#79: Recomeço

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Março de 2025

MARIO

Bem, se passaram dois anos desde que eu e o Keegan nos separamos oficialmente, eu acabei de completar 35. Eu ainda sinto um pouco de culpa por ter acabado com o meu casamento, mas já aceitei que isso não vai trazer o Keegan de volta, nada vai.

Fiquei quase esse tempo todo sem pensar em arrumar outro homem, eu não me sentia pronto, e eu sabia que precisaria saber lidar com meu ciúme pra não estragar outro relacionamento. Eu tenho feito terapia há todo esse tempo, então há dois meses eu tive coragem de tentar arrumar outro alguém.

Na minha época não tinha sites de namoro, mas eu também não paquerava ninguém na rua, conheci o Keegan na escola e já fiquei com ele até os meus 32. Então por isso eu criei uma conta num desses aplicativos de paquera e comecei a falar com um homem bem interessante e bonito.

O nome dele é Declan, ele tem 31 anos, é britânico-coreano, bissexual e é um professor de literatura num bom internato daqui de Londres. Ele tem um cabelo bem preto, é branco, tem olhos escuros e é pouco mais baixo que eu.

Sobre nossa conexão, eu não tô apaixonado por ele ainda, mas nós sempre conversamos sobre várias coisas por mensagem ou ligação. É tudo muito novo pra mim, mas não é ruim, eu gosto dele.

Hoje nós vamos beber no bar do hotel onde o Keegan trabalha, o Elliott disse que lá tem coqueteis muito bons. Quer dizer, aqui, eu acabei de chegar pra esperar pelo Declan. Eu tô vestindo uma roupa social, mas nada muito formal, é só uma roupa bonita mesmo.

— Oi, Mario! — o Declan diz sorrindo quando chega perto de mim.

Misericórdia, eu fiquei praticamente paralisado pelos olhos escuros dele, são bem cativantes em pessoa.

— Oi, Declan! Por favor, sente-se. — digo puxando a cadeira pra ele.

— Obrigado, cavalheiro. — ele diz sentando, e foi quando eu senti o perfume dele, é uma delícia de cheiro de macho!

Sento na frente dele.

— Como vai? — ele pergunta.

A voz dele é levemente rouca e bem gostosa de ouvir.

— Bem, e você?

— Melhor agora. Desculpa, eu tô um pouco nervoso, é diferente cara a cara, sabe?

— É diferente mesmo. Eu também tô um pouco nervoso, mas a gente tem tanta afinidade, não é?

Ele sorri largo.

— Tem razão.

O encontro foi muito agradável, ainda mais do que no telefone devo dizer, faz sentido a nossa conexão ter sido instantânea. O Declan é um homem culto, inteligente e tem um papo descontraído, soube arrancar boas risadas e sorrisos de mim.

— Mario, eu adorei o encontro. — ele diz quando a gente desce do restaurante.

— Eu também. Superou as minhas expectativas, que com todas as nossas conversas, não eram baixas. — falo conforme vamos andando pela rua.

— Superou as minhas também. Seu sorriso é lindo, e eu sei que é suspeito eu falar porque você é dentista, mas é um sorriso bem brilhante.

— Obrigado, Declan.

— Algo em mim chamou a sua atenção? — ele pergunta direto.

— Seus olhos. — respondo também direto, o que o faz sorrir. — Ei, lembrei de uma coisa que eu queria te perguntar há um tempo.

— E o que seria?

— Seu nome. Por que seus pais não te deram um nome coreano?

— Ah, eu sou adotado. Meus pais não são coreanos.

— Ah, é? Que interessante.

— Foi ótimo eu ter encontrado pais tão bons como os meus, que me criaram com todo carinho.

— Eu sei como é, meus pais foram assim também. E você já foi na Coreia?

— Já, sim. Lá é bonito, sabe?

— É, eu já vi.

— Eu fui três vezes, e até fiz intercâmbio lá.

— Sério?

— Sim. Eu queria ver a cultura da minha raça, essas coisas.

— Você sempre soube que é adotado?

— Bom, Mario, é um pouco óbvio.

Gargalho.

— Ai, desculpa! É claro, seus pais são ocidentais.

Ele ri também.

— Bobinho.

Continua...

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