Boss lady [Peaky Blinders]

32.

Todas as vezes que Charlotte desejou algo, querendo ou não, ela desejou aquilo com toda sua força. Mover céus e terras era pouco para o poder que ela precisava ter para conquistar algo.

Muitos a chamavam de presunçosa, com toda a futura que seu pai deixou, qual a necessidade de querer tantas outras coisas?

Pois é..

Para Charlotte, era exatamente o inverso. Se seu pai conquistou tanta fortuna, significa que o negócio tem prosperidade em outras áreas. Ela não seria tola o suficiente para manter todos os seus negócios apenas com aquilo que seu pai já tinha.

Ela desejou todos os negócios que obteve, desejou todas as alianças, todas as estratégias. Ela desejou até mesmo os dias de luta, onde seu desejo não seria suficiente para mantê-la firme.

E agora, beijando os lábios do cigano com o corpo praticamente jogado para cima dela, ela desejou nunca ter gastado todos os seus desejos. Se ao menos esse fosse o último, que ele fosse por algo que ela queria com o coração e não com a mente.

- Então é isso..- ela sorriu em um bufo, franzindo o cenho- não nos odiamos mais?

- Acho que entendeu errado..- Thomas continuou próximo do rosto dela, mas sério do que qualquer uma das outras vezes- eu ainda odeio..

Charlotte ficou em silêncio, com um sorriso presunçoso que sempre acolheu bem a sua fisionomia. Thomas achava que poderia rodear o assunto, que poderia agir como faz com as outras pessoas.

A verdade, nua e crua, é que não havia uma vez em que os olhos verdes encontraram os seus que ele não se sentiu completamente exposto. Ela sabia de tudo apenas um olhar, ela sabia que podia se comunicar com ele e com sua personalidade, apenas de olhar para seus olhos azuis.

O motivo de toda essa intriga, eu realmente não saberia te dizer, mas foi quando Thomas abriu sua fisionomia, quando seu rosto ficou claro.

- Ainda odeio o fato de não conseguir fugir do quanto penso em você- a voz do moreno foi simples, de nenhuma forma demonstrou insegurança.

- Isso é preocupante, Sr. Shelby- ela fingiu modéstia- estou cogitando aceitar a proposta de Angelo, colocá-lo como meu consigliere.

Thomas apertou o corpo da morena contra o seu, ele poderia estar delirando.

- E você sabe, é complicado quando a convivência profissional é interrompida pela paixão- ela aproximou seu rosto do rapaz, sussurrando- podemos definir assim? Paixão?

- Você não tem noção dos impactos que causa- ele ironizou em sua cara- é muito negligente, Sra. Boss.

- Não vamos começar com os insultos verdadeiros, Thomas- ela sorriu, estreitando os olhos- sabemos quem ganha..

Thomas beijou seus lábios novamente, na possibilidade de nunca sair daquele instante. Charlotte era irregular, tinha seus altos e baixos muito rapidamente. Ele poderia perder a oportunidade de tirar seus pensamentos da frente, apenas por escolher o caminho contrário.

- Quando vamos para cama, novamente?- ele perguntou sem filtro.

- Quando não estivermos bêbados- a mulher respondeu.

- Pretende beber hoje?- Thomas afastou seu rosto, apenas para enxergar melhor sua reação. Recebeu uma risada em troca, antes deles serem obrigados a descer.

[...]

- Qual é o drama de hoje?- Charlotte entrou por completo na sala, com a dificuldade de manter seu corpo de pé.

Seu avô prestou atenção no seu comportamento, como se fosse a primeira vez que o fizesse. Todos ali sabiam que fora daquele ambiente ela ficaria completamente diferente, jamais demonstraria vulnerabilidade.