Me contive como pude, me reprimi como nunca. As certezas que tanto afirmei na realidade não eram nada, e as que tenho agora são vazias. Infundado, foi como pela terceira vez encarei os olhos verdes.
Hábito esse que, para a ruína da minha alma, não poderia ser pior. Olha-la tão disposta, significativamente liberta. Me pergunto onde tanta liberdade foi estar por todo esse período de tempo. Porventura fosse uma ilusão da minha cabeça, mas a forma como ela se moveu me deu liberdades.
Liberdades essa que, aparentemente, estou prestes a tomar. Caminhei até a mulher no balcão, enquanto insignificantemente ela virava o seu copo de whisky. Quando Charlotte se virou para frente, prestes a voltar para o seu pedestal, já estava a sua frente.
Parado como o nada que eu era, diante dela. Estava na hora de simplesmente aceitar, de analizar o quanto mentir é um erro nessa questão.
-Posso te ajudar?- ela encostou os braços no balcão, tentando manter uma distância entre nos dois.
Não disse uma palavra, parecia inútil. Ajudar é mais do que ela pode, mas parece ser a única migalha que quer me proporcionar. Eu poderia ficar com raiva, com raiva de todas as coisas relacionadas a ela, mas ao invés disso estou agindo como um adolescente.
Quem me proibiu de ser irracional apenas uma vez?
Meu pulso estava acelerado quando eu a puxei para fora do salão, para longe da vista de qualquer outra pessoa. Não soube exatamente o que ela poderia fazer para me impedir, não tinha medo disso.
-Shelby?- Charlotte me chamou.
Andei até o que poderia ser um sala vazia, passando por pessoas que mal sabia o nome. A mulher comigo agarrou o meu pulso, segurando firme o suficiente para chamar minha atenção.
-Thomas?- ela chamou novamente, dessa vez um pouco mais irritada.
Passamos pela porta, e minha mente finalmente pode ter raciocínio lógico. Eu estava enlouquecendo, tinha perdido totalmente o pouco juízo que me faltava.
-Me diga o que diabos você está fazendo!- a mulher continuou segurando meu pulso, enquanto empurrava a porta.
Empurrei o corpo de Charlotte contra a porta fechada, silenciando o começo de um diálogo. Se ela falasse, quase que imediatamente, teríamos que discutir sobre algumas coisa. Teria que sentir coisa, lembrar de coisas e ser o mais calculista que poderia.
Eu não queria pensar, não queria ter que estudar uma situação. Ela já me deixava maluco o suficiente, suas situações já me deixavam insano o suficiente.
-O que diabos eu estou fazendo?- perguntei grosseiramente- Me diga o que diabos você fez!
-Thomas..- a mulher arfou, movendo a cabeça para o lado oposto.
Seus saltos bateram no chão de madeira, enquanto o seu cheiro inundava meu ofato. Estávamos próximos o suficiente, meu corpo impedindo o dela de se mover.
-Não sei sobre o que está falando..- ela voltou depois de uma longa pausa.
P.O.V Charlotte:
-Você sabe..- Shelby retrucou como um animal, inalando todo o odor que saía dos meus poros.
Quando ele me puxou, esperava que assim como eu estivesse prestes a quebrar a fina linha que nos sustentou nessa história. A dança foi tão normal como deveria ser, mas sair de lá e assitir seus olhos atentos foi a minha punição.
Thomas tinha muito poder dentro de si, não sei exatamente se sabe sobre isso. Todas as vezes que ele me olha sinto que há algo prestes a se dissolver dentro de mim, algo que nunca poderá voltar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Boss lady [Peaky Blinders]
FanfictionOs Beaumont são líderes em todos os patamares da sociedade, sendo os maiores influenciadores na bolsa de ações. Líderes do concelho principal das uniões estrangeiras da máfia. Charlotte sempre foi centrada na sua única vantagem ao mundo, sua lideran...