#60: Raiva

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Sexta, 26 de agosto de 2022, 16:00

MARIO

Recebo a ligação de um número desconhecido.

*Ligação on*
— Alô?

— Olá, boa tarde. Eu falo com Mario?

— É ele.

— Então, senhor Melrose, eu sou o doutor Matthews, advogado do seu marido.

Viro os olhos.

— Ah, é? Em que posso ajudar?

— Eu gostaria de conversar com você sobre as condições do divórcio, talvez entrar num acordo antes que eu dê início ao processo. Dessa forma será bem mais rápido, e antes do final do ano vocês...

Aperto a mão e interrompo ele.

— Escuta, não vai ter acordo nenhum! O Keegan só está querendo me provocar, não vai ter divórcio.

— Temo que você esteja equivocado, senhor Melrose.

— E eu temo que vou desligar na sua cara. — debocho.
*Ligação off*

— Aquele ingrato desgraçado! Vai achando que é fácil assim...

[...]

18:00

Chego em casa e ligo pro Elliott.

*Ligação on*
— Elliot, preciso de você agora.

— Tá bom, rapidinho eu tô aí.
*Ligação off*

Vou pro banheiro, tomo um banho e volto pra sala a tempo de abrir a porta pro Elliott.

— O que foi, Mario?

— Acredita que a porra de um advogado me ligou querendo fazer um acordo?

— Ah, isso...

— O que são esses chupões aí?

— Ih, esqueci de tampar. São do J.J, é claro, foi o aniversário de 31 dele no final da semana.

— E pelo jeito você foi o presente.

— Eu e o jantar especial que eu fiz, né.

— Enfim, o que você acha dessa palhaçada? — me refiro a ligação.

Ele me olha estranho.

— Mario, meu amigo, você fez por onde. Me desculpa, tá? Eu te avisei tanto pra você não deixar seu ciúme te dominar.

— Como? Eu só não queria que nenhum homem olhasse pra ele!

— Ninguém quer, Mario. Mas você não pode controlar os outros homens, e não deve punir o Keegan por causa disso. Poxa, você batia nele.

— Ele me ama...

— Ele disse que deixou de te amar, e não foi porque ele quis.

— Claro que ele me ama, Elliott. Eu dediquei quinze anos da minha vida pra ele.

— Ele também dedicou, e olha o jeito que você agradeceu.

— Ele podia me perdoar! Mas não, primeiro ele sai de casa, agora esse advogado me liga.

— Eu sinceramente acho que isso não tem perdão. Se eu fizesse essas coisas com o Jameson, seria bem feito que ele me largasse.

— Ele não tá pensando direito, não tá! Ele vai sentir falta de mim e implorar de joelhos pra eu aceitar ele de volta.

— Não vou falar mais nada, você não me escuta.

— Você não fala nada que presta.

— Tudo bem... Eu só tô tentando fazer você ver os fatos, assim você não fica com ideias irreais na cabeça.

— Elliott, pensa, o Keegan precisa de um macho, e eu sou o único macho certo.

— Mario, ele não te ama mais, entenda. Deixa ele seguir a vida dele, meu amigo.

— Claro que não!

— Tá bom, Mario.

— Se o Keegan começar a se engraçar pra alguém, eu quero saber. Você pode me ajudar.

— Não vou te ajudar com isso. Isso só vai trazer mais problemas, inclusive pra mim!

— O Jameson não deixaria, né?

— O Jameson não manda em mim, e nem eu nele. Eu apenas tenho senso, por isso não vou te ajudar nessa missão suicida.

— Que amigão, hein.

— Você vai me agradecer depois. Olha, eu te aconselho a deixar o Keegan seguir em frente e trabalhar em você, mudar o seu jeito ciumento e superar ele.

— Nossa, mas que conselho ótimo! — ele debocha. — Desistir do meu marido, do mesmo jeito que ele desistiu de mim.

— Ele não desistiu. Nós dois sabemos que ele tentou, mas você não mudou, e agora estamos aqui tendo essa conversa.

— Eu vou mudar! Eu já falei isso! E se ele quer tanto ficar longe de mim, que fique, eu espero o tempo que for. Eu mudo, e depois que ele ver a minha mudança, vai perceber que nunca deixou de me amar e vai voltar pra mim.

— Eu não quero que você sofra assim, Mario.

— Confia, Elliott.

Ele dá dois tapinhas nas minhas costas.

— Eu tô aqui pra você, amigão.

— Pelo menos isso, né.

[...]

Ligo pro Keegan.

*Ligação on*
— Oi, Mario.

— Oi, amor. Olha, seu advogado ligou.

— Eu sei. Sei também que você agiu como uma criança no telefone.

— O que você faria no meu lugar, hein?

— Se eu fosse um marido violento...

— Eu não sou violento!

— Você não era mesmo. Mas aí começou a me bater.

— Eu me arrependi!

— Se arrependeu tarde. Não tem mais jeito.

— Tem jeito, sim. Tudo bem você querer ficar longe de mim por um tempo, eu entendo, mas não precisa de divórcio.

— Mario, por favor... Não tem mais como dar certo, eu não te amo mais.

— I-isso é mentira, eu sei que você me ama. Eu te amo, amor, você é o amor da minha vida.

— Você era o amor da minha vida também.

— Então desiste do divórcio. Você fica fora de casa pelo tempo que precisar, aí quando você voltar eu vou estar mudado, então as coisas poderão voltar ao normal.

— Não torne as coisas difíceis desse jeito...

— Que droga, Keegan!

Ele respira fundo.

— Eu dediquei quinze anos da minha vida pra você, nós estamos casados há quase sete, que ingratidão é essa?

— Ingratidão foi a sua com seu ciúme violento, que inclusive destruiu nossa relação!

— Você só fala disso. Você tá ficando sem desculpas pra me provocar, hein.

— Eu não tô te provocando!! E sim, o problema principal é esse, mas a culpa não é minha.

— Escuta, vou te dar um tempo pra pensar, tá, amor?

— Meu advogado vai dar início ao divórcio na segunda, não se assuste quando tiver a cópia em mãos. E só pra constar, eu vou pagar a taxa de quase 600 libras sozinho!

— Vai ser dinheiro gasto à toa, porque logo você vai perceber que não consegue viver sem o seu macho.

— Ai, tá bom, Mario.
*Ligação off*

— Droga!

Continua...

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