aconteceu mais cedo- ela encarou Arthur, batendo os pés no chão e respirando fundo.

Houve uma resposta demorada, Arthur não pareceu nem um pouco interessado em apertar sua mão. A mão da mulher nem ao menos tremeu depois de alguns segundos, ela manteve sua decisão final de ter a estendido.

Polly, por sua vez, se agonizou com a demora do sobrinho. Ele poderia estar brincando com a cara de Boss, mas nem mesmo Thomas, que tinha o triplo de motivos para odia-la, se recusaria a apertar a mão dela.

-Você poderia ter me matado- Arthur franziu a sombrancelha.

-Eu posso te matar- ela disse cética- mas não fiz, e, no momento, não pretendo.

-Isso é uma promessa?- o mais velho sorriu presunçoso, impressionado com a resistência dela em ficar com a mão estendida.

-Não tenho motivos para fazer uma promessa a você, Sr. Arthur- Charlotte disse, dessa vez um pouco mais grosseira do que dá última.

Arthur apertou a mão de Boss, sem pestanejar demais. Estava começando a achar que, assim como ele, ela foi obrigada a pedir desculpas. Não era para menos, eles estavam em um hospital.

Thomas observou enquanto ela não tinha nenhum tipo de repulsa a apertar a mão do irmão, ou se encarar e responder sua perguntas inúteis.

Por outro lado, estava curioso pelo segundo motivo. Esperava, internamente, que tivesse algo haver com ele, ou que ao menos não tivesse nada haver com sua carga.

Boss lady [Peaky Blinders]Onde histórias criam vida. Descubra agora