This Love

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Começamos a nova fase da fic. Afinal, se a morte de Rissa não poderia passar em branco, a de Misty também não. Vou tentar mostrar como essas seitas manipulam a cabeça das pessoas. E os Portare que são os nossos Comensais da Morte vão surpreender. Escolhi todos com carinho e amor. Os Comensais daqui não são de dar na cara como os da Inglaterra. E eles são piores, justamente por isso! Não jogam fogo maldito, eles são o fogo maldito.

    Dois dias se passaram desde que dei uma morte dolorosa para aquela maldita do caralho. Estou pensando seriamente em voltar para casa no meio do ano porque agora seria estranho. Não existe mais razão para permanecer aqui. E acho que as coisas já tiveram seu ponto final. Mon tem sido meu único motivo para permanecer. Eu não consigo resistir á ela. Entende o que eu digo? Só que não sei se ficar aqui até o fim do ano seja favorável só por ela estar aqui, ainda mais fazendo parte de dois grupos de extermínio de pessoas, algo que eu não concordo mais há anos.
     O Governo Brasileiro Da Magia mudou o governante recentemente. Até essa mudança, só faltavam o Brasil e o Uruguai para que a América do Sul fosse contra os nascidos trouxas, novamente. A frente ampla anti-trouxas voltou com tudo para a América depois que o presidente da magia dos Estados Unidos venceu com folga, liberando o início desses pensamentos pelo mundo, como tendência.
     Existe uma onda anti-trouxa entre os governos e parte da população. Como se houvesse uma revolta pelos direitos ganhos por nascidos trouxas ao longo das décadas. E parte da população quer a volta do que era antigamente. Isso começou na Argentina, o país mais preconceituoso contra trouxas, também onde mais trouxas morreram na época das ditaduras trouxas, e foi se espalhando país a país até finalmente atingir ao Brasil, o país mais populoso, rico e poderoso da América do Sul.
     Com o país mais poderoso e populoso da América do Sul tendo as pautas assim, aumentaram os ataques contra os chamados sangues ruins, pelo que eu soube antes de vir para cá. E uma prova disso, foi que a Misty teve permissão para matar da forma que matou na escola.
     Acredito que foi isso que motivou a Misty a fazer tudo o que fez comigo, com a Rissa e com as meninas. Foram meses de propaganda anti-trouxas, que abriu as brechas para que houvesse um aumento da confiança dos Portare Tod de que eles poderiam e podem voltar a atacar pessoas. Pensar nisso, agora, tem me feito repensar minha estadia aqui, mesmo com a Mon.
     E não vou mentir para você. Eu não me inteirava desses assuntos sobre aqui, em relação a isso, porque não me importava com eles, mas depois da morte de Tabby, tudo mudou. Comecei a observar as coisas e me sinto com raiva de mim mesma porque... Como eu posso ter caído na lábia daquela maldita? Não me arrependo de nada do que fiz, e se pudesse, e o roteiro não me impedisse, faria até pior. Porque ela merecia até mais do que eu dei para ela. A Misty é uma nojenta por tudo o que fez.
     Estou sentada na minha mesinha do meu quarto, quando um papagaio, belíssimo todo colorido, entra pela janela aberta e pousa em cima da minha mesinha. Pego a carta bem pequena, que está mais para um bilhete, e a abro, lendo o conteúdo.
     Teremos uma reunião no banheiro dos Portare Tod. Suspiro e penso que merda. Mas, pelo menos, eles não fizeram a marca arder no meu pulso. Eu odiava, com todas as forças, quando a minha nuca ardia pela marca que há ali.
     Se Misty tivesse se mostrado antes, eu nem teria entrado nessa coisa desgraçada do caralho que me lembra tanto do que eu fui no meu passado. Mas agora que estou envolvida com eles, não posso mais voltar atrás. Eu fiz o voto perpétuo. Uma vez dentro, eu nunca mais poderei sair, nem nunca mais vou ter paz. Vou ter de ser de três seitas por toda minha vida. O que eu fiz da minha vida? Juro, eu tenho bosta na cabeça!
