Narrado por Celina
Ágatha nos espera na entrada da floresta. Ela traja um macacão de mangas compridas e seu cabelo está preso em um coque alto.
-Celina – Val sussurra ao meu lado – Tente relaxar, ok? Vai ser um processo longo, então aproveite ele.
Concordo com a cabeça, logo depois nos juntamos a mais velha.
-Bem vindas, meninas- Ela começa – Estamos aqui hoje para iniciarmos uma jornada essencial na vida de qualquer bruxa...
Sous olhos se voltam para mim. Eles são iguais aos da filha.
- Começaremos com a Celina fazendo uma prova de 30 páginas sobre os conhecimentos básicos da bruxaria
Arregalo os olhos, transbordando desespero. Valquíria logo complementa:
-É uma brincadeira, Celina. Você não vai ter que responder nada. Por enquanto.
Solto todo o ar que estava prendendo de uma vez.
-Vocês são as criaturas mais engraçadas que eu já conheci – Ironizo
-Ah, onde está seu senso de humor? – A garota coloca o braço nos meus ombros- Temos que descontrair!
-Achei que rituais fossem uma coisa tipo, super séria?
-Não sobre minha supervisão. Eu sou aquela tia legal que faz piadas nas festividades de fina de ano.
-Essas piadas geralmente são horríveis – Retruco – E você só é dois anos mais velha que eu, criatura!
-Que seja.
Embora as vezes seja um pouco....Demais...Ela esta tentando ao máximo se encaixar desde que chegou aqui. Eu entendo esse sentimento.
-Se as duas já terminaram -Ágatha puxa um pequeno papel com anotações e espreme os olhos para lê-lo – Celina, como eu já disse para você, esse é um caminho sem volta. Ao adentrarmos nessa floresta, só poderemos sair quando você tiver sua marca. Então, vou lhe perguntar mais uma vez: Você realmente quer isso? Por livre e espontânea vontade?
-Eu realmente quero – Respondo - Por livre e espontânea vontade.
Ela entende a mão para mim, e quando baixo os olhos, vejo que está em chamas. Recuo
-Ei, não me falaram que eu deveria colocar fogo em mim mesma para iss-
-Elas não vão de queimar – A outra responde – Elas são tipo um selo. Aperte.
Com um leve receio, me aproximo aos poucos. Ao apertar a mão da mulher, eu não a sinto queimar. É como um calor morno e calmo. A chama brilha mais intensamente quando nos tocamos, e depois volta ao estado normal. Ágatha puxa de sua bolsa um pequeno lampião e coloca a mão dentro. O fogo meio que se transfere para dentro do vidro.
-Ficará acesso até você concluir o ritual. Ele iluminará o nosso caminho.
Em seguida ela se vira e começa a guiar a caminhada. Uma brisa suave corre pela floresta, e me lembro do dia em que sai da prisão. Parece fazer tanto tempo.
-E ai, ansiosa?
-Nervosa. Como foi sua iniciação?
-Correu tudo bem. Foi meio improvisada, mas conseguimos achar um lugar no exílio que substituía a gruta encantada de Lumis, então deu tudo certo.
-Você convivia com muitas bruxas? Sabe, em Tenébris?
-Não gosto desse nome.
-Tenébris? Porque não?
- Tenébris significa "Tenebroso", como se aquele lugar fosse habitado por seres amaldiçoados ou coisa assim. É um apelido idiota. Gosto de "Exílio", é mais realista.
-Nunca tinha parado pra pensar nisso...
-A maioria das pessoas nunca pensou. Mas, respondendo sua pergunta: Não, não convivia com muita gente. Na maioria do tempo, éramos só a minha mãe, eu e....
Ela para de repente
-Enfim, minha avó também nos visitava de vez em quando. Mas nos acabamos nos afastando.
-O que houve?
-Problemas – Ágatha responde, seca. Ela estava ouvindo a nossa conversa – Nós tínhamos opiniões diferentes sobre assuntos diversos.
Ela dá a conversa por encerrado. Embora já as conheça a algum tempo, nunca consegui ouvir sobre a vida de ambas no exílio. Era como uma grande lacuna que nem a mãe nem a filha sentiam vontade de preencher
O resto da caminhada é silenciosa.
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A Ladra de Lumis: Sombras do passado
Fantasía*É recomendado ler o primeiro livro da saga antes de iniciar este! Uma nova era inicia-se em Lumis. A barreira e Tenébris foi derrubada, e os reinos estão em discórdia. Celina, agora livre, finalmente decide dar mais um passo em direção a suas raíz...