Boss lady [Peaky Blinders]

31.

Gatilho: VIOLÊNCIA!

Seu corpo estirado nas plumas do tapete, enquanto as gotículas de sangue grudando em cada poros do seu corpo. Charlotte podia ver seu reflexo no espelho do canto, a postura agachada pronta para analisar bem os olhos da sua vítima.

Suas botas de camurça estavam manchadas, mas ainda eram o que prendiam a atenção na personalidade da mulher. Ela parecia jovem, seu cabelo muito mais escuro.

— Veja o que fez..– o corpo estirado suplicou com dificuldade, enquanto ela tentava ao máximo sair da posição de vilã para ver o rosto.

O corpo dela se manteve nessa postura, como se odiasse por completo a pessoa que estava ali, convencida de que ela merecia. Charlotte conhecia bem aquela postura, sabia qual era o final daquilo.

— E tudo que te dei foi amor..— Os olhos de Richard queimaram os seus, como estivesse declarando guerra com a própria filha.

— Eu não fiz isso..— sua voz saiu agressiva, se vitimizando o máximo que conseguiu.

— Você mente mal, figlia..— o rapaz  sorriu.

Seus dentes manchados de sangue insultaram Boss, a mulher saiu do controle. Seu corpo se esticou, de pé, suas mãos apertaram o couro do chicote. Sua imagem passou a ser uma terceira pessoa, ela não tinha nenhum poder sobre aquilo.

O rosto de Richard se desfez em horror, seus olhos saltados como se nunca estivesse dispostos a tal imagem. Mudou a direção do seu rosto, por milésimos de segundos se livrando da ponta fina e cheia de pressão do chicote bater em seu rosto.

Ele grunhiu alto de dor, enquanto horrorizada Boss tentou caminhar até sua direção. Charlotte podia sentir suas próprias mãos segurando aquele objeto, podia sentir a dor de ferir o próprio pai.

— Maldita seja!— ela gritou, imediatamente saindo do seu transe.

Boss acordou em um pulo, quando uma mão tocou o seu ombro direito. Deitada no chão ela abriu os olhos rapidamente, puxando o corpo da outra pessoa. Seus braços passaram pelo seu pescoço, apertando cada vez mais.

Seus sentidos foram maiores do que sua consciência. Junto ao sonho, pareceu um toque repentino e ameaçador. Para sua natureza, ela deveria proteger tudo e todos, mas sua sanidade física acabava sempre tendo problemas.

Firmou seus joelhos no chão do quarto, apertando cada vez mais o pescoço masculino. Thomas se levantou como pode, ainda sufocado pelos braços da mulher, sua única saída foi cotoveladas em seu estômago.

Quando o aperto se afrouxou, ele teve certeza que poderia dar apenas uma pancada para trazê-la de volta a consciência.

— Acorda!— ele gritou de forma que Polly nunca viu antes, empurrando o corpo de Charlotte para longe.

— Charlotte!— Polly gritou alto, com certa autoridade.

Esperando que aquela discussão não se voltasse de um incidente para motivos maiores. Ontem foi um dia de bênçãos, mas uma infeliz noite para Boss. A mulher estava cada vez mais sendo afetada pela falta de seus remédios.

Isso não mexia apenas com as suas células musculares, mas também com seu comportamento. Era psicológico e ao mesmo tempo fazia com que Charlotte quisesse acabar com a dor de uma vez.

— Você está ficando fora de si!– Thomas esfregou o pescoço, enquanto a mulher estava de joelhos no chão.

Boss apenas levantou o olhar para ele, incrédula. Sua consciência não estava de volta, pelo contrário, ela ainda assistia seu próprio personagem torturar seu pai. Isso se misturava com a realidade.