Obrigada pelos mil views. Uma florzinha para cada. A foto é para você olhar essa carinha e pensar que ela quebra ossos.
Duas semanas se passaram desde que entrei para o grupo. Estou fazendo o que fui mandada e mal olho para Mon. Nós estamos fazendo os treinos semanais de quadribol, mas ficamos sempre cada uma na sua. Penso nela todos os dias. É difícil admitir que sinto falta dela. Nem que seja para ouvir ela falando comigo naquele jeito dela de cantadas baratas de quem pegou geral. Aquela galinhona!
Tatum e eu temos feito dupla na aula de feitiços e rimos muito juntas. O que deixa minhas amigas meio assim comigo. Já chegaram a perguntar qual graça eu vejo numa pessoa como aquela.
A verdade é que a Tatum é muito legal. Ela não fica sendo tão chata assim quando estamos conversando na aula de feitiços. Ela brinca comigo e nós rimos muito. Sei que ela é a minha melhor amiga do grupo. Só não sei se sou eu a dela. Talvez seja a Whitney. Só sei que não vejo ela e a Whitney rindo. Vai que sou eu, né?
Estou indo para o treino. Vai ser o último antes do jogo de quarta à noite contra o time da Tatum, o chamado Chimarrão De Setembrina. Juro para você que não sei que nome é esse, mas chutaria que é porque eles são formados só por brasileiros e ele foi fundado por um bruxo lá do estado do Rio Grande do Sul.
O que é Setembrina? Sei lá! Nem me pergunte o que passou na cabeça de quem inventou esse nome porque eu não sei. Já dá para saber que a mente desse ser humano é maluca. Tava cheia dos tóxicos!
— Muito bem. Esse é nosso último treino antes do jogo. Quero ver todas vocês muito focadas o tempo todo. E, Mon, pare de quebrar nossas jogadoras. Senão, não teremos time para jogar quarta. Guarde sua força para o time adversário. — Noa olha Mon com censura.
— Foi mal, Shauna... Sorte que seus dentes foram colocados de volta pela curandeira. — Mon sorri como se pedisse desculpas mesmo, só que não.
— Se você não fosse do meu grupo, eu te mataria. — Shauna sorri de um jeito que entendo sobre o que ela fala.
— Você poderia tentar... Só não sei se conseguiria, meu bem. — Mon sorri friamente e Shauna fica séria na hora.
— Chega desses assuntos! Vamos treinar logo! — Noa apita e começamos o jogo.
O treino termina, Noa fala suas palavras de ódio, enquanto eu fico pensando o que ela toma para ficar sempre tão irritada. A menina não tem um minuto de sorriso. Ela tá sempre nervosa. Quanto estresse!
Tento esperar Tabby para a gente ir juntas para a escola, mas ela diz que vai falar com a Noa. O que é estranho, pois todo treino é isso. Ela sempre vai falar com a Noa depois. Tô começando a suspeitar dessas duas. Ainda mais pelo jeito que a Noa defendeu ela. Ela fica todo dia esperando para ir com a Noa.
Sinto o cheiro de couro de vaca. Você também sente? A Tabby seria lésbica né? Ela é trans menina, o que faz dela uma menina. E meninas são lésbicas quando gostam de meninas. Não é? Desculpe não saber... Eu respeitando já tá bom, né? Mas que cheira a couro, cheira! Sente o cheiro de couro no ar? Ou será que está vindo de você? Hun? Talvez seja seu.
Então, vou subindo para a pirâmide. Penso em olhar um pouco o rio de perto, ver o movimento da água, sei lá. É gostoso olhar a natureza. Sinto falta de olhar o mar, ouvir o barulho das ondas, sentir a areia nos meus pés... Que saudades de casa!
Como sou monitora, posso andar pela pirâmide sem ser muito questionada. Então, paro na beira do rio e pego umas pedrinhas. Começo a jogar uma a uma no rio.
Penso na Rissa e imagino quantas vezes ela deve ter vindo aqui. Ela gostava de água. Por isso, a gente decidiu que iríamos para uma ilha. Ela iria comigo para me ajudar a ficar bem. Depois, ela iria sair dali e seguir a vida dela. Era esse o nosso trato. Eu nunca quis que ela perdesse o futuro por minha causa. Mas ela nunca vai ter um futuro, de qualquer forma.
— O que faz? — Mon aparece atrás de mim e levo um susto.
— Só jogando pedras. — Dou de ombros e me mostro neutra. — Quer jogar?
— Claro. — Ela pega algumas e joga também.
— Tem algum recado para mim? — Olho para ela com curiosidade.
— Na verdade, não. — Ela continua jogando as pedras.
— Veio aqui porque não conseguia ficar longe, né? — Dou um sorrisinho.
— Quase isso. — Ela também dá um sorrisinho.
— Quase, é? — Levanto a sobrancelha.
— Hun... Quase! Queria saber se você recebeu meu recado... — Ela me olha nos olhos.
— Que recado? — Fico sem entender nada.
— Nenhum, só tô puxando papo. Eu não sei dar em cima de mulher. — Ela começa a rir.
— Oi? — Eu rio toda sem graça e sem entender, que doida!
— Esquece, vai. Eu só queria saber como você está. — Ela dá de ombros.
— Bem e você? — Tento ser simpática.
— Melhor agora que te vi. — Ela sorri de uma forma que me faz rir.
— Você é uma boba. — Eu balanço a cabeça.
— Boba só se for por você. — Ela continua, mas não posso cair nessa, tapa na cara imaginário, acorda Sam! E chega de risada frouxa porque isso quer dizer que você tá muito na dela!
— Eu vou para a escola. Você vai? — Já começo a fugir de novo.
— Não vai ainda. Fica aqui. — Ela me olha séria e eu paro.
— O que foi? — Fico sem entender.
— Eu sei quais as ordens você teve, mas você não sai da minha cabeça. — Ela me olha de um jeito que faz algo aqui dentro se agitar.
— Como assim? — Tento entender.
— Eu gosto de você, sua tchonga! — Ela coloca a mão na cabeça como se eu fosse uma burra.
— O que é tchonga? — Fico meio assim, pois não sei o que significa.
— Sam, eu gosto de você e queria continuar o que a gente estava tendo. — Ela fala naquele tom de quem tem pressa.
— Mas o líder mandou... — Levanto as mãos tentando mostrar que não temos o que fazer.
— Ele saiu da escola hoje. Eu sou a líder hoje e estou desfazendo isso. Você tem que obedecer. — Ela fala naquele tom como se mandasse em mim.
— Você é maluca. — Começo a rir porque não acredito no que estou vendo.
— Eu vou ficar maluca se não tiver você nos meus braços nunca mais. — Ela me olha de uma forma tão, que volto a sentir aquela coisa na barriga.
— Como vamos fazer isso sem ninguém saber? — Tento pensar porque, né, perigoso.
— Nós vamos dar um jeito, isso se você topar. Eu dei um jeito de quebrar a regra, esperando que eu fosse a líder momentânea para desfazer aquela regra ridícula. Agora, só depende de você. E aí, topa? — Ela me olha nos olhos e sei qual é a resposta, mas ela não é pelos motivos que eu gostaria.
— Sim. — Faço sim com a cabeça.
— Ótimo! — Ela sorri para mim um sorriso enorme. — Agora você é só minha.
Olho para Mon por um momento querendo dizer que não é bem assim que as coisas funcionam, minha querida! Mas uma parte de mim amou tanto ouvir ela sendo possessiva. Eu tô ficando maluca, credo! Nunca gostei de mulher assim!
Fico calada olhando para ela e ela fica calada me olhando. O que será que ela está pensando? Estou surtando por dentro de tão confusa que eu estou. Ela é louca demais!
— O que fazem aí? Tem algum recado? — Shauna aparece do nada.
— Não temos recado hoje. Você sabe que o líder saiu. — Mon é fria, mas a frieza dela é diferente da de quando estamos no grupo, é como se ela quisesse matar a Shauna por aparecer.
— Eu já estou subindo. Tchau, gente. — Saio andando.
Deixo elas lá e saio fugido. Não quero saber o que a Mon vai inventar para ela, mas também não tô com cabeça para inventar mentiras agora.
Tô confusa com o que sinto aqui dentro. Por que ela me quebra tanto? Eu preciso manter o foco. Estou aqui pela Rissa. Só pela Rissa! Não tenho tempo para me apaixonar. Ainda mais me apaixonar pela possível assassina da minha melhor amiga. O que eu tenho na cabeça? Isso não é normal! Te atenta, Sam! Ou vai se ferrar muito!

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Lover (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)
FanfictionEssa é uma fanfic para maiores com temas mais fortes. Leia por sua conta e risco. Por que não há deficientes em Hogwarts? Mon vai para seu último ano em Castelobruxo e conhece Sam, uma aluna de intercâmbio. Lover se chama assim por ser minha histó...