     — Oi, linda. — Mon sorri quando atendo o espelho.
     — Oi, meu anjo. — Sorrio forçado porque estou querendo morrer.
     — Que cara é essa, gostosa? É falta de mim? — Mon sorri daquele jeito dela, se achando.
     — Tô com muita dor de cabeça. — Reviro os olhos.
     — Se quiser, eu vou aí te dar um remédio para dor. Começando com um bom chá. — Mon me olha provocativa e já sinto aquela pulsação lá porque, mesmo estando ferrada, ainda tenho a minha libido.
      — Acho que vou ter que recusar, querida. — Fecho os olhos como se tivesse muita dor mesmo.
      — Tá dispensando meu amor como aquele dia, cachorra? — Ela fica meio assim.
      — Não, vadia, eu tô com dor de cabeça! Deve ser culpa dos chifres que você deve ter me dado. — Sou sarcástica.
      — Mas que égua véia, uai! Mais fácil você ter me dado com aquela doida. E você não reclamou nada quando eu te ajudei e nem agradeceu por eu ter quebrado as regras por você. Só desfaz de mim, só machuca o meu coração, só me despreza. — Ela se faz de ofendida e o pior é que isso mexe comigo, mesmo eu sabendo que ela só tá com drama.
      — Eu só preciso dormir, minha linda... — Suspiro.
      — Vai dormir mesmo? Porque eu posso quebrar as regras de novo e ir até aí. Você sabe que eu vou. — Ela me olha toda sugestiva e isso me dá aquele sentimento no peito.
      — Sério, amanhã pode ser. Que tal? — Sorrio forçado porque eu queria hoje, mas amanhã também dá, hoje não.
      — Só se você imitar um cachorro para mim. — Ela sorri.
      — Você sabe que não vai rolar. — Reviro os olhos.
      — Você imita na melhor hora e mesmo sem querer. — Ela lambe os lábios com cara de tarada.
      — Tenha dó de mim, Mon! Vou dormir! — Já fico irritada, quanta humilhação!
      — Vai, para de ser bicuda! Admite que geme uivando. — Ela me dá aquele sorriso que me deixa... — Eu tô te vendo rir. Olha... Você sabe que faz isso.
      — Boa noite, Mon. Dorme bem. Até amanhã. — Finjo demência porque é o melhor que eu tenho para hoje para manter minha dignidade intacta.
      — Coisinha linda do meu bem querer... Boa noite e um beijo bem gostoso nessa sua boca. E se for brincar sem mim, geme sem uivar. Só uiva gemendo para mim. — Ela continua com aquela cara e sei que não resisto.
      — Se eu brincar, vou mostrar para você por aqui e você vai ver se eu fiz ou não algum gemido. — Levanto a sobrancelha.
      — Sério? Faz agora! — Mon implora.
      — Hoje, não. Eu vou dormir. — Suspiro porque até que queria fazer umas loucuradas.
      — Cachorra... — Ela geme de tristeza.
      — Vai brincar e geme gostoso pensando em mim. — Sorrio.
      — Você com safadeza aí... Nem parece que sente dor. — Ela me olha com os olhos estreitos.
     — Mas eu tô. Nossa, eu tô com tanta dor. Minha cabeça pulsa. Me deixa dormir, Mon! — Tento passar verdade, mas estou com tanta vontade de fazer pornografia que tá difícil.
      — Tudo bem, mas se eu ver você andando de madrugada com outra de novo depois de me dispensar, eu mato você. — Ela me olha com frieza e eu sinto aquele arrepio na nuca, credo!
      — Vai me matar? — Tento bater de frente e não mostrar que estou muito assim.
      — É só modo de falar, bebê. Sei que você não me trai. — Ela sorri.
      — Que bom. Boa noite. Beijos. Fui. — Desligo sem esperar resposta porque tô sem paciência para ameaça de mulher doida.
      Coloco a roupa com a touca e olho para o espelho desligado. Até que gostaria de contar para a Mon. Você namora uma pessoa e ela é sincera com você, mas você mente para ela... Isso é errado, não é? Eu não sei se é, mas me sinto culpada mesmo assim.
     Falar sobre a Rissa com ela foi algo simples e tranquilo. Ela não me julgou e nem me maltratou pelas minhas atitudes mentirosas e investigativas. Apenas me entendeu. Disse que todos temos segredos e que ela mesma faria o mesmo se fosse com a Jim. E saber que a Jim não era traída por Kade a deixou com menos raiva da Kade e até a fez pensar em tratar melhor a menina.
      Olho o espelho e é como se ele, e a minha imagem com o gorro na cabeça fosse o contrapeso um do outro. A mentira que eu conto para Mon. O meu reflexo de mentirosa no espelho que a minha amada me deu e onde acabou de falar comigo.
     Eu queria poder falar para ela, mas não sei se acabaria bem. É coisa demais! Parece que entrei em lugares demais e agora tem um tanto de coisas que preciso fazer. Eu mesma estou me perdendo em algo que eu mesma me propus a fazer. Eu me ferrei legal!
      Chega a hora e desço as escadas. Entro no banheiro e falo a senha. Entro na entrada e chego ao lugar. Vários membros já chegaram. Então, vou e faço o ritual das estátuas. Depois, vou para o lugar. Até que todos chegam e estão em seus lugares.
     Pelo que percebi, cada membro tem seu horário para chegar. Acho que é assim para não dar na cara de que se tem muitos alunos fora da cama. E vejo aqui uns quarenta alunos, posso chutar. Não sei dizer exatamente quantos, mas diria que é por volta disso. Mas todos nós estamos em um círculo com a líder Helena no meio dele. Não tem uma mesa como no Purgare. Há apenas a roda.
      — Bem vindos, irmãos e irmãs. Gostaria de dizer que perdemos uma de nossos membros mais notáveis. Vocês podem não saber, mas Misty Laurence desapareceu há dois dias e nós sabemos o que isso significa. Ela era uma membro importante e sei que ela foi assassinada, pois ela era uma aluna formidável, de inteligência e que vem de uma família muito importante que fez parte até dos próprios Comensais da Morte do Mestre das Trevas. Logo após ela morrer, recebi uma carta dizendo que ela foi morta por outro grupo da escola, o Purgare Petitio. Recebi o nome de alguns membros desse grupo e diz que qualquer um ou todos podem ser quem a matou. Eu vou fazer algo que só fazemos em casos urgentes e esse é um caso urgente, pois Misty merece ser vingada, além de que nós também estamos correndo perigo. Quero que todos retirem o capuz e que todos se conheçam. Quero que façamos o Voto Perpétuo para que nos protejamos dessa ameaça. Cada um de vocês prometerá para mim que irão proteger nosso grupo e irão se vingar por Misty. Todos nós vamos nos unir e nos vingarmos por Misty porque os próximos podemos ser nós mesmos. E vocês irão prometer que nunca, jamais dirão para qualquer pessoa de fora sobre nós e o que vamos fazer. Muito bem, retirem os capuzes. — Ela diz e os retiramos.
      Levanto minha cabeça e olho os alunos. Muitos, eu só conheço de vista da escola. Mas juro que jamais poderia imaginar... Eu nunca, nem por um momento, iria pensar... Eu não consigo nem acreditar... Kade, Noa e Lottie? Como assim? Nunca imaginaria, você imaginaria?
    Noa parecia ter algo com a Tabby, uma trouxa. Kade é a pessoa mais burra que já vi na vida. Lottie é a jogadora do time, normal de tudo. O que essas meninas fazem aqui? Nunca vamos saber quem realmente é quem nesse lugar, né?
     Eu juro que não entendo. E já deveria saber que as pessoas possuem máscaras, eu uso uma, mas estou... Porque enquanto eu olho para elas chocada, elas sorriem porque todas jogaram juntas por anos. Noa me olha e sorri. Eu sorrio também porque eu vou chorar? Nem tem como!
      — Agora, todos nós somos um time que avançará para a vitória. Antes, fazíamos a questão de manter o anonimato porque já chegamos a ser entregues uma vez e quase nosso grupo foi todo preso, anos atrás. Agora, precisamos nos unir e acabar com esse tal de Purgare Petitio. Vamos fazer os votos, agora. Kade, você é minha melhor membro. Quero que você seja quem vai fazer o feitiço em todos os membros. Nós duas já fizemos o voto antes. — Helena manda e, de repente, ela me olha. — Sam, você será a primeira, por ser a última a entrar.
     — Sim, senhora. — Caminho até ela pensando uma forma de avisar meus amigos que eles estão sendo caçados.
     Vou andando e cada passo é uma morte que tenho porque eu não tenho escapatória se fizer o voto perpétuo. Sam, o que você fez da sua vida? E como eles não sabem sobre você ser de lá? É um mistério enorme! Quem foi que mandou essa carta? Quais são os nomes? O que está acontecendo? O que eu vou fazer? Me ajude, por favor!
     Para você que não sabe, o voto perpétuo é quando você faz um juramento. Não é um juramento comum, pois ele é feito com a magia. Se você não cumprir esse juramento, vai morrer. E o voto perpétuo é feito entre você e outra pessoa. Precisa ter uma pessoa junto para fazer o encantamento. Ele é muito perigoso. Só se faz um voto perpétuo quando se tem muita coragem ou muita burrice.
      — Sam, você promete que vai manter segredo sobre os Portare Tod? — Kade pergunta assim que eu toco a mão da professora Helena para fazer o voto.
      — Sim. — O fio dourado está sobre minha mão e a mão da professora Helena.
      — Promete que vai fazer tudo para manter os membros e o grupo sempre protegidos? — Ela pergunta mais uma vez.
      — Sim. — Minha vontade é de sair correndo.
      — E promete que nunca vai contar para ninguém nenhum plano que fizermos, nem contar quem são os membros do outro grupo, nem mesmo para membros do nosso grupo que não souberem futuramente? — Ela continua...
      — Sim. — Concordo porque não tem como não concordar.
      — Muito bem, Sam. O próximo será... — Saio de perto sem demonstrar minha perturbação interna.
     Todos fazem o voto e eu fico querendo morrer porque não posso fazer algo sobre isso. Como vou poder contar para a Mon sobre o que acontece? Como vou fazer isso?
     Eu tinha medo antes, mas agora acho que me ferrei bonito por ter escolhido entrar nesse lugar. Os Portare tem a Tatum que é minha amiga e a Mon que é minha namorada. Acho que essa escola maldita é o inferno no mundo. Basta eu gostar da pessoa, que ela morre. E eu achando que Mahoutokoro havia se tornado um inferno após a maldição que recebi... Isso aqui é maldição!
     — Muito bem, os nomes dos membros são do grupo que devem ser caçados são... Mon, Jim, Kirk, Tatum, Santana... — Ela fala os nomes e eu fico esperando o meu, mesmo sabendo que ela já teria me matado se soubesse. — Bom, investiguem esses alunos. Se aproximem deles, vejam como poderão matá-los sem causar uma guerra dentro dessa escola. Sejam muito cuidadosos. Sam, eu sei que você tem muito contato com a Tatum, fique de olho nela... Kade, você é muito amiga da Mon, faça o mesmo. Lottie e Noa, investiguem as meninas do time. O resto, fiquem de olho neles durante as aulas, fora das aulas, nos banheiros, corredores... Tudo! Pelo que pude ver, eles querem matar todos nós e começaram com a Misty. Sempre soubemos desse tal grupo, mas antes era apenas uma desconfiança. E há uma coisa a mais a ser dita... Há um membro aqui que é membro dos dois grupos. Fiz o Voto Perpétuo para evitar o vazamento. Quem quer que seja o duas caras, ele não poderá nos trair. E não vou fazer tortura em cada membro para saber quem mente e quem diz a verdade. Se descobrirmos que há realmente tal grupo e que há um de nós lá, quero a morte de cada membro, nem que a gente precise fazer um banho de sangue nessa escola. Quem mata um de nós, merece morrer. Estão dispensados até segunda ordem. Anotem toda e qualquer informação importante e me enviem. — Helena fala friamente e todos concordam, depois, saímos.

Lover (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora