Narrado por Emily
-Povo de Lumis -Ele começa – Estou aqui para me pronunciar a respeito dos últimos acontecimentos que preocupam nossas terras.
Todos ali presentes parecem prender a respiração
-Mentiras estão sendo levantadas com meu nome. Mas não iremos sucumbir. A fronteira para o exílio continuará aberta da parte de Virdes. Todas as bruxas e feiticeiros oprimidos terão lugar no nosso reino, se assim desejarem!
Alguns vaiam, outros assoviam em aprovação.
-Quero também comunicar a todos que não, eu não irei renunciar meu trono. Virdes é meu reino, e eu estou disposto a governá-lo até o dia de minha morte.
O que acontece depois é muito rápido.
Um barulho sutil, algo pequeno emerge rapidamente de um ponto mais alto da praça.
Era uma bala.
-PROTEJAM O REI!
Um grupo de seguranças se joga acima de Valentim. Isso não foi o suficiente.
Ele grunhe e cai no chão, a camisa começando a ficar manchada de sangue na lateral da barriga.
-VALENTIM!!
Tento me aproximas, mas me empurram de lá. As pessoas gritam. Crianças choram, e Valentim é arrastado rapidamente por uma escolta militar.
-Foi de raspão -O doutor aponta, enquanto limpa as mãos -Alguns pontos foram necessários, mas ele vai ficar bem.
-Posso vê-lo agora?
Ele assente e faz um gesto, indicando que eu entre no quarto.
Empurro a porta devagar
Valentim está dentado, encarando as pinturas no teto do quarto.
-Como você está?
Ele se assusta com minha presença, mas logo se acalma novamente.
-Como se tivesse sido baleado.
Sorrio, mesmo que o tom não tenha sido de piada.
-Quer que eu contate Val? Podemos conversar com ela e Celina!
-Céus, não! Elas ficariam loucas se soubessem de...Tudo isso! Melhor não as preocupar por hora.
-Certo...
Silêncio
-Emily?
-Sim?
-Como foi sua infância?
Uno as sobrancelhas. Que tipo de pergunta era aquela?
-Foi boa.
-Conte-me algo sobre ela, então.
-Bom...Quando eu era pequena, meus pais costumavam a me levar para o escritório deles. Eu passava o dia lá, me balançando nas cadeiras de rodinhas, lendo os tablóides...Acho que aprendi a usar uma prensa de jornal antes de aprender a falar.
Memórias invadem a minha cabeça e me fazem sorrir. Consigo ver nitidamente cada detalhe. O cheiro da tinta, o barulho das máquinas de escrever, a textura do papel áspero em minhas mãos.
-Acho que foi nesse momento que eu me apaixonei pelo jornalismo. Quando eu estou escrevendo...É como se eu estivesse sendo transportada para aquele velho escritório denovo...Por que está me perguntando isso?
Suspira
-Estava pensando
-Sobre?
-Não importa.
Estava claro que ele não queria conversar.
-Eu vou procurar os arquivos de Celina, o que acha? Descanse, ok?
Saio do quarto e fecho a porta.
E escuto soluços vindos do outro lado.
"Aquilo foi estranho", penso.
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A Ladra de Lumis: Sombras do passado
Fantasy*É recomendado ler o primeiro livro da saga antes de iniciar este! Uma nova era inicia-se em Lumis. A barreira e Tenébris foi derrubada, e os reinos estão em discórdia. Celina, agora livre, finalmente decide dar mais um passo em direção a suas raíz...