#67: "Eu fui um idiota"

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Segunda, 14 de novembro de 2022, 18:30

KEEGAN

Estava conversando com o Alex por mensagem quando o Mario me ligou mais uma vez. Ele me ligou o final de semana inteiro, e eu simplesmente ignorei, acho que posso acabar com a tortura.

*Ligação on*
— Fala, Mario. — digo com tédio.

— Ai, até que enfim, amor. Eu tô te ligando há dias.

— Ah, é? Engraçado, eu não notei.

— Quero me desculpar por ter ameaçado te bater, eu fui um idiota. Essa história do Alex me deixou maluco.

— Tô sabendo.

— Termina com ele, vai, amor.

— Por que eu faria isso?

— Por que a gente se ama. Se você terminar com ele e quiser espaço por mais um tempo, tá tudo bem, eu vou te aceitar de volta.

Gargalho.

— Você me aceita de volta? Ai, coitadinho. Te aceitar de volta e esperar quanto tempo até apanhar?

— Eu juro que não vou te bater. Por favor, supera isso, Keegan.

— Eu tentei, tá? E não consegui. Meu amor por você foi diminuindo mais e mais por causa de tudo aquilo, até que eu parei de te amar.

— Qual é, isso não pode ser verdade. Eu sou o homem da sua vida, sempre fui.

— Você era, ninguém tá negando isso, mas é passado agora.

— Você nem tá disposto.

— Não estou mesmo, e com razão.

— Vamos superar isso, por favor! Nós podemos continuar.

— Não existe essa possibilidade.

— Eu vou ser obrigado a entrar nessa briga, então. Vou arrumar um advogado e dizer que você já tava com outro homem antes mesmo de se separar de mim. Ou você fica comigo ou fica sem nada, Keegan, nada!

— Ah, então você quer brincar? Pois bem, vamos brincar! E se eu disser que você me batia?

Ele fica calado.

— Você não quer que eu diga, quer? E outra, eu não estava com ninguém antes como você faz questão de dizer.

— Ah, conta outra. Tava muito bem dando o rabo pra ele!

— Mario, me deixa em paz! Que inferno! Aceita, você não vai ganhar, o nosso casamento acabou!!

— Eu vou quebrar a cara do seu namoradinho de merda.

— Ah, vai? Juntando as vezes que você me bateu com essa possível agressão, isso só ia fazer com que eu conseguisse o divórcio antes do ano virar. Ah, e é claro, você provavelmente seria preso.

— A culpa seria sua, você que tá me torturando e não quer que eu surte. — ele diz calmo dessa vez. — Eu vou fazer uma loucura, tô te avisando.

— Se fizer qualquer coisa, eu vou te arruinar com a justiça. É melhor ficar pianinho até o divórcio sair, depois cada um segue pro seu lado, ou você pode entrar num acordo com meu advogado e fazer com que tudo seja mais rápido.

— Nunca!

— Mario, eu tô com o Alex, eu não vou ficar longe de você pra depois voltar como foi da primeira vez. Tô falando isso pro seu bem, de verdade.

— O meu bem é com você.

— Essa dependência emocional não faz bem, ouve o que eu tô falando, por favor. Você não me tem mais, não há nada que você possa fazer.

Ele começa a chorar e desliga o telefone.

— Ele vai sofrer muito assim...

[...]

MARIO

Chego na casa dos meus pais depois da conversa com o Keegan pelo telefone.

— Oi, filho. — dizem eles.

— Oi... — falo desanimado olhando pra baixo.

— O que houve? — minha mãe pergunta.

— O Keegan tá com outro homem.

— Desculpa, filho, mas ele achou um homem que trata ele melhor. — diz o meu pai.

— Pode até ter sido rápido demais, mas era questão de tempo até isso acontecer. — diz a minha mãe.

— Eu queria que ele voltasse pra mim.

— Pra pessoa pedir o divórcio, ela precisa estar minimamente convicta, Mario. — meu pai diz. — Deixa ele ir, você não pode forçá-lo, isso não seria amor.

— Faça um acordo com o advogado dele. — diz minha mãe. — E depois, quem sabe, talvez você encontre uma mulher pra você.

— O quê? Não! Eu não gosto de mulher, mãe.

— Corey...

— Tá bom, tá bom. — ela levanta as mãos em rendição.

— Eu vou esperar um tempo, não sei, não consigo aceitar isso. — digo.

— Não demora muito, porque você sabe que não vai adiantar. — diz o meu pai.

Continua...

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