Sempre foi você || (Marichat-Adrienette-Miraculous)

22 - Último dia

"Mamãe, eu não quero que chore se eu não voltar pela manhã, dessa vez"
Bohemian Rhapsody - Queen

-
-

Marinette's pov:

-

Pego meus materiais no banheiro do ginásio. Guardo-os em minha mochila e assim que fecho seu zíper, minha cabeça é invadida por uma melancolia inerente.

Hoje era meu último dia em Paris...

Suspiro e coloco a bolsa em minhas costas.

Ponho minhas mãos na porta do meu armário, para fechá-lo. Fecho-o rapidamente, como se todos meus problemas estivessem dentro dele. Mas não estavam...

Apoio minha cabeça no compartimento e despenco um soco no armário, descontando meus sentimentos.

- Ah, Marinette... - ouço a voz doce e aguda de minha Kwammi chamar por mim, no bolso dianteiro da minha mala.

- Por que tinha que ser assim, Tikki? - pergunto, com a testa grudada naquela gélida superfície de metal

Ela não diz nada, mas conhecendo-a, sei que experimentava da minha negatividade também.

- O pior de tudo é que o Adrien faltou... - meus olhos lacrimejam. - Justo hoje...

Minhas palpebras se comprimem, na esperança de que quando meus olhos abrissem tudo estaria resolvido. Solto ar pela boca e me afasto do armário.

Era tudo real...

E eu não poderia me despedir...

Quer dizer, passei o dia todo perto dos meus melhores amigos. Tentei fazer tudo que sempre quis com eles.

É... Não consegui nem metade do que sempre desejei, na real. Mas pelo menos, eu os vi.

Mas em relação á Adrien... Nem isso.

Interrompendo minha lamúria, ouço a porta ser batida.

Passo meus dedos pela minhas maçãs do rosto, na intenção de mascarar as lágrimas que meu corpo produizira há alguns segundos.

Direciono meu olhar ao barulho e, então, meus olhos ganham cor.

A pequena e retangular janelinha de vidro na parte de cima da porta revela os fios loiros de meu amado.

- Entra. - digo em um gaguejo.

Assim como eu esperava, Adrien adentra a sala com um olhar preocupado e assustado.

- Tá tudo bem? Eu ouvi uns barulhos e... - ele encara minha feição e arqueia as sobrancelhas. -  Você tava chorando?

Fico um pouco envergonhada e espantada com sua presença repentina, porém, sinto um frio na barriga e uma felicidade suave invadir meu coração. Eu poderia vê-lo uma última vez.

Sem pensar duas vezes, largo minha mochila no chão e dou passos delicados até ele. O garoto me encara sem compreender, mas não pronuncia nenhuma palavram.

Assim que ficamos cara a cara, lambo meus lábios, comprimo meus olhos e sem cerimônia dou-lhe um abraço.

Envolvo seu corpo pelos meus braços, de forma que meu rosto ficasse completamente encostado em seu abdômen.

O loiro parecia assustado com meu ato e não o retribuiu, permaneceu apenas com os braços imóveis e colados em seu corpo. Mesmo assim, continuo.

Neste instante, sinto-o como se fosse minha âncora, estagnando-me em minha vida.
E então ele retribui o carinho, sobrepondo as mãos em minhas costas. Lágrimas voltam a se formar, mas eu as seguro. Ali, em seus braços, vejo-me segura, confortável e em casa.