Narrado por Celina
Anoiteceu. A floresta é quieta, o que me permite ficar sozinha com meus pensamentos. E eu odeio isso mais do que tudo.
Um pássaro sobrevoa minha cabeça e para em cima de um ninho. Um grupo de passarinhos menores surgem do aglomerado de gravetos, e o maior os alimenta com pequenos insetos que achou na mata.
Ótimo! Até os pássaros tem mãe e eu não.
Seco as lágrimas com as costas da mão e fecho os punhos, socando a primeira árvore que vejo na minha frente. A força reverbera no meu braço, e murmuro diversos palavrões, assoprando os nós dos dedos.
-Céus, você não sabe nada de física.
Me viro rapidamente. Ao meu lado, um pouco distante, um homem se encosta calmamente na mesma árvore do ninho de pássaros.
-Perdão?
Ele sai das sombras, o corpo iluminado pela lua. É alto e extremamente magro. Exala um cheiro esquisito, como uma fruta apodrecida.
-Ação e Reação. Tudo que vai volta. É um conhecimento físico básico, mas também um ótimo conceito de vingança.
Ele apenas continua andando em minha direção, uma calma e elegância impressionantes. Me assusta.
-Celina Winky?
-Como sabe meu nome?
- Filha de Alan e Verona?
-V-você os conhece?
Mais uma vez, ele não responde.
-Acho que não chegamos a ser apresentados formalmente. Sou Morgo. Seu nome eu já conheço.
Quando se aproxima, consigo ver seu rosto. Os dentes são amarelados, o nariz fino, e uma venda cor de vinho cobre seus olhos.
-Eu não pude deixar de ouvir sua conversa com aqueça bruxa a um tempo atrás. Sinto muito pelos seus pais. Eles eram boas pessoas.
O zumbido anterior volta a percorrer meus ouvidos, dessa vez mais alto.
-Eles eram...
Morgo coloca a mão em meu ombro, e recuo.
-Não precisa ter medo, criança.
-Como você sabe deles?! Como sabe de tudo isso?!
-Eu...Os conheci...
-Como sei se você fala a verdade?
Ele coloca as mãos ao redor do meu rosto
-Você sabe que eu falo a verdade, Celina.
A voz dele ecoa em minha cabeça.
-Você confia em mim!
-Eu....
O zumbido se torna ensurdecedor
-Eu....confio.
Ele sorri ainda mais
-Bom. Sabe o que eu acho que deveríamos fazer, Celina?
Fico em silênci, enquanto ele aproxima o rosto
-Acho que está na hora de dar o troco a aqueles que te fizeram mal. Começando pela bruxa que assassinou seus pais.
-Eu não posso! – Respondo – Ágatha é muito mais forte que eu! Sem poderes, eu não tenho chance!
Mas isso não parece convencê-lo
-Eu posso ajuda-la Posso te tornar forte. Mais do que qualquer um que você conhece. Vamos acabar com eles, Celina. O que me diz?
Ele estende a mão, e agora mal consigo ouvir meus pensamentos. É apenas a voz do homem minha mente.
-Eu aceito.
Minha mão se une a dele, como se por vontade própria. Quando apertamos as mãos, tudo parece mergulhar em neblina. Apenas tenho um breve vislumbre de pontos brilhantes por debaixo de sua venda e seu sorriso ameaçador.
E tudo se apaga.
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Notas da autora:
E EU DECLARO ABERTA A TEMPORADA DA PANCADARIA EM LUMIS
Agora sim, começamos os trabalhos
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A Ladra de Lumis: Sombras do passado
Fantasy*É recomendado ler o primeiro livro da saga antes de iniciar este! Uma nova era inicia-se em Lumis. A barreira e Tenébris foi derrubada, e os reinos estão em discórdia. Celina, agora livre, finalmente decide dar mais um passo em direção a suas raíz...