All Too Well (10)

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Às vezes eu sinto que as pessoas usam a internet hoje em dia apenas para maltratar e atacar os outros para destilar a própria inveja e rancor em cima dos outros porque não é possível que a pessoa acha legal ir e xingar uma pessoa só porque ela disse que gosta de uva com chocolate.

     Sentir coisas pela Mon me deixa confusa de tantas formas. Eu fiquei horas pensando sobre as pessoas do meu passado, meus avós... Minha vida num geral.
      Estou confusa sobre mim mesma. Fico pensando sobre o que quero ser, o tipo de pessoa que quero ser. São tantas as coisas que preciso pensar sobre mim mesma que me deixa assim, confusa.
     Às vezes, a gente pensa que está fazendo tudo certo. Só que a vida mostra que não estamos. E eu fiquei até muito tarde mesmo acordada pensando em muitas coisas. O que me fez pensar mais ainda durante a aula de poções, agora. Porque não consigo parar de pensar sobre como me sinto.
     Levantei bem cansada de manhã porque passei tanto tempo pensando que mal dormi. O que não é bom para mim. Eu preciso ser mais centrada, senão nunca vou conseguir descobrir nada sobre a Rissa. É complicado demais...
     Já sei que ela teve algo com a Kade, que a Jim foi embora da escola após isso. Sei que ela sumiu antes de a Jim ir embora. E isso é bem suspeito. Tudo é muito suspeito. Porque tudo leva a crer que a Jim pode ter matado a Rissa por vingança e depois saiu da escola para disfarçar.
     Mas, por outro lado, pode ter sido a Mon que matou e mandou a Jim sair da escola como uma forma de fingir que ela estava mal com a traição e ninguém pensar que foi ela que matou porque não foi, mas pensariam. Tanto que as meninas têm muita pena da Jim. Tanto que a Song está indo com calma com a Kade justamente por isso. Porque, afinal, a Kade não é de confiança por ser uma traidora, né?
     Resolvi que não vou ficar pensando na Mon o tempo inteiro. Preciso manter meu foco em descobrir sobre a Rissa. Mon é alguém que não posso deixar dominar minha mente de novo.
      Eu não sou assim, essa pessoa que fica de sorrisinhos pelos cantos por estar apaixonada! Nunca fui! Preciso saber o que estou fazendo. E Mon está me atrapalhando. Essa é a verdade. Não olharei mais tanto assim para ela, ficarei mais na minha.
     Vou para a aula de feitiços. A professora Hideko entra na sala e parece estar meio irritada. Se bem que ela está sempre irritada. Então, não faz diferença, não é? Você pensa sobre o comportamento dela e percebe que ela está sempre assim. Então, está tudo normal.
     — Formem duplas e pratiquem o feitiço levita rehegua. — Ela fala em um tom rígido e já espero a Tatum vir praticar comigo, como sempre.
     — Podemos praticar juntas? — Misty me olha com um sorriso.
     — Claro. — Concordo, mas olho a Tatum meio que dizendo para deixar para próxima aula e vamos para o lugar de praticar.
     — Eu começo a fazer. — Ela diz e eu concordo. — Levita rehegua!
      Ela fala e não acontece nada porque fiz um feitiço escudo. Eu adoro fazer isso com ela porque ela fica realmente muito nervosa. É muito engraçado mesmo. Sei que não presto, mas eu sou assim... Fazer o que?
      — Levita rehegua! Levita rehegua! Não é possível! — Ela olha para a varinha com raiva e a chacoalha, fazendo faíscas voarem.
      — Calma, tenta fazer com mais calma. — Olho para ela séria, mesmo rindo por dentro.
      — Tudo bem. Levita rehegua! Mas que merda! — Ela fica mais irritada ainda.
      — Tenta mais uma vez. — Retiro o feitiço escudo, pois ela precisa acertar alguma vez, tadinha.
      — Levita rehegua! — Ela fala e o feitiço me acerta em cheio me fazendo levitar pela sala. — Funcionou!
      Ela sorri toda alegre, enquanto eu fico rindo por dentro porque não presto. Ela é muito divertida. Gosto de brincar com ela. Além de que, eu já disse que nunca falei que prestava. Na verdade, eu não presto nada. Você já deve saber disso, mas se ainda não sabe, saiba que é a pura verdade e não vou ficar aqui me fazendo de santa, sendo que não sou.
      Nós duas trocamos de lugar de quem lança o feitiço e já me esforço para errar o feitiço. Preciso me passar um pouco por burra também. E, que bom, consigo errar o feitiço pela primeira vez! O que faz ela sorrir pensando que eu errei tanto quanto ela. Mas vou e acerto na segunda, o que faz ela flutuar acima do chão.
      — Você é tão inteligente! Sempre vai tão bem. Você não aceitaria me dar umas aulas? Tô muito ferrada, amiga! Tô péssima! Me ajuda, vai?  — Misty me olha implorando.
     — Desculpe, não sei se teria tempo. Eu tenho que ser a monitora e ainda tem o quadribol. Quase não sobra tempo para eu fazer os trabalhos e deveres. Tá muito puxado... Mas te ajudaria se pudesse. — Fico meio assim por negar, mas não vou ser louca de sair dando aulas, pois isso chamaria uma atenção que não quero.
      — Entendo... Mas você daria uma boa professora, eu acho. — Ela me olha como se desse uma sugestão.
     — Talvez um dia... — Dou de ombros pensando que nunca vou ser isso.
     — Vamos praticar antes que a chata mande a gente ir lá na frente praticar o feitiço na frente da sala e ainda retire pontos da gente. — Ela revira os olhos.
     — Tudo bem, vamos lá! — Faço como se fazer o que, né?
     A aula corre normalmente... Nós duas ficamos trocando quem faz o feitiço em quem e ao fim da aula, nos juntamos às meninas para irmos para a próxima aula unidas, como sempre fazemos. E saímos todas juntas para a aula de defesa contra as artes das trevas.
     Vamos para a aula de defesa contra as artes das trevas e o professor Alónzo está com uma cara de quem não dormiu. Ou algo do tipo. O que eu acho estranho, pois ele esteve fora de novo. Tanto que a Mon foi me ver. É de se pensar sobre como as coisas são. Ou podem ser...
      — Muito bem, formem duplas para praticar o feitiço prohibere mortus. Eles não fazem muito efeito em vivos, causando apenas um espasmo. Mas num ataque contra os mortos é muito necessário. — Professor Alónzo explica em um tom cansado.
     — Bora fazer dupla, queridinha? — Tatum aparece com um sorriso sarcástico e já sorrio de canto para ela porque ela veio bem rápido para impedir a Misty de me chamar.
     — Bora, coração. — Respondo no mesmo tom.
     — Eu começo ou você? — Ela levanta a sobrancelha e sorri como se quisesse um desafio.
     — Pode começar. — Ajo como se não me importasse com ela começar.
     — Ok, querida! Vamos lá! — Ela sorri mais ainda. — Prohibere mortus.
      O feitiço me atinge e sinto como se um negócio na minha barriga me puxasse de leve. Não é algo pesado, não. É bem tranquilo até. E até acho engraçadinho. É algo que não me incomoda em ser cobaia porque não machuca.
     — Acertei de primeira, querida. — Ela me olha como se me mandasse fazer melhor.
     — Que ótimo, meu bem! — Começo a rir e ela não aguenta e começa a rir também.
     — Vai lá, me acerta! — Ela sorri de forma leve e sei que ela não está no papel agora porque ela é leve, diferente do que ela mostra sempre.
      — Prohibere mortus. — Falo com calma e vejo o feitiço atingir ela, o que faz ela dar um mexidinha como se tivesse sentido o espasmo.
     — Queria ver num duelo, se você me venceria. — Ela me provoca naquele tom de sempre.
      — Te acertaria antes de você ver. — Sorrio me achando.
     — Vamos marcar um então... — Ela me provoca.
      — Claro. Só marcar que eu vou. — Mantenho o meu tom.
     — Ok, queridinha! Marcaremos para eu vencer você... — Ela sorri e eu começo a rir, o que faz ela rir também porque a gente não se aguenta.
      A gente fica a aula inteira se provocando e rindo ao mesmo tempo. Não sei se fazemos nosso papel tão bem, mas que é divertido, é. E não vou mentir que adoro praticar com ela. A aula fica mais divertida, sabe? As pessoas não gostam do jeito dela, mas o meu eu antigo amaria ela, assim como meu novo eu ama porque nós combinamos de qualquer forma.

Lover (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora