43 - Minha escolha

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"Enquanto a Terra se despedeça, ah é com você, garota, que eu me deito"
As the World caves in
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Marinette's pov:

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Acordei com o sol em meu rosto, fruto da cortina mal fechada.

O coração de Adrien palpitava em meu ouvido, enquanto sua respiração calmamente atingia meu cabelo.

Inclino um pouco o rosto só para observá-lo. Ele dormia como um anjo, o que era extremamente reconfortante, pois depois de tudo, o esperado é que nem dormisse.

- Bom dia, meu amor. - minha voz sai em tom suave.

Seus olhos verdes despertavam aos poucos, alheios ao ambiente.

- Bom dia.

Levanto um pouco, descolando minhas costas da cama.
Queria poder enxergar suas emoções.

- Como você tá?

O garoto não diz uma palavra.

Sinto que minha pergunta foi um gatilho para que ele se lembrasse do que acontecera antes de ele dormir, ontem a noite.

- Tá tudo bem se não quiser levantar... - acaricio-o por cima de sua camisa, mantendo um sorriso consolador, por mais que não houvesse nem um pingo de positivismo dentro de mim.

E, como eu bem sabia, dentro dele também não.

- Eu... me desculpa. Eu só não consigo acreditar que é real... - faz uma leve pausa, arregalando os olhos com uma expressão incrédula e sentimental. - Tipo...? O que aconteceu ontem... Eu...

Sem cerimônias, envolvo-o em mim.

- Tá tudo bem, eu estou aqui.

Em instantes, seus olhos já molhavam minha camisa. Apoio meu queixo em sua cabeça enquanto acariciava suas costas em toques suaves, porém desesperados em trazer-lhe conforto.

- Então é isso? O meu pai é um monstro?

Não sou capaz de confirmar isso, porém meu silêncio responde por mim.

- A minha mãe... - ele suspira, como se fosse dizer algo, mas então desiste. - Meu Deus, como eu sinto falta dela....

- Eu sei. Eu sei...

- Mas eu jamais faria isso, milady. Eu... Eu jamais faria...

- Eu não tenho dúvidas disso.

Seu rosto se afasta de meu peito para que seus olhos me fitassem. O loiro secava suas lágrimas com as pontas dos dedos.

- Por que ele tá fazendo isso? - indaga-se, em um tom característico de decepção. - Ele pode não ser o melhor pai do mundo, mas não parecia um...

Não termina a frase.

Talvez por vontade própria, ou só não foi capaz de escapar de seu próprio choro.
E quando eu vejo isso, também não escapo do meu.

- Amor...

- Eu nunca notei. Nem por um segundo... Que tipo de herói eu sou?

- Não é culpa sua. Quem imaginaria algo assim? - afago seus cabelos, abraçando-o novamente.

Ele se aconchegava em meu toque, como se precisasse dele.

- Eu não... - ele solta baixinho, entre ruídos. - Minha vida não é nada mais que uma fantasia...

- Não fala isso.

- Mas é a verdade. É a verdade... Eu nem sequer posso acreditar.

- Adrien...

- Eu não sou real, milady. - sinto seu choro se intensificar, quase como se ele estivesse desabando - Eu não sou nada...

- Me escuta. - delicadamente, seguro suas bochechas com minhas mãos, forçando-o a me encarar. - É claro que você é real e não existe dúvidas nisso.

Meus dedos deslizavam sobre sua face, secando lágrimas.

- Eu sei que você se sente um fantoche dele, mas não é. Quem esteve vivendo esse tempo todo foi você, Adrien. Suas palavras, seus sentimentos, suas ações. Você não é o seu pai. Nunca foi.

Ao mesmo tempo que parecia estimulado pelo o que eu disse, ainda assim estava desconsertado, lutando contra um impulso lamurioso. O seu olhar era penetrante, realmente uma janela de sua alma machucada e angustiada.

- Eu não sei... - sibila com um timbre jocoso. - Me desculpa eu não sei mais nada.

- Olha pra mim. Não vai existir mais nenhum dia que você não faça suas próprias escolhas. Ele não vai te controlar mais enquanto eu estiver aqui. Eu juro.

Ouvir isso foi o gatilho que eu apertei, para que ele se atirasse em meu corpo novamente.

Seus dentes batiam-se com certo fervor e sua coluna estava trêmula.

- Eu o odeio. - solta como um cuspe. - Todos esses anos... Eu me esforcei tanto pra nada.

- Nada foi em vão, nós vamos vencer isso.

Sua respiração se torna mais serena, apesar do caráter lânguido que sua expressão assumia.

- Não sei se posso... - confessa, com certa culpa. - Não sei se sou capaz de machucá-lo.

- Ta tudo bem. Você não precisa... Ele não precisa se machucar. - sorrio, condescendentemente. - Vamos fazer do jeito certo.

Meu namorado apenas se releita, aconchegando-se em mim cada vez mais.

Estava longe de ser algo fácil de lidar.
Entretanto, superando todas as fraquezas e medos sublimes, eu realmente acredito em nossa vitória.

Ele, no entanto, não sei, mas preciso que acredite.

Ficamos um tempo assim, trocando afagos carinhosos. Ás vezes ele desabafava um pouco mais, ás vezes se calava. Eu continuei ali. Porque, apesar de tudo, ele só precisava de alguém.

E parte do meu coração se quebra quando me recordo de que precisaria mentir para ele de novo. Que precisaria deixá-lo ir á Londres e estar alheio á disputa contra seu próprio pai.

Mesmo que quisesse - e eu tive a impressão que queria - não vamos permitir que ele lute. Infelizmente, essa é a última escolha que tomei por ele.

E prefiro me arrepender disso, do que me arrpender de tê-lo feito sofrer as consequências que isso causaria.

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e obg por ler este cap

beijinhosssss

Sempre foi você || (Marichat-Adrienette-Miraculous)Onde histórias criam vida. Descubra agora