Esse eu dedico, em especial para as lésbicas que assim como eu são travadas e já gaguejaram por mulher bonita!!! Uma flor para cada!!! 💐🧡🤍💜
Resolvi contar um pouco sobre meus dias em Mahoutokoro para você porque penso que você quer saber, não quer? Você está pronta para ouvir minha história ou tá sem interesse? Se não tiver interesse, passe reto para o próximo. Desculpe, mas eu vou falar!
Quando eu era criança, ficava muito na casa dos meus avós. Era um costume que me deixava muito feliz. Eu amava muito. Sério, eu amava demais! Só quem foi criada em casa de vó sabe como é algo diferente.
Minha magia floresceu muito cedo, essa é a verdade. Com dois anos, eu já sabia fazer alguns feitiços infantis que muitas crianças só aprendem quando usam uma varinha, como mover pequenos objetos, por exemplo. Então, comecei a ser treinada por meus avós para saber controlar minha magia e não causar nenhum problema.
Minha avó é uma mulher culta tailandesa que foi estudar em Mahoutokoro, assim como o costume de quem morava na Tailândia, e fez parte dos Mahiru No Taiyou, grupo formado pelos japoneses inspirados pelo que pregava o lendário Grindelwald. Mas, nos tempos dela, aquele grupo estava começando e ela foi quase que uma dos fundadores por ajudar a implementar tudo o que viria a ser aquele grupo.
Eu era mais apegada à ela do que ao meu avô, essa é a verdade, mesmo que o amasse muito. Então, mesmo que ele tenha me ensinado tudo sobre aqui, foi ela quem me ensinou tudo o que eu deveria ser e o que deveria fazer em minha vida.
Ela morreu de gripe de tronquilho quando eu estava prestes a ir para Mahoutokoro. Prometi que seria um orgulho para ela e honraria seu legado em Mahoutokoro, pois meu coração estava em pedaços.
Posso dizer que consegui fazer isso, mas meu avô queria que eu abandonasse Mahoutokoro e viesse para cá seguir o seu legado. Mas não pude fazer isso, pois já estava cansada dessa vida. Não queria entrar em outra Mahoutokoro, fazer parte de outro grupo, começar tudo de novo.
Ele morreu também, é claro. Eu já disse. Tô zu que minha avó morreu, mas ele morreu de verdade. Minha avó tá mais viva que eu e você! Parei de falar zueras porque você vai me dar vassouradas com uma Nimbus dois mil. Meu avô morreu, tadinho...
Bom, eu fui para Mahoutokoro e entrei para os Mahiru No Taiyou logo de cara. Nós éramos treinados de forma cansativa para sermos perfeitos em tudo. Era uma filosofia japonesa de perfeição que nos fazia cometer menos erros. A perfeição, na nossa cultura, é vista como algo essencial.
Naquele grupo, a perfeição era mais essencial ainda, pois nos livrar de pessoas era um trabalho que deveria ser impecável, pois não era como aqui que há uma floresta toda pronta como desculpa. Nós precisávamos ser impecáveis em nosso trabalho de eliminação.
E tinha um menino no grupo... Ele era filho de um membro valoroso, posso afirmar e ele era o mais impecável de todos. Meus ensinamentos vindos por parte do meu avô eram de que eu deveria eliminar alguém que seria um perigo para a sociedade bruxa. Só que ele foi o início para eu ver que não iria querer acreditar tanto na crença dos Purgare Petitio.
Makoto era um menino que não enxergava. No início, eu não queria estar muito perto dele. Não entendia o motivo de ele fazer parte de um grupo tão forte, sendo que ele era um perigo. Só que, com o tempo, fui notando que ele era diferente de todos os meninos em geral. Na verdade, ele era um menino acima da média. Ele era muito mais inteligente do que qualquer outro e sua falta de visão não o impedia de ser impecável.
Em todas as vezes que fazíamos duelos para treinamento, ele sempre me vencia. Nós nunca sabíamos como ele via nosso movimento, mas ele via. Ele sabia o momento exato, mesmo que a gente sussurrasse, mesmo se não falasse nada. Pois, como já disse, eu sei fazer feitiços sem usar a boca. Só que ele sempre sabia. Ele sempre sabia mesmo sem que eu falasse.
Com o tempo, eu me tornei a líder, não ele. Makoto nunca quis esse posto, embora o tivessem oferecido à ele. Na verdade, eu ofereci também. Só que ele não quis, alegando que era jovem demais para viver num padrão de vida onde ele teria de mandar em todos.
Ele só queria ser um menino normal, lutando contra os trouxas e contra o véu. Pois ele já tinha amarras demais por não enxergar. Ele só queria ser livre e os trouxas o impediam de ter isso. Entende? Ele queria que outros bruxos cegos pudessem ser livres para ser quem eram e praticar a magia em paz. Algo que as leis para o véu dos trouxas não deixava, pois foram feitas para que eles não ficassem magoados por ver a magia em bruxos... Entende?
Ele sentia que a lei atrapalhava as pessoas que não enxergavam de ter uma vida normal porque trouxas não queriam ver que não possuíam magia e isso causava raiva nele, pois ele não enxergava a própria magia e não sentia mágoa nisso. Ele sentia mágoa por pessoas estarem sem poder praticar e ver a própria magia ou pessoas cegas não poderem cometer erros, fazendo a magia em locais com trouxas sem saber que haviam trouxas ali. A raiva sobre o perigo de ir para a prisão por cometer um erro assim ou viver recluso eternamente para não magoar os sentimentos dos trouxas.
Nós nos formamos juntos. Makoto disse que iria sempre se lembrar de mim. Eu pensei, naquele momento, que ele se lembraria da Sam que eu não queria que ninguém se lembrasse. E pareceu que ele sabia sobre o meu pensamento, pois ele disse que se lembraria da Sam que foi amiga dele. A Sam que o defendeu dos alunos que riram dele em um certo dia.
Ele poderia ter matado todos com facilidade, assim como eu. Só que não fazer isso foi muito significativo para ele, pois quando eu o defendi, ele soube que alguém estava ali por ele, independente de matar. Era sobre ele saber que eu gostava dele e foi isso o que nos conectou além daquele grupo, mas no coração.
Só que o significado disso para mim foi bem maior porque foi a primeira vez em que vi que não precisava matar bruxos considerados inaptos, assim como meu avô dizia. Eu não só deixei ele viver, como o defendi. E sempre me lembro dele quando estou com a Tabby. Pois ela é uma grande atacante e é trouxa. Makoto me fez ver que os Purgare Petitio são incoerentes, assim como Tabby me fez ver que os Mahiru No Taiyou também são. O que me mostra que eu preciso estar na minha ilha, não seguindo essas coisas.
As pessoas não costumam pensar que estão vivendo no preconceito. Elas não costumam pensar que estão vivendo com pensamentos considerados bem ruins. Só que eu vi isso. E, embora ainda tenha lapsos da criação que tive, ainda assim, eu penso que hoje eu sou alguém melhor.
Pensei sobre o que a Tabby disse sobre em Castelobruxo não ter deficientes. Não teria nem se quisessem, pois os Purgare Petitio se livraram de todos. Não existe meio termo com eles. Se eles consideram que o bruxo não serve para viver em sociedade, já era! A sentença dele já está assinada. Eles fazem o que têm que fazer sem nenhum remorso ou dor. Pois tudo é pelo bem maior.
Quem usava muito essa frase sobre o bem maior, era Grindelwald. Em Mahoutokoro, os Mahiru No Taiyou seguiam esse lema em todo o momento. Mas lá não havia esse problema de alunos considerados inaptos. Lá, se você tinha sangue bruxo, você era bruxo e merecia ter o conhecimento. Makoto foi um dos alunos que mais se destacaram. Mas não foi o único.
Anos antes, quando eu nem tinha entrado na escola ainda, uma aluna conseguiu o cargo de líder do quadribol da escola. Ela não era dos Mahiru No Taiyou. Ela era uma aluna muito boa em quadribol. E ela não ouvia nada e nem falava nada. Por causa dela, foi implementado o ensino de língua de sinais. Começou com apenas o time de quadribol aprendendo para falar com ela, mas tudo mudou quando mais alunos se interessaram. Até hoje, há o ensino para quem quiser.
Não estou dizendo que Mahoutokoro é uma escola muito à frente de seu tempo. Na verdade, tanto Makoto quanto ela não eram tão bem aceitos assim pela escola. Mas eles conseguiram entrar em um grupo que os aceitou bem e os protegeu dos outros alunos.
Afinal, eles eram apenas mais um aluno na escola. Não eram especiais, nem eram um estorvo. Eles só queriam ser normais. E aprendi isso com Makoto. Os alunos de Castelobruxo nunca aprenderão isso, pois os Purgare Petitio nunca deixarão.
Eu poderia vir aqui e falar um montão de coisas para te enrolar. Dizer sobre como nos tempos de hoje as coisas estão mais bonitas. Mas a verdade é que o tempo não mudou tanto assim. Sabe quando o tempo está chovendo muito e depois só fica nublado? É assim que estamos hoje. Parou de chover, mas não quer dizer que não possam cair gotas de chuva a qualquer momento. É só vermos como o mundo é cruel com quem não é considerado o padrão normal imposto pela sociedade. Vi isso com meu amigo.
Queria muito poder pensar que está tudo melhor e enganar você. Só que não é bem assim. E não vou te dizer que sou uma pessoa perfeita cheia de pensamentos considerados progressistas. Dizer que sou a frente ampla da bruxidade... Etcetera, etcetera, etcetera... Eu sou uma pessoa cheia de defeitos. Me divirto com certas coisas e penso muitas outras se vez em quando, mesmo que me mande parar porque é errado.
Morreram três alunos naquela briga e fiquei rindo porque... Ah, meu bem, eu acho burrice e idiotice! As pessoas levam o quadribol muito à sério. Você não deveria colocar um time acima de você mesma. Ainda mais ir num estádio só para brigar contra outra torcida. Isso é vergonhoso! E eu fico rindo, mesmo! Eles vão lá apenas para querer matar alguém numa briga e depois morrem. É burrice! Por que não foi embora assim que viu a briga?
E preciso admitir que não terei nenhum problema de matar quem matou a Rissa. Só que isso me torna uma sádica, eu sei. Tanto que fico pensando sobre como vai ser gostoso ver a luz deixar os olhos de quem viu a luz deixar os olhos da Rissa. Até imagino a morte. Juro, imagino a cena. Eu imagino tudo e sorrio comigo mesma.
Tenho vontade de sorrir mais vezes. Em Mahoutokoro, eu sorria só quando iria matar alguém. Ou apenas torturar... Se eu sorrisse para a pessoa, ela já sabia que estava frita. Ela estava marcada e iria morrer a qualquer momento. Não que eu matasse muitos por aí. No caso, o morrer era ser torturada. Né? Eu tinha minha fama de torturadora.
Ninguém sabia que eu matava, claro. Eu era perfeita nos meus métodos. Tanto que era só a pessoa que morria que sabia que era eu quem estava a matando e que ela estaria morrendo. Caso contrário, ela desaparecia sem rastros. Tanto que surgiu uma lenda apenas sobre isso. Sobre um espírito que voltava para pegar alunos ruins.
Mas falando sério, sinto falta da adrenalina que dava sair pela escola com meu nariz em pé e sabendo que todos ali me temiam. Que todos ali, se pudessem, me mandariam para outro lugar só para que eu não estudasse mais ali. Era divertido ser a menina má. Com quatorze anos, eu era a líder e já tinha a minha fama. Com dezesseis, já não queria mais aquilo.
Os últimos momentos que vivi em Mahoutokoro foram terríveis para mim. Eu só queria ir para longe. Rissa me ajudou muito a aguentar toda aquela pressão se saber que teria mais um ano e meio de aula. A gente trocava cartas e ela me apoiava. Eu iria me formar logo e ela se formaria meses depois. Então, só precisaria aguentar mais um pouco para nos vermos.
Rissa me mandou a última carta no início daquele fatídico mês da morte dela, poucos dias antes da morte. Ela dizia que estava feliz por eu estar me sentindo melhor. Me disse que estava louca para conhecer a ilha. Ela não mencionou nenhuma menina. Não mencionou nenhum flagra. Não mencionou nada. Ela mencionaria, não é? Nós sempre contamos tudo uma para a outra.
A Rissa era tão feliz. Ela sonhava em sair pelo mundo salvando as pessoas. Pensava em ser auror. Pensava em fazer a diferença no mundo. Era o que ela vivia dizendo para mim. Que queria ser feliz ajudando as pessoas. Por isso, ela amava os Purgare Petitio. Eles ajudaram ela a ser o que ela era. E ela acreditava que ajudava o mundo a ser melhor sendo aquilo.
Não adiantava eu dizer para ela que tinham pessoas consideradas inaptas até melhores que ela em magia. Ela não acreditava, sabe? Ela ria de mim e me chamava de louca. Ela dizia que, se eles eram inaptos, como poderiam ser melhores que ela? Eu dizia que ela não deveria subestimar as pessoas. Elas poderiam surpreender e ela poderia aprender muitas coisas. Tanto que eu nunca soube como me amigo aprendeu a enxergar a magia, mas ele fez isso. Ainda faz.
E Kornkamon... Tão bonita, a menina! Está ali na aula de poções. Eu olho para ela um instante. Suspiro um instante... O que é que estou fazendo da minha vida?
Você já se perguntou para você mesma sobre isso, sobre a sua vida? Sinto prazer em estar com ela e viver o que estamos vivendo. Só que ela é alguém que pode ter retirado o sorriso do rosto da Rissa. Pensa só, ela retirou o sorriso da Rissa e está colocando em meu rosto. Será que isso é justo?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Lover (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)
FanfictionEssa é uma fanfic para maiores com temas mais fortes. Leia por sua conta e risco. Por que não há deficientes em Hogwarts? Mon vai para seu último ano em Castelobruxo e conhece Sam, uma aluna de intercâmbio. Lover se chama assim por ser minha histó